Jack
Eu corri pela noite, com minhas roupas úmidas e amarrotadas demais.
Fazia frio como nunca.
Meus lábios tremiam incessantemente.
E meu corpo todo doía pelo ar gelado que agredia minha pele.
Alcancei minha casa rápido demais e tive que esperar um tempo na porta para recuperar o fôlego, porém, por não suportar mais as ondas de ventos gélidos que atravessavam a minha blusa, entrei rapidamente, sem fazer barulho.
A primeira coisa que vi foi que Dylan estava acordado. E Sarah também. Ela parecia um pouco melancólica. Resolvi não perguntar nada, se Dylan quisesse que eu soubesse, ele me contaria.
– Ei, moleque. Aonde você estava metido? – Dylan perguntou, e, ao virar para mim, lançou um olhar confuso.
– Eu... – Eu nunca mentia para Dylan. Nós tínhamos um pacto de confiança. – Alec me chamou para ir à praia. – Porém, exceções existem para serem usadas.
– Que porra, Jack. Tenta ficar longe de confusão. – Ele estava bravo, mas pude ver um traço de preocupação no seu rosto. Talvez estivesse se lembrando de quando aqueles homens me deram uma surra.
– Eu tô bem.
– Da próxima vez manda o Alec pro inferno e vem direto pra casa. Tive que passar um tempão convencendo a mamãe a ir dormir, ela estava preocupada contigo.
– Desculpa, não vai acontecer mais. – Eu nem imaginava as proporções de desonestidade que haviam em minha fala.
– Sabe o que aconteceu enquanto você estava curtindo e arrumando briga lá fora? Dois homens vieram aqui procurando nosso pai. Com certeza fazem parte do grupo daqueles outros três. Eles ameaçaram a mamãe, Jack. Falaram que se ele não pagasse logo, não esperasse que coisas boas acontecessem com ela.
– P-por que?
– Porque o nosso pai é um idiota. Ele tá devendo mais grana do que pode pagar. E esses caras são perigosos.
Eu havia ficado tão assustado com o que ele havia acabado de falar que fiquei paralisado na sala por pelo menos dez minutos, tentando assimilar tudo. Algumas pessoas já haviam vindo aqui em casa para procurar meu pai, e todas eram assustadoras, mas nunca haviam ameaçado ninguém, somente ele.
Adiei o máximo possível o tempo de deitar para dormir. Eu não queria não ter nada para fazer, porque assim, eu pensaria no que aconteceu na noite, e eu não queria repassar essas cenas na minha cabeça, porque eu já havia me sentido ridículo demais enquanto acontecia.
Arrumei as roupas que estavam fora do lugar e organizei os livros de Camila, estava muito escuro no quarto, então eu não sabia se estava colocando tudo no lugar certo. Pude ouvir murmúrios vindos da sala das conversas de Dylan e Sarah, eles pareciam mais calmos agora.
Por fim, tirei minhas roupas geladas e deitei no colchão. A lembrança de Kenny na minha frente me atingiu em cheio e eu quase me censurei por só conseguir pensar nisso.
Ele era, definitivamente, algo novo na minha vida, algo que atraía constantemente a minha atenção.
Eu só conseguia pensar em como o toque das mãos dele me davam arrepios e em como ele era quente, mesmo envolto em uma imensidão de água fria. E em como eu escapei de seu toque por pura insegurança.
E, de repente, um pensamento inesperado sobressaiu todos os outros em minha mente.
Eu queria vê-lo de novo.
E me odiei por isso.
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Jack
RomanceTalvez Jack sonhe mais alto do que os infinitos prédios majestosos que ele jamais poderá comprar, seu espaço limitado não o permite obter uma ampla vivência, mas algo muda quando esbarra com um homem inexplicável na entrada de um desses imponentes e...