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    Suas pernas tremilicavam no chão e apesar da visão nítida, era como se não soubesse em que direção caminhar. Da lateral do palanque tudo o que podia ver eram pessoas murmurando coisas inaudíveis para seus ouvidos felinos, ele estava sozinho. Gemma havia se recusado a discursar, talvez Harry devesse ter tomado a mesma escolha mas era como se fosse sua obrigação, limpar a imagem de Des, depois de tudo o que havia feito. Depois de ter sido estrela principal da pior das peças teatrais.  

  Gemma batia firmemente o pé no chão, se recusando a acreditar que Harry faria aquilo, a garota não havia questionado mais sobre a relação afetiva entre Harry e Louis mas de qualquer forma, no seu modo de pensar, não era nada justo misturar questões afetivas com as políticas. Ela implorou para que Harry não fosse mas ele já estava de decisão tomada, ele era um grande cabeça dura. 

Então, o garoto cacheado, bem vestido e com as bochechas rubras, caminhou até o centro do palanque, limpou a garganta para apurar a fala.

-Eu sei que muitos de vocês devem estar se questionando o que realmente aconteceu desde o "imprevisto" —  Harry fez aspas no ar. —  no dia do discurso mensal de meu pai. 

    Ouviu-se murmúrios de pessoas concordando freneticamente. 

-Vou esclarecer algumas coisas hoje. —  Harry suspirou já se sentindo confortável e sorrindo. —  Foi tudo estrategicamente planejado.  

    Percorreu seu olhar em direção ao público que permanecia confuso. Uma senhora cega de um olho só, segurava uma bengala e a apontava para Harry como se ele fosse algum tipo de ídolo. Uma mãe segurava sua criança no colo, juntamente com um cartaz com os dizeres "ele pode mudar o meu futuro". Era tão engraçado, a forma como as pessoas depositavam esperanças em um jovem de dezesseis anos sem muita experiência. Ele ouviu o nome de Louis diversas vezes, as pessoas questionavam onde Louis estava, porque ele não estava com Harry. Os dois não eram um casal? Os dois juntos não eram sinônimo de libertação? Harry iria decepcionar a todos. Principalmente aquele, que surgiu entre a multidão, usava listras e uma calça desbotada, seus olhos azulados expressavam esperança. Ele olhou diretamente para Harry, para mais ninguém além dele, Louis ouvia a tudo atentamente, a espera da rebelião. Calum, Ashton, Luke e Michael também estavam lá. Louis havia ido buscar Harry? Todos murmuraram agitados, a espera do evento da libertação, da carta de alforria. Um sentimento muito confuso tomou conta do garoto dos cachos e as palavras lhe fugiram. Louis estava ouvindo todo o discurso, o discurso da traição. Harry não poderia fazer isso. 

-Quero dizer... —  Harry limpou a garganta novamente, pensando em como mudar o discurso tão repentinamente. —  Sei que o povo precisa de mim, sei que o povo precisa ter voz e que as coisas devem mudar. 

  Louis sorria deliberadamente para Harry. Ele sabia que seu gatinho não seria capaz, então olhou para Michael como se dissesse "Eu avisei, eu avisei que Harry era diferente". 

-Eu prezo muito a minha família mas eu preciso lutar por vocês. —  Harry bufou, lembrando-se de pessoas sendo ameaçadas de morte simplesmente por sua sexualidade. 

   A multidão concordou, Harry ouviu Des o chamando da lateral do palco, ignorou completamente o chamado e continuou a discursar. Nada poderia lhe parar. A causa não era Louis, a causa era o povo. Se para proteger o povo, Harry devesse se unir a Louis, talvez fosse isso mesmo o que ele iria fazer. Gemma finalmente entrou no palanque e ficou ao lado de Harry, as coisas estavam funcionando como deveriam ser. Até que... Até que Harry a viu. Ele arregalou seus olhos verdes ao se deparar com Eleanor lá. Louis não havia ido buscar ele, Louis havia ido esfregar em sua face que estava com ela. Louis apenas usou Harry para se vingar de Des. De repente, o gatinho se sentiu sujo. Ele havia se permitido ser usado por alguém sem ética e caráter como Louis. Lágrimas inundaram seus olhos e ele gaguejou:

guerrilla; l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora