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Jack

Relembrar aqueles primeiros dias era um martírio, eu havia sido imaturo, havia magoado pessoas que acreditaram em mim. Marcus, meu antigo chefe havia depositado tanta confiança em mim e eu desperdiçara tudo. Eu ainda lembrava com tanta clareza o dia seguinte que eu havia deixado Kenny, que doía.

- Jack... Jack. Acorda. - Ouvi a voz de Dylan, mas estava dispersa demais. - Você precisa ir trabalhar.

Ao ouvir isso, abri os olhos imediatamente, eu havia me esquecido. Esquecido completamente. Marcus nunca mais confiaria em mim, eu havia saído no meio do evento e não voltei mais.

- Ah, a mamãe quer que você passe lá em casa depois do trabalho, faz tempo que você não aparece por lá. - Nós ainda chamávamos a antiga casa como se ainda fosse nossa, mamãe gostava disso.

- Tá.

- Talvez eu apareça por lá também, antes de o Max voltar do trabalho. - E Dylan havia começado a chamar nosso pai pelo nome, como se ele não tivesse nada a ver conosco.

Eu estava muito apreensivo no caminho do trabalho, não queria que Marcus me olhasse com uma expressão de desgosto. Ele havia me dado uma oportunidade incrível, e eu estraguei tudo da pior forma.

- Caralho, olha quem resolveu aparecer. - Eu ouvi Jamie falando, ele também estava no evento. - Acho que a Cinderela perdeu a hora.

- Você saiu de lá correndo por que? Não aguentou os gritos do Thomas? Ninguém tem culpa se você é um fodido, Jack. - Um outro cara, Andy, eu acho, falou. Ele estava me odiando, porque, ao que parece, eu tomei sua vaga no evento. Marcus decidiu de última hora que o deixaria de fora.

- Por que você não chupou o pau dele? Ouvi dizer que ele gosta. Talvez ele parasse de gritar contigo enquanto estivesse metendo em você.

Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, - talvez eu não falasse nada - Marcus apareceu e me chamou para conversar. Pude ver Jamie e Andy fazendo gestos obscenos enquanto eu o seguia.

- Jack, eu não preciso falar que estou no mínimo decepcionado com você, porque talvez você já saiba disso. - Eu não tinha nada para falar, então, continuei apenas ouvindo. - Eu achava que estava fazendo um favor para você, mas estava errado. Eu fui muito complacente. - eu nem sabia o que aquilo significava direito, mas já podia imaginar o que viria a seguir.

- Bem, eu esperava mais de você. - Ele fez uma pausa, seguida de um suspiro. - Não vejo outra alternativa a não ser afastar você daqui.

- Não... Não, por favor... Eu preciso do dinheiro. Eu sinto tanto pelo que aconteceu, eu sei que eu errei, eu vou m....

- Não, Jack. - Ele falou, me interrompendo. - Desculpe, mas eu seria injusto com os outros se permanece com você aqui. Todos se esforçam igualmente para realizar seus trabalhos de maneira correta. Eu substituí a vaga de uma pessoa para te colocar lá. E você falhou.

Eu fiz um esforço imenso para não chorar, eu estava tão desconcertado que se ele falasse mais alguma vez o quanto eu fui irresponsável, eu desabaria ali mesmo.

Mas ele não falou.

- Obrigado pelo seu serviço, você foi ótimo enquanto estava aqui. - Ele disse, em tom quase paterno.

- O-obrigado... - Falei, com a cabeça baixa.

Antes que eu abrisse a porta para sair, ele falou:

- Ah, Jack... - Ele tirou um pacote do bolso. - O cachê de ontem.

- Eu nem fiquei até o final...

- Apenas aceite. - Ele pôs a mão no meu ombro e me entregou.

- Obrigado. Muito obrigado. - Falei, com a voz tremendo.

Saí e encostei a porta.

- Você já vai, Jackie? - Ouvir Andy me chamando daquele jeito, como Kenny me chamava, fez uma onda de raiva me atingir. Eu os evitava ao máximo, mas eles sempre arrumavam um jeito de me derrubar até o fundo do poço.

- Ei, parece que ele ficou irritadinho. - Jamie falou. - Ei, Jackzinho, você tá bravo?

Eu avancei para Andy, mas ele me deteve antes que eu pudesse acertar um soco nele. Ainda não havia ninguém ao redor, então, comecei a imaginar que eles dois poderiam fazer o que quisessem comigo sem que ninguém visse.

- Jamie, sai daqui. - Andy falou.

- Que? Como assim cara.

- Me deixa sozinho com a porra do Jack.

- Vai se foder, cara. - Jamie falou e foi embora.

Andy ainda me segurava com força, estava me machucando.

Porém, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ele começou a falar:

- Você achou mesmo que conseguiria sair caladinho e com o rabinho entre as pernas sem antes receber o troco pela porra que você fez?

- Andy, sério, desculpa, eu não sabia que tinha tomado sua vaga. Olha, pega o dinheiro, é seu. - Falei, estendendo para ele o pacote que Marcus havia me dado, mais por medo do que por caridade.

Ele afastou a minha mão com um quase soco.

- Eu não quero a merda do dinheiro, eu só quero te bater até você não saber mais nem seu nome, seu viadinho de merda.

Eu me afastei imediatamente, tentando chegar à porta.

- O que foi? Você não está com medo, né? - ele perguntou, com raiva.

Eu não queria falar nada, apenas me distanciar dali, me distanciar dele, o mais rápido possível.

Ele segurou meu braço com força quando eu já estava chegando na porta.

- Para! Me deixa ir embora. - Ele continuou apertando meu braço, com mais força ainda. - Para, por favor, me deixa ir embora.

- Cala a boca, caralho... - Antes que ele pudesse falar mais alguma coisa, Marcus apareceu no local.

- O que está acontecendo aqui?

- Nada, eu só tava me despedindo do Jack. - Andy falou, no tom mais casual possível, me soltando.

Aproveitei a situação e corri. Finalmente estava fora.

Bem, estamos quase chegando ao fim e o que posso fazer é agradecer por quem está até aqui. Espero que gostem do próximo capítulo

JackOnde histórias criam vida. Descubra agora