Quanta diferença oito minutos podem fazer na sua vida? Para Enna Wilson, 8 minutos é a diferença no tempo e espaço entre uma vida perfeita e uma vida cheia de azar. Depois de perder seu tão desejado estágio de verão, Enna decide arquitetar um plano...
"P.S: Fazem quase dois meses desde que eu te escrevi essa carta, e volto agora para fazer um adendo.
Sabe Deus o porque de eu ainda insistir em te escrever, como se prestasse conta da minha vida. Eu estou tentando com a Carol outra vez. Ela morre de medo quando você passa perto de nós. Eu tenho tentado dar o melhor de mim nisso, e acho até que estamos funcionando bem. Eu realmente gosto dela. Ela tem um jeito engaçado de franzir o nariz para ajeitar os óculos, que é realmente muito legal. E eu adoro que o gosto musical dela se pareça com o meu.
Infelizmente quando lembro de você, Enna, a única coisa boa é pensar que escrever pra essa versão de você que eu criei na minha cabeça, até que foi bom pra mim de algum jeito.
Eu te olho agora e me pergunto quem você realmente é, já que não é quem eu sonhava em meus delírios infantis. Eu queria, apenas por conta da curiosidade, conhecer a pessoa por quem eu me apaixonei, e a quem dediquei tantas e tantas cartas. Queria que me contasse quem é você Enna Wilson".
Eu congelo ao terminar de ler tudo, meu estômago está revirado e com nojo. Eu realmente não sou a pessoa que Eric sonhou, mas eu nunca disse que era, nem nunca lhe prometi nada. Eu sei que lidar com rejeição é difícil. Eu me apaixonei vezes o suficiente pra saber como é quebrar a cara.
Sim.
Eu sei que talvez, e apenas talvez, tenha sido um pouco escrota com ele. Mas sabe, todo mundo ODEIA a bruxa má, quando só escuta a história contada pela princesa. Eu não fiz o que fiz de propósito. Às vezes a gente até consegue brigar com aquela voz chata na nossa cabeça e sair ganhando. Mas na maioria dos meus dias até aqui, quando aquela coisa dentro de mim disse "Corra e se esconda", eu fugi das situações, sem ligar pro que podia estar me esperando lá na frente.
Não foi fácil pra mim ficar me criticando por fazer – uma única vez na vida – algo que eu realmente quis. Não foi fácil chegar em casa depois de ter beijado Eric, e me olhar no espelho com vergonha. Eu realmente não sou nenhuma femme fatale. Eu realmente não sou nada demais. Ainda tenho marcas das minhas espinhas na cara e ainda gosto de assistir Adventure Time. Então, eu só posso dizer, que foi punk.
Foi meu momento de maior liberdade, e maior vergonha na vida.
Eu olho pro chão, Bowie está esticado no tapete. Ele dorme de barriga pra cima e de língua de fora. Faço carinho na pancinha dele. Pego então, a última carta.
Ela deve conter a razão de Eric estar me procurando um ano depois de tudo aquilo. Eu não estou ansiosa. Não estou com medo, nem com raiva.
Talvez um pouco ferida.
Mas acho também, que eu nunca estive mais preparada pra lidar com meus monstros do que estou agora.
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