Paris;

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— Você disse que não se atrasaria, Ayla!

Escutei Júnior gritar de lá de baixo e eu bufei revirando os olhos. O que custava esperar mais um pouco? Que saco!

— Estou pronta, tá feliz? — desci as escadas.

— Até que enfim! Vem, estamos atrasados.

Júnior pegou na minha mão e trancou a porta da nossa casa e eu pude escutar o chorinho do Poker lá de dentro.

— Esse cachorro já tem quatro anos! Quando ele vai ficar adulto? — meu namorado riu.

— Isso é por você mimar ele demais.

Entramos no carro e observei meu anjinho mais uma vez, de terno... completamente perfeito. Nesses quatro anos depois que me mudei, aconteceu tantas coisas que eu mal consigo descrever.

Entrei para a faculdade e consegui um estágio perfeito, então meus pais estavam felizes e realizados. Com o estágio, pude morar o com Ju, numa casinha só nossa. Júnior também conquistou títulos pelo PSG, recebeu propostas de times enormes mas ele recusou por mim.

"Se você escolheu largar tudo no Brasil por mim, eu posso recusar propostas por você"

Ele entendia o quão importante era a faculdade pra mim e por isso não poupou esforços pra me ver feliz.

Fizemos viagens, meus pais nos visitaram varias vezes, Rafaella engravidou do Lucas o que deixou todo mundo de cabelo em pé mas conforme os meses passaram, não foi difícil amar a gestação dela e o Pedro, o nosso sobrinho.

E claro, que além desses episódios felizes, tivemos um grande susto. Que me abalou, abalou o Júnior e todo mundo que conhecia a Gigi. Um ano após eu me mudar, a encontraram no banheiro, já sem vida.

Ela havia cometido suicídio. E todo um filme passou pela minha cabeça, de como ela era antes de todas as coisas ruins a afetarem. Antes de seus pais estragarem sua vida, ela me prejudicou demais, mas nunca desejaria a morte dela.

E sobre Luan, ele estava organizando seu casamento com Daniel e agora morava na Califórnia como sempre sonhou. Um Digital Influencer renomado e bem popular, ele finalmente estava onde desejava.

Mas voltando para as minhas novidades, meu relacionamento com o Júnior também não foi um mar de rosas. Houveram alguns problemas, como mulheres dando em cima dele o tempo todo, beijos roubados em festas e tudo mais. Mas eu sempre o perdoei porque onde ele estava, eu também estava. E não existia possibilidades dele esconder tais coisas de mim.

— Você se forma mês que vem, como se sente? — senti sua mão na minha perna.

Respirei fundo antes de responder um pouco assustada com aquela informação.

— Medo! Estou com muito medo. — sorri nervosa.

— Você sabe que é incrível e não tem nada a temer, não é? — ele intercalava o olhar entre mim e a estrada.

— Do mesmo jeito, estou com medo.

— Você é chata, isso sim.

Revirei os olhos e rimos juntos. Observei Paris, iluminada e movimentada naquela noite de sábado e a cada dia que se passa, mais eu me apaixono por esse lugar.

— Você me infernizou hoje, para o que estamos atrasados?

— Não posso dizer.

— Vai começar! — revirei os olhos.

— Fica quieta, você vai gostar.

Fazia um certo tempo que eu notei Júnior nervoso, ansioso mas eu não fazia a menor ideia do porquê. Não existia jogo importante ou escalação para a seleção. Ele encostou o carro na frente de um bistrô e eu até fiquei animada, estava morta de fome.

𝐁𝐀𝐃 𝐑𝐄𝐏𝐔𝐓𝐀𝐓𝐈𝐎𝐍 | 𝐍𝐄𝐘𝐌𝐀𝐑Onde histórias criam vida. Descubra agora