O vapor do chá suavizava a densidade do ar, amenizando assim o clima tenso dentro do mais novo escritório de Harry. A moça sentada a sua frente parecia incomodada, suas orelhas estavam achatadas nos cachos mal penteados e um sorriso nervoso pairava por seu rosto pálido.
-Tem certeza de que não quer um chá? — Harry suspirou entediado, bebericando o conteúdo de sua xícara de porcelana.
-U-Uhum...
-Você continua do mesmo jeito, hum? — O garoto revirou os olhos. — Não perdeu a pose de vítima mesmo depois de tudo o que fez para mim. Honestamente? Eu não guardo mais rancor de você.
-Harry, eu... — Eleanor tentou começar um diálogo.
-Sabe a razão? — Styles assoprou seu chá, rindo baixo. — Você não é nada para mim, nem para ninguém. Você pensa que irá durar muito tempo com o Louis? Ele só vai te usar, assim como fez comigo... Depois, ele vai te trocar por alguém que lhe garanta novos meios de diversão, querida.
-Você está tão... diferente. — Eleanor arregalou os olhos, tremendo um pouco.
-Veio aqui para me dizer isso? — Harry riu baixo, se levantando. — Não tenho tempo para ouvir besteiras, mas tenho tempo o suficiente para lhe falar algumas verdades. Então você escolhe: fala ou escuta.
Eleanor realmente estava impressionada pela forma como Harry estava impetuoso e frio. O garoto havia mudado em questão de dias, anteriormente ele costumava ser aquele menino inocente que corava quando alguém falava com ele e sorria bobamente quando Louis o encarava. De repente, ele estava em pé no antigo escritório de Des... Tomando seu lugar e agindo como seu pai um dia havia agido. Era tão assustadora a forma como Harry lembrava Des a Eleanor que por um instante ela sentiu ódio.
-Eu soube que está procurando por Louis. — Ela finalmente soltou, desviando o olhar para seu colo.
-É justo, não?
-Harry, eu sei q-que... Eu sei que depois do que Louis fez, você quer vingança e isso é justo. — Eleanor tremeu desconfortável ao sentir Harry a fitando minuciosamente. — Mas peço que por favor, não faça nada contra ele.
-Por qual razão eu deixaria de fazer algo para Louis? — Harry franziu o cenho, tentando entender a linha de raciocínio da garota.
-Ele não sabe que estou aqui, Harry... — Ela finalmente o encarou. — Mas quis vir te contar em primeira mão que estou esperando um filho de Louis e quero ter paz para constituir minha família, por favor.
A xícara caiu, espirrando chá por todo o carpete. O corpo de Harry começou a ter mini espasmos de nervosismo e lá estava ele, de joelhos em meio aos cacos de vidro, usando a desculpa de que os recolheria do chão quando na verdade não aguentava o peso de suas próprias pernas.
-Eleanor. — Harry gemeu baixo. — E-Ele matou meus pais, ele destruiu a minha família!
-Eu sei... Eu sei e tenho certeza de que está arrependido, só quero lembrar que o bebê que estou esperando, merece uma família e não tem culpa de nada.
-Você é boa com seus argumentos. — Harry se levantou, ainda encarando o chão. — Não entendo o motivo para ter ficado calada por tanto tempo.
-Eu...
Harry suspirou, cerrando o punho.
-Aurora! — Ele gritou. — Venha recolher essas porcarias do chão!
-Harry, eu só preciso de uma garantia... — Eleanor se levantou, recolhendo sua bolsa de cima da mesa.
-Vá embora daqui! — Grunhiu, apontando para a porta. — Vá! Saia daqui!
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guerrilla; l.s
Roman d'amourAlgo havia mudado em seu rosto e, sob a luz fraca da lamparina, Louis não conseguia decifrar o que significava. Era quase como se ele já soubesse suas razões mas quisesse ouvir da boca de Harry, que sim, ele era o motivo de sua chateação.