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CAPÍTULO 21
JENNIFER

8 DIAS ANTES

A enorme janela ao meu lado me dava uma linda visão do céu do lado de fora, as estrelas brilhavam como se me dessem sua melhor performance, um adeus singelo se misturando com a escuridão do céu.

Respirar se tornou difícil, piscar era uma tortura, eu sentia meu corpo fraco, eu já não sentia mais minha perna ferida, o sangue já não escorria mais, eu estou definhando nesse quarto.

Meus lábios estavam secos, eu engolia em seco sedenta por um gole de água.

Suspiro cansada.

Olho para meus pulsos presos na cabeceira da cama e o que eu tanto evitei olhar era responsável pelo sangue que escorria pelo meu braço. Olho minha mão esquerda e vejo a atrocidade cometida, doía tanto que eu sentia na alma. Tento mexera mão da qual me foi tirado o mindinho e a dor é alucinante e paro imediatamente.

A dor explode em meu corpo me derrubando ainda mais. Sinto a raiva me corroendo, junto da frustração, do medo, da raiva, uma mistura de sentimentos que me enlouquecem, que me fazem questionar o porquê de eu ainda estar viva, o porquê de eu ainda estar aqui.

- Vai se foder, Indra!!! – Berro revoltada, eu não aguentava mais.

Não! Eu tinha que aguentar. Eu mereço ver mais da vida. Eu quero viver.

A porta abre com força e Indra surge com um semblante nada contente, sua mão vai diretamente para seu nariz e ele murmura desgostoso.

- Que cheiro horrível. – Sim, ele estava se referindo a mim. – Você não era tão barulhenta, porra. – Ele xinga.

Sem forças para manter a cabeça erguida eu deixo minha cabeça pendurada e respiro pesadamente cansada. Eu estava trancada e presa como um animal, fedendo com a água na qual Indra me afogou, fedendo a sangue, humilhada e destratada.

Essa era a máfia, a verdadeira cara da máfia.

- Kabir logo mais vai receber seu dedinho de presente. – Ele sorri e se aproxima de mim. – Você está deprimente. – Ele cospe na minha cabeça. – Pare de gritar, não me obrigue...

- Ao que? – Pergunto com a garganta seca deixando minha voz rouca. – Vai arrancar que parte do meu corpo agora?

- Não me subestime Jennifer, eu posso ser bastante criativo. – Ele se afasta resmungando do mal cheiro.

- Eu quero que você enfie a sua criatividade no seu rabo! – Falo sem forças sentindo minha visão fechando.

- Não dá nem para te levar a sério dessa forma. – Ele ri da minha cara. – Não dá para chegar perto de você com esse cheiro. – Ele resmunga e vejo ele sair do quarto chamando por alguém.

Minha pele estava grudando no colchão sujo. Largo todo meu corpo sobre o colchão sentindo cada parte do meu corpo doer, minha pele arder e meus ossos rangerem.

Volto meu olhar para as estrelas e tento não dormir, eu não podia dormir eu já não sei mais se voltaria a acordar.

Fico me perguntando se Aria tinha conhecido chegar rapidamente até Kabir, até seu marido, fico me perguntando se estão procurando por mim com tanta urgência como procuraram por ela. E infelizmente eu já sabia a resposta.

Eu estava ciente das consequências quando eu me propus a salva-la desse homem, desse monstro, eu não me arrependo dessa decisão eu não poderia simplesmente me salvar e deixar que ela fizesse o mesmo por si, e eu não podia coloca-la em risco tentando fugir dentro dela.

Cattiveria I Spin Off - Série ObscurosOnde histórias criam vida. Descubra agora