No meio da floresta de Noham, podia-se ouvir sussurros atentos e o som da brasa de uma fogueira estalando, estavam do outro lado da ilha onde poucos ousavam pisar. Ele estava lá, Harry estava lá em meio aos rebeldes se questionando que tipo de carne era aquela e por que Louis não parava de sorrir para ele. Pela primeira vez em anos, Harry se sentiu alguém com voz ativa, sempre admirara a irmã pela coragem e astúcia, apesar de sentir receio do que poderia vir a acontecer com sua mãe e Gemma, ele havia feito uma promessa a si mesmo de que voltaria para protegê-las do maluco que um dia chamou de pai. Louis tentava conter o sorriso ao observar o cacheado curioso com a comida, imaginou que talvez ele não estivesse acostumado já que sempre levou uma vida de príncipe, literalmente, então faria o máximo possível para oferecer um pouco de conforto ao rapaz que agora era seu parceiro rebelde.
-Onde Liam está? — Perguntou Harry esperançoso ao que Louis se aproximou e sentou-se ao seu lado.
-Ele está escondido, por enquanto não posso te falar onde mas garanto que ele está bem.
-Escuta Louis, sobre o que aconteceu... — Começou Harry sem graça lembrando-se de quando roubou um beijo de Louis, segurou sua cauda lentamente de forma tímida e se pôs a olhar para o chão.
-Você foi genial. Estupendo. — Respondeu Louis alargando o sorriso.
-Me desculpe por ter te beijado daquela forma. — Pediu Harry escondendo as orelhas entre os cachos.
-Tudo bem, eu sei que foi só um plano metódico para se unir a nós. — Murmurou Louis sorrindo largo. — Além do mais, Grace tem sempre lugar para mais um.
-Grace?
-Minha égua, não é possível que não se lembra! Abusado, estava encima dela agora a pouco na hora da fuga! — Brincou Louis.
-Oh... Grace é adorável! — Respondeu Harry expondo as covinhas e as orelhas que agora voltavam a aparecer enquanto Louis lhe encarava com aquele par de olhos azuis.
-Você acha que Des vai fazer algo por enquanto?
-Não, se eu o conheço bem, ele vai esperar cerca de uma semana até que a turbulência no centro do vilarejo cesse e depois, depois virá atrás de nós. — Respondeu Harry amedrontado enquanto uma híbrido de cão passava por eles rosnando timidamente.
-Não ligue para ela. É Hannah, ela não confia muito em outros híbridos e muito menos no filho do rei mas isso irá mudar, eu garanto! — Resmungou Louis mordiscando a coxa de um peru selvagem.
-As pessoas aqui parecem não confiarem muito em mim.
-Relaxe, eles vão se acostumar. Vamos nos apressar para comer e depois vamos para nossa barraca dormir, amanhã será um grande dia, tenho que ir buscar minha família no outro acampamento. — Explicou Louis.
-Eu vou dormir onde? — Questionou Harry confuso e sem querer parecer exigente.
-Pode dormir comigo, em minha barraca por enquanto e se quiser... Pode usar algumas das minhas roupas.
-É q-que... — Gaguejou o cacheado escondendo novamente as orelhas entre os cachos e abaixando o olhar para as folhas secas caídas ao chão, era adorável aos olhos de Louis.
-Não seja covarde, Harry! — Brincou Louis. — Agora a pouco estava virando o vilarejo de cabeça para baixo, não tema dormir comigo, não farei nada que você não queira. — Sorriu terno para o garoto.
-Hey! Eu não virei o vilarejo de cabeça para baixo, Noham sempre foi rebelde, graças a você. — Reclamou Harry se livrando da culpa e virando a cara com um bico formado nos lábios.
-Agora é graças a nós dois! Parceiros rebeldes. — Sorriu Louis orgulhoso. — Parceiros rebeldes, gostei do nome.
***
Harry sorriu achando engraçado Louis se dedicando tanto para arrumar um simples colchão de palhas para que os dois pudessem se deitar. Uma senhora simpática havia se oferecido para organizar a barraca para os dois mas Louis bufou orgulhoso afirmando que era capaz de arrumar sozinho.
-Não seria uma boa hora para chamar a senhorinha? — Questionou Harry segurando o riso enquanto Louis estava de quatro se esforçando para simular um travesseiro de grama seca.
-Não seria uma boa hora para você calar a boca e vir me ajudar? — Se irritou Louis revirando os olhos e deixando o cacheado sem graça e corado, Louis não sabia que Harry era tão tímido.
-Tudo bem, d-desculpe. — Se agaichou ao lado de Louis com as orelhinhas felinas escondidas entre os cachos volumosos e bagunçados enquanto sua cauda se remexia de uma lado para o outro lentamente.
Após alguns minutos ajeitando a barraca para que ficasse confortável, a floresta ficou em silêncio, isso significava que todos já tinham ido se deitar, mas Harry não estava com sono, Harry estava com medo e ainda pensava em tudo o que havia acontecido mais cedo. Imaginava o que sua mãe e Gemma estariam sentindo e passando nesse momento, ele sabia que Anne iria sofrer muito e odiava pensar nisso mas era automático, infelizmente para sua sanidade.
-Ouviu, Harry? — A voz doce de Louis ecoou na cabeça de Harry fazendo-o voltar para a realidade.
-O quê? — Perguntou virando a cabeça para o lado e franzindo a sobrancelha de forma confusa, Louis sorriu com isso.
-Perguntei se você vai dormir no lado direito ou esquerdo do colchão. — Sorriu expondo as ruguinhas embaixo dos olhos, Harry sorriu.
-Você pode escolher, Louis. Obrigado por me acolher tanto, você é um cara bem legal apesar de tudo. — Riu esperando Louis escolher o seu lado no colchão.
-Apesar de tudo o quê? — Murmurou Louis forçando incredulidade, se deitando e dando palmadas ao seu lado para que Harry o acompanhasse.
-Não sei Louis, — Respondeu olhando para o teto da barraca de palhas enquanto se acomodava. — você é tão rebelde e audacioso, não parecia ser alguém tão doce e encan... esperto.
-Encanesperto? Isso é uma palavra nova ou você ia me chamar de "encantador" e decidiu que ainda era muito cedo para admitir que está caidinho por mim? — Zombou Louis rindo baixinho.
-Não se ache tanto! — Reclamou Harry se escondendo embaixo do lençol fino que os cobria enquanto corava violentamente.
-Posso apagar a lamparina? — Desconversou Louis entrando embaixo do lençol e encarando Harry nos olhos de forma audaciosa.
-Melhor não. — Respondeu Harry virando seu corpo para o lado oposto de Louis. — Boa noite, Tomlinson.
-Boa noite, Harry.
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guerrilla; l.s
RomanceAlgo havia mudado em seu rosto e, sob a luz fraca da lamparina, Louis não conseguia decifrar o que significava. Era quase como se ele já soubesse suas razões mas quisesse ouvir da boca de Harry, que sim, ele era o motivo de sua chateação.