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— Você não podia ter feito isso comigo!

— Claro que podia, neném.

Sorri ao vê-lo do outro lado da tela do celular. Ele estava diferente de quando saiu daqui, havia feito mais tatuagens e seus brincos de diamantes estavam maiores, cabelos um pouco loiro mas ainda estava perfeito.

— Desculpa não ter te ligado à meia noite para te dar parabéns. Eu queria que ganhasse a surpresa primeiro.

— Para de besteira menino... eu amei tudo o que você fez. — respondi enquanto enfiei uma colher de bolo na boca.

— Já são nove da noite aí, e você não vai sair? Cadê o Luan? — meu namorado perguntou.

— Ah, não... eu não estou afim.

— Não está afim ou...

— Eu só não estou afim, Júnior.

— Ok, não precisa ser grossa. Eu só tenho medo de você ficar trancada em casa até o dia de ir pra faculdade.

— E qual o problema? — o olhei séria.

— Preta... não é normal.

— Eu estou me irritando com essa merda... vocês acham que eu estou depressiva, que vou cortar meus pulsos se eu não dar uma volta no shopping, tomar banho de mar... gente, eu to legal!

Despejei as palavras com raiva.

— Amor... não vamos brigar. Porra... é pro teu bem.

— Sabia que meu pai ainda não me deu feliz aniversário?

Júnior me olhou em silêncio por alguns segundos e suspirou.

— Você sabe que ele te ama, não sabe? Isso não significa nada e a gente vai se resolver. Deixa começar as aulas...

— Essa é a questão, eu não quero que as aulas comecem.

— Ok, tudo bem. Vamos falar de coisas boas?

— Vamos, eu imploro! — sorri — como tá a minha cunhada?

— Insuportável. — revirou os olhos — todo dia chega com roupas e sapatos novos, conheceu pessoas novas na escola, aí botou na cabeça que quer silicone...

— Meu Deus, cadê minha Rafaella e o que fizeram com ela?

Ele gargalhou.

— E o poker?

— Tá no quintal. Ele conseguiu arrancar todas as flores da minha mãe! Eu não sei que me milagre minha mãe não me arrebentou — gargalhamos — ele virou o amor da casa.

— Graças a Deus eu peguei a fase que ele só chorava de madrugada pra comer e dormia o dia todo.

— Pois é, hoje ele chora por tudo e traquina por tudo.

— Eu to com saudade de você...

— O que aconteceu com o assunto "coisas boas"? — perguntei sorrindo.

— É sério amor. A gente nunca ficou tanto tempo sem transar.

Pude ver ele revirar na cama.

— Você pode usar as mãos? — perguntei soando óbvia.

— Não é a mesma coisa. — Ju fez uma cara de manhoso safado.

— Eu não vou te mandar nudes, nem pense nisso!

— Ah, pronto! Eu nem te pedi nada ou, tá doida?

— Não adianta disfarçar.

Ele começou a gargalhar e eu também.

𝐁𝐀𝐃 𝐑𝐄𝐏𝐔𝐓𝐀𝐓𝐈𝐎𝐍 | 𝐍𝐄𝐘𝐌𝐀𝐑Onde histórias criam vida. Descubra agora