Permaneceu calado por alguns segundos. Foi uma ligação deveras inesperada.
- Senhor Mercury, eu deveria dizer, então?
- Deaky, não Deacy, eu deveria dizer, então?
- Na mosca. Veio comprar crisântemos novamente?
- Para ser sincero, não. Vou direto ao ponto, meu claro florista. Me interessei por você. Então, eu quero saber se você não gostaria de... Tomar um café comigo qualquer dia desses.
O silêncio se estabeleceu novamente, o que pareceu uma eternidade para Freddie.
- Vamos logo, estou ficando apreensivo. Já foi difícil te fazer me dar seu tão precioso número, agora vou ter dificuldade em te fazer me dar uns beijinhos?
- Eu pensei que havia dito café, não beijinhos.
- Bom, doces caem bem com cafeína.
- Eu sou mais fã de chá, sabia?
- Engraçadinho. - Mercury riu, encantado.
- Mas é sério, eu gosto bem mais de chá.
- Vamos sair para tomar um chá, então.
- Gosta de chá também?
- Não tanto quanto você, provavelmente.
- Que bom que reconhece. Eu amo chá mais do que a mim mesmo.
- Eu nunca pensei que a minha maior concorrência na minha vida amorosa fosse uma xícara de chá.
- O mundo tem dessas. - Riu.
•
Roger na verdade, não sabia qual era o exato apartamento de Brian.
Queria ir atrás dele e chamar pra sair ou fazer algo divertido.
Ficava pensando em quando eles finalmente se tornariam um casal oficial, se é que se tornariam.
A verdade é que o loirinho tinha muita, muita espectativa em Bri.
Ele queria que fosse real.
Já se gostavam, mas Roger adoraria usar alianças e ser um daqueles casais melosos que roçam os narizes juntos. Aquele beijo, beijo do que mesmo?
Queria poder dizer todos os dias para o cacheado que gostava dele. Que queria estar junto dele.
Mas sempre foi um rapazinho muito tímido, afinal. Então apenas fantasiava como uma adolescente apaixonada de filmes clichês, e ansiava pelos momentos mais previsivelmente românticos e genéricos possíveis que poderiam vir a ocorrer, como aconteciam na televisão.
E a televisão era verdade?
Não imaginava que fosse verdadeira ao todo, mas também não imaginava que fosse mentira ao todo. Quando era criança, a televisão era a maior sensação entre todo mundo. As crianças assistiam desenhos o tempo todo, e ele era uma delas.
E achava o máximo. E não era? Nunca entendeu muito de tecnologia, mas gostava dessas coisas. Então apenas apreciava de longe, já que não participaria de qualquer forma. Como sempre fez.
Mas quem se importa com dilemas sobre televisões falsas ou verdadeiras?Será que Bri gostava de televisão?
Ainda não conhecia seus hobbies. Se tinha um lugar que gostava, sua comida favorita, se tocava algum instrumento...
O perguntaria na próxima vez que o visse, questionaria qualquer uma das alternativas anteriores, apenas para dizer que sabia algo sobre ele.
Sobre ele...
Era tudo sobre ele em sua cabeça. Pensava nele adoidado, o dia todo, e quando pensava em outra coisa, se distraia voltando a pensar nele. Se apaixonar era uma droga e Roger aparentemente estava viciado!
Era um tolo, mas pelo menos sentia amor em seu coraçãozinho. E que mal tem sentir amor se isso é o que te faz vivo e feliz? Por mais que doa.Pegou o telefone e discou o número de Brian, se sentando ao lado do criado-mudo e balançando as pernas ansiosamente à espera de que o maior pegasse o telefone.
- Alô?
- Oi, Bri.
- Rog?
Riu, deixando maior a evidência de que sim, era ele, confirmando a pergunta do moreno.
- Por que me ligou? Eu moro no mesmo andar que você, seu bobinho.
- Porque eu não sei seu apartamento...
- Não? Eu posso ir aí te busc-
- Não! Quero dizer, tá bom assim... Eu gosto de ficar ouvindo a sua voz, e não quero te atrapalhar.
Pôde escutar um riso fraco da outra linha, sorrindo ao perceber.
- Certo, então. Sem problemas, vamos permanecer conversando por telefone.
- Eu te atrapalhei? 'Tá fazendo algo?
- Não, na verdade. Estava pensando em você.
- ...Ei!
- O que?
- Para com isso!
- Eu fiz algo de errado?
- Você tem que parar de fazer meu coração mudar de ritmo. É esquisito.
- Você não gosta?
- ...Não é ruim, mas...
- Então eu vou continuar. Você me deixa com borboletas no estômago toda vez que falo contigo, então não vou ser justo.
- Eu te faço engolir as pobrezinhas das borboletas, por acaso!?
- Sentimentalmente... De certa forma. Essa expressão é de fato esquisita, então você me pegou.
- É muito esquisita mesmo. Por que as borboletas permanecem vivas no seu estômago? Elas não deveriam, sei lá, ser derretidas pelo seu suco gástrico ou algo do tipo assim?
- Supostamente... Mas eu não sei, já terminei o ensino médio faz muito tempo pra eu me lembrar sobre o corpo humano.
- "Muito tempo". Até parece que você é velho.
- Já me aparecem cabelos brancos, acredita? Acho que é de tanto amor por você.
Travou por uns momentos, sentindo suas bochechas esquentarem. Amor?
- Caham, caham... Como... Como tá sendo seu dia, Bri?
- Acabou de ficar bem melhor.
- Eu já disse pra parar! Esse flerte, ugh...
- Assim parece que você tem nojo. "Ugh".
- Não!!! Eu só quero demonstrar a minha indignação com essa pouca vergonha, senhor Brian May! É embaraçoso.
- Você acha? Eu não acho.
- Isso é porque você quem está fazendo esses comentários, né!
- Justamente por ser eu, eu que deveria me sentir envergonhado, seu bobinho.
- Eu não sou bobinho, tá bom? Seu bobão.
- Ah, pois eu vou abusar nos xingamentos agora. Se prepara... Lá vai: Seu palerma!
- Não creio! Seu, seu... Boboca!
- Seu mequetrefe!
- Seu... Mexilhão?
- Mexilhão não é um xingamento...
- Agora é! Eu, Roger Meddows Taylor decreto a palavra "mexilhão" oficialmente como um xingamento!
- Você que mexe com os dicionários, é? Vou te pedir para adicionar uma coisa: O significado de "Brian May" é "Lindo e maravilhoso".
- Eu quero muito discordar, mas não posso...
- Awn. Coloque "Roger Taylor" como "Amor do Brian", então. O que acha?
- ...Roger está ausente no momento devido a um ataque do coração. Deixe sua mensagem após o bipe.
- ...Rog, você esqueceu de falar o bipe.
- Ah, sim. Bipe.
- Minha mensagem é... Quer sair comigo esse final de semana?
- Roger aceitou seu convite, mas permanece ausente. Tchau, tchau! - Terminou a chamada as pressas, envergonhado e quente.
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Letters for Roger Taylor
FanfictionBrian Harold May constantemente se perguntava por que seu vizinho chorava todos os dias na sacada de seu apartamento, então resolveu passar pequenas cartas anônimas por baixo da porta do rapaz tentando descobrir o motivo de tanta tristeza. Como reme...