Hansen

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Brian.
Bri de Brian.

O nome ecoava na cabeça do rapaz de madeixas loiras. Bri, agora Brian, aparentemente já havia saído, o deixando sozinho ali.
Brian...
Brian era um nome lindo. De primeira foi isso o que pensou. Sempre achou um nome muito bonito.
Brian. Brian! O nome dele era Brian. Ficava repetindo para sí mesmo. Dizia em voz alta o nome, apenas para que não saísse de sua cabeça. Estava sentado na cama com um caderno no colo e uma caneta em mãos, e quando parou pra olhar, a folha continha um grande coração com "Brian" centralizado, marcado por canetinhas coloridas, apenas para deixar mais chamativo.
Tudo bem, você pode rir. Mas poxa, todo mundo merece ter sua vez de agir como numa adolescente apaixonada. Deixe ele curtir o momento!
Ficava relendo e relendo os bilhetinhos. Sim, ele os guardava, desde o primeiro.

"Por que você chora todos os dias?"

Lia as palavras atentamente. Era como se fosse ontem. Por que chorava...
Por que chorava?
Todo dia, todo dia! Mesmo quando estava feliz. Chorava. Precisava beber muita água, mas muita mesmo, porque chorava tanto que se desidratava. De maneira semelhante a uma hipérbole, chorava tanto que poderia se afogar nas próprias lágrimas. Era inexplicável, inexplicável!

Só queria se entender um pouquinho mais. Se amar um pouquinho mais.
E pensava em como se sentia em relação a Brian. O amava?
Não, não podia. Nem ao menos o conhecia direito. Só sabia que ele gostava de pão de mel e estrelas.
Que bobo. Sentia tanto por Bri, mas nunca imaginou o que o homem por trás da porta sentia.
Se levantou, deixando o caderno de lado, e sentando em frente a porta. Colocou a mão na madeira, como se pudesse sentir o toque da mão de Brian vindo do outro lado.
Mas Brian não estava ali. E Roger nem poderia ir atrás dele, porque tinha um medo tão grande...
Não havia superado. Havia conseguido sair, mas ainda era inseguro. Conseguiu porque estava com John, mas com Bri era diferente.
Tinha medo de o decepcionar.

Não era muito bonito ou atraente, muito menos sabia manter uma conversa ou agir decentemente. Se sentia tão sem graça. Não valia a pena.

Roger se achava o maior amante do jovem que lhe enviava bilhetes, mas nem ao menos o conhecia.

Não sabia quem eram seus amigos. Não sabia se trabalhava ou estudava, comida favorita, se gostava de andar de bicicleta. Não conhecia nem seu rosto.
Não gostava dessa sensação. Se sentia tão fútil se apegando a coisas tão materiais. Pensando no físico e não no coração doce que ele tinha, mas...
Não conseguia nem imaginar a face do homem que gostava. Era um pouco frustrante.
Queria se tornar digno. Digno de estar com alguém como Bri. Mas como o faria?
Isso ao menos era uma questão de dignidade?

Tantas paranóias.

Se arrastando pelo chão, alcançou com leve esforço o telefone. O tirou do gancho e discou o número de Deacon, que havia pego com ele no dia de sua saída. Esperava ansiosamente que ele atendesse, ouvindo os bipes. Finalmente, ouviu a voz masculina através do telefone.

- Alô?

- Oi, Deaky.

Silêncio.

- ...Rog?

- Sim, sou eu.

- Por que me ligou agora?

Arregalou de leve os olhos. Se sentiu mal. Havia atrapalhado o rapaz?

- Desculpa, você tá ocupado, Deaky? Eu ligo depois, mil desculpas...

- Eu já te falei para parar de pedir desculpas, Roger Taylor. - Disse sério, soando autoritário.

Nada foi ouvido por John por alguns segundos, mas logo soluços vieram da outra linha. Ficou assustado. Roger estava chorando?

- Me desculpa, Deaky. Eu, eu vou parar.

Letters for Roger TaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora