Era minimamente bela a forma como o sol se apossava do céu com toda sua majestade. Um dia antes, Harry estaria comentando sobre isso e dizendo o quão era grato por presenciar um clima tão maravilhoso. O dia estava lindo. Mas na cabeça de Harry, era como se houvesse uma nuvem acinzentada por cima dele, e essa nuvem liberasse respingos de sangue. A cada novo relâmpago da noite anterior, era como se um trovão fizesse barulho dentro dele. Ele estava odiando o dia. Ele estava odiando a comida de Jay, isso não era normal. Ele estava odiando os pássaros. Ele também conseguia odiar as pequenas formigas carregando migalhas de seu pão para um formigueiro próximo.
-Harry, você mal tocou sua comida. — Zayn preocupou-se.
-Ele ainda não acordou, Zayn. Ele sempre acorda tão cedo. — Harry comentou quase que casualmente.
-Pare de pensar nisso um pouco.
-Minha cabeça dói! — Harry protestou. — Eu não sei o que vou fazer.
-Você está de ressaca, obviamente. — Liam suspirou, pegando um pão na cestinha de palha. — Você não precisa pensar no que fazer, porque não vai fazer, você não vai falar com esse imbecil.
-Eu sinto muito por ter dormido com vocês essa noite, eu não queria dar trabalho. — Harry se explicou, tristemente, mordiscando o pão morno.
-Não tem problema. — Zayn sorriu. — Você pode ficar conosco até se acertar com o Louis.
-Agradeço por tudo, Zayn. Mas não quero me acertar com o Louis. — Harry sorriu forçadamente. — Ultima chance, lembra?
-Ei, quem é aquele? — Liam questionou da mesa de madeira e se pôs a averiguar uma rapaz loiro, híbrido de cão, sobre um cavalo branco vistoso.
Michael, que estava cortando lenha, aproximou-se do rapaz e iniciou um diálogo empolgado. O rapaz sorria genuinamente e atraia a atenção de todos que estavam por perto. De repente, soltou uma gargalhada exagerada e olhou na direção de Harry. Michael assentiu com a cabeça e o rapaz desceu do cavalo. E passou a caminhar na direção da mesa em que Harry, Liam e Zayn estavam sentados.
A medida que o rapaz aproximava-se sorridente, o rumor crescia, condensando-se, e as vozes se questionando quem ele era acentuavam-se. Já não se destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o acampamento.
-Bom dia, senhores. — O estranho de olhos azulados cumprimentou, tirando o chapéu.
-Quem é você? — Zayn perguntou, fazendo uma careta e juntando os lábios em um bico insatisfeito.
-Me chamo Niall James Horan. — Ele então sorriu, abanando a cauda de forma frenética. — Estou aqui pelo príncipe.
-Louis sabe disso? — Jay surgiu, com os braços cruzados e aparentemente irritada.
-Saberá, não? — Niall sorriu. — Sou apenas um mensageiro, madame. Venho em nome de Des Styles.
Harry, que não estava movendo um músculo sequer até então, se levantou apressadamente, quase que caindo da cadeira.
-Vou chamar o Louis. — Jay sugeriu.
-Não precisa, Jay! — Harry forçou um sorriso, ele não queria ver Louis. — É uma mensagem para mim, não para ele.
-Tudo bem. — Jay sorriu, terna, se afastando aparentemente desapontada. Será que ela imaginava o que o filho estaria fazendo a essa altura?
-Receio que seja alguma ameaça. — Sugeriu Liam.
-Na verdade é um tratado. — Contou Niall, estendendo um envelope branco e com um dos selos da coleção de Des para Harry.
Todos chocaram-se, tratados só eram oferecidos em situações extremamente emergenciais. Talvez o filho do rei se tornar um rebelde fosse algo emergencial. Harry franziu o cenho, pegando a carta, abrindo e se afastando para ler sozinho. Era mesmo de seu pai, a escrita não lhe enganava. Seus olhos se encheram de lágrimas, era de seu pai.
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guerrilla; l.s
RomanceAlgo havia mudado em seu rosto e, sob a luz fraca da lamparina, Louis não conseguia decifrar o que significava. Era quase como se ele já soubesse suas razões mas quisesse ouvir da boca de Harry, que sim, ele era o motivo de sua chateação.