Capítulo 20 - Henry

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Subo na moto de Henry e depois de uns 15 minutos nós estamos no Brooklyn bar. Eu estou diante de uma coca com limão cujo o gelo já derreteu quase por completo. Ele tem diante de si um suco com mirtilos, laranja e uma dosezinha de vinho.

Gay.

Se tinha algo ainda que me pegaria de surpresa na vida, era isso. Eu nunca achei que Henry fosse homossexual, e muito menos que essa fosse a razão de ele ter terminado com Hely. Então pra ser sincera, eu estou olhando o copo suado, e absorvendo minha confusão.

Nosso diálogo depois que chegamos foi breve.

– Enna, eu quero te contar uma coisa – ele disse. Eu o incentivei a ir em frente e me dizer – Tem uma razão pra eu ter terminado com a Hely, e eu não tive coragem de te falar.

– Você quer me dizer agora? – perguntei. Dei uma golada na coca.

– Eu gosto de garotos.

Estamos em silêncio desde então. E me sinto péssima por não saber o que dizer. Eu olho pra Henry, e me sinto o tipo de pessoa que julga o livro pela capa. Ele com esse jeito meio bruto, meio largado. Nem de longe parece gay.

Eu sei que pensar isso é errado e estranho. Se quando eu entendo que ser mulher não é uma questão ser delicada e usar rosa, e luto pra que eu possa ser mulher fora dos padrões, porque eu espero que todo cara gay siga o estereótipo do cara frágil e afeminado?

– Desculpa – eu digo olhando pra ele mais uma vez.

– Você me deixou um pouco assustado ficando todo esse tempo sem dizer nada.

– Você me pegou de surpresa – confesso.

– Bom – Henry diz – espero que você não fique menos minha amiga por causa disso. Eu soube que você vai sair com a Alice hoje, e eu vou sair com o melhor amigo dela.

– Você está namorando? – pergunto. Isso sim é estranho, porque ele meio que acabou de terminar com minha irmã.

– Não – ele diz. – Não Enna. Eu conheci o Cedric enquanto ainda estava com a Hely. E eu já não sentia as mesmas coisas por ela, mas estávamos sempre falando sobre salvar o relacionamento, buscar coisas novas e tal. Eu percebi que estava me apaixonando de novo realmente, mas por outra pessoa. E de outro sexo. Foi meio estranho, e foi confuso. E foi quando eu comecei a pensar sobre terminar isso.

– Não tem nem uma semana que vocês terminaram.

– Não. Mas tem muito, muito tempo que eu estou tentando fazer isso. E sua irmã até onde eu soube, já passou da fase de estar com raiva pra fase em que está a procura de outra pessoa no Tinder. O que me faz entender que tudo bem se eu sair com Cedric. Mesmo porque não tenho planos de nada. Só vou sair com alguém que eu gosto.

– Cara, as coisas são muito rápidas – falo – minha cabeça está girando.

Henry ri.

– E quanto a você e Alice?

– Eu não sei se sei o que ela está querendo comigo – confesso – foi uma aproximação meio repentina.

– Entendi – ele diz sorrindo – Eu vou ficar quieto sobre isso então.

– Você lembra do Eric?

– Não – ele diz.

– Eric, do ensino médio?

– Aquele que sempre usava touca o ano todo?

– O outro.

– Que tinha um cabelo legal?

– Ele ainda tem – respondo.

– O que tem ele, Enna?

– Ele me escreve cartas. Desde a época da escola. E me entregou todas elas na sexta– feira.

– Cartas?

– É – suspiro – E eu acho que vou sair com ele essa semana.

– Eu estou torcendo pra você ficar bem e ser feliz – Henry diz pegando seu suco – Mas eu não quero opinar entre a garota descolada e o cara com cabelo maneiro.

– Tudo bem – eu rio – já fico feliz que você tenha me escutado. E que tenha me contado tudo.

– Se me der um abraço e me pegar outro suco eu te dou uma carona até a Alice mais tarde.

– Sem álcool, se não eu não subo com você na moto – eu digo me levantando pra dar um abraço nele.

– Você é terrível Enna Wilson – Henry sorri me abraçando – mas eu te amo mesmo assim.

– Você é terrível Enna Wilson – Henry sorri me abraçando – mas eu te amo mesmo assim

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Hely & EnnaOnde histórias criam vida. Descubra agora