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Era um dia chuvoso em Santos e eu observava tudo do meu quarto, sentada numa poltrona, com um moletom do meu namorado cobrindo minhas pernas encolhidas e Niall Horan cantando no rádio.

11:37 aqui
14:37 lá

Era isso que eu fazia todos os dias, contava as horas pra saber o que possivelmente ele poderia estar fazendo agora em Paris. E pelo o que imagino, deve estar treinando... pois nenhuma mensagem chega no meu celular.

Já havia passado uma semana. E parecia que tinha passado um ano longe dele e a minha relação com meu pai estava piorando, como olhar pro rosto da pessoa que separou você da pessoa que você mais amou na vida? Já minha mãe, vinha no quarto de hora em hora pra se certificar de que eu ainda estava viva porque desde quando ele se foi, eu não sai do quarto. Mesmo meu pai me libertando de todos os castigos e devolvendo meu celular que não era mais útil por conta do presente do Ju, eu queria sair de casa.

Meu celular vibrou na minha mão e eu me assustei mas era mais uma mensagem do Luan me chamando pra fazer algum passeio, mas de verdade, eu estou sem condições alguma de sair. A cidade inteira ficou sabendo que o "Menino da Vila" havia conseguido o tão desejado sonho e que sua namorada ficou sozinha. Giovanna, lembram? Gigi? Fez questão de esfregar na minha cara que eu não tenho condições alguma de manter um relacionamento assim. Então como sair daqui com todos me olhando com pena?

Fechei os olhos suspirando, pensei em como estou cansada de esperar os dias passarem. Eu poderia estar preocupada com a minha faculdade mas o que eu mais quero é distância daquele lugar.

— Feliz aniversário filha!!!

Minha mãe entrou no meu quarto gritando segurando um bolo pequeno com velas de número 18 rosa jogando faísca pra todo lado. Meu coração se quebrou por inteiro porque eu realmente não estava afim de comemorar.

Me levantei da poltrona e sorri para ela, que sabia dos meus dias difíceis, que eu não estava me importando de hoje ser meu aniversário mas não mediu esforços pra tentar arrancar um sorriso meu sequer.

Por favor, se isso for real, me leve até o meu anjinho eu imploro!

Assoprei as velas e soltei o ar dos meus pulmões rindo pra agradar minha mãe e não a decepcionar.

— O que você pediu? — ela colocou o bolo na minha escrivaninha.

— Não posso contar. — sorri de canto a observando cortar o bolo.

— Eu me sinto tão velha nos seus aniversários... — ela riu — eu deveria ficar feliz ao invés de triste, não é?

— Bom, pelo menos você não tem rugas no rosto, por enquanto. — ela gargalhou e me deu o prato com bolo.

— Fico pensando que em breve você vai se formar, casar, ter filhos...

Não mãe... tudo menos esses assuntos que me fazem lembrar do Ju.

E o papai? — perguntei cortando o assunto.

— Hã... — ela percebeu — ainda está no trabalho.

Minha expressão mudou por completa antes mesmo de eu ter controle, ele sempre saiu mais cedo do trabalho nós meus aniversários... e dessa vez, nem fez questão. Esse é definitivamente, o meu pior aniversário.

Ajudei mamãe a levar toda a bagunça que ela fez no meu quarto para a cozinha, lavei a louça que sujamos e me encaminhei para subir as escadas pro meu quarto.

— Querida!

Minha mãe me chamou com um presente nas mãos e eu sorri a abraçando.

— Eu queria que você saísse desse quarto, que tentasse seguir a sua vida também como o Juninho está seguindo. Queria que você superasse e que se acostumasse com essa relação de vocês e por mais que seja difícil, filha... as coisas não vão mudar, a situação não vai melhorar com você usando seu quarto como cativeiro.

𝐁𝐀𝐃 𝐑𝐄𝐏𝐔𝐓𝐀𝐓𝐈𝐎𝐍 | 𝐍𝐄𝐘𝐌𝐀𝐑Onde histórias criam vida. Descubra agora