Capítulo 02

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- Mariana, mesa cinco!

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- Mariana, mesa cinco!


A chamada vem do balcão e eu olho para ver os pedidos do grupo de adolescentes que está naquela mesa, pronto. Lucas, um dos ajudantes de cozinha, me sorri antes de passar pelas portas que levam ao seu posto.


- Um cappuccino e um misto. – confirmo com o senhor que está a minha frente.

- Isso mesmo, menina Mari. – ele sorri. O senhor Carlos é um cliente assíduo da lanchonete.


Eu lhe sorrio de volta para depois guardar o bloco de folhas e a caneta no bolso do meu avental e pegar o pedido dos adolescentes esfomeados e berrantes que estão na mesa próxima a porta. Essas criaturas deveriam estar na escola às 9 e meia da manhã, não deveriam? Mas não, estão ali atazanando a vida dos outros.

Adolescente não pode ser desse mundo.

Deixo os pedidos na mesa e me volto para um casal que acabara de chegar ao recinto, lhes entrego o cardápio e dou espaço para que possam escolher, enquanto vou para a cozinha entregar o pedido do senhor Carlos.


A rotina na lanchonete é puxada, mas é um trabalho que eu aprendi a amar, principalmente porque paga em dia e eu ganho gorjetas, o que leva a próxima etapa, consigo pagar o aluguel, as contas e colocar comida em casa, apesar de me sugar todo o tempo.

A Sabor&Cia é uma lanchonete localizada no centro, próximo a lojas e a escolas, além de ficar em frente a um hospital, o que quer dizer que nunca está vazia, apesar de ser pequena.


O dia é corrido e eu não posso reclamar, já que é meu primeiro emprego fixo desde que cheguei a Curitiba. Passei meses vivendo de bico e muitas vezes precisei ficar com fome para não faltar a Liz. Faxinei casas, limpei salão, fui garçonete em buffets e até monitora em festas infantis, até surgir a oportunidade na lanchonete, que agarrei com unhas e dentes.


- Como está Liz, Mari? – Regina pergunta quando entro na cozinha com mais um pedido. Sorrio, vendo-a na chapa assando hambúrgueres.

- Está ótima, Rê! – sorri para ela. – Esperta toda, qualquer dia a trarei aqui para você vê-la.

- Traga sim. – Ela me sorriu.

- Vou voltar para o salão. – Eu digo porque acabo ouvindo o sininho da porta e não posso dar bobeira, pois não sei se é cliente entrando ou saindo.


O fim da tarde finalmente chega e estou cheirando a óleo e suor, mas satisfeita. Tirei meu avental, peguei minha bolsa e saí da lanchonete, após bater o ponto e me despedir de todos.

É a melhor hora do dia.

Vou buscar Liz na Sol Nascente.


Chego pouco depois a ONG que acolhe Liz durante todo o dia. Aquele lugar é a minha tranquilidade, onde minha pequena pode se divertir e aprender, enquanto eu trabalho.


- Oi senhor Osvaldo. – sorrio para o homem que está na portaria. – Viu minha Liz por aí?

- Está na sala de contação, Mari. – ele diz com um sorriso simpático.

- Obrigada.


Após agradecer, adentro a ONG, onde posso ver várias crianças correndo de um lado a outro. Aquela hora é a mais movimentada, é o momento de ir embora, então todos entram em polvorosa.

Bato na porta e em seguida abro, posso ver de longe a donas dos mais belos cachos arrumando livros na prateleira mais baixa. Sorrio.

Liz adora livros e histórias, então no fim do dia ela sempre está ali, arrumando tudo para o dia seguinte. Ela gosta de ajudar.


- Vamos embora? – pergunto e Liz vira, abrindo um imenso sorriso.

- Mari! Finalmente. – vem em minha direção me fazendo rir.

- Desculpa o atraso, tampinha. – beijo sua cabeça. – Da tchau pra tia Helen! – falo para a cuidadora que sorri, enquanto junta papéis que suponho ser desenhos.

- Tchau tia. – ela acena e em seguida sua mãozinha segura a minha.


Após pegarmos sua mochila que tem desenhos de princesas, seguimos em direção ao prédio onde moramos.


- Se você tivesse chegado mais cedo, teria visto o Príncipe Heitor. – ela reclama quando atravessamos uma rua.

- Tenho certeza de que terei outras oportunidades para conhecer seu amiguinho. – sorrio.

- Ele é meu príncipe! – reclama em tom de indignação. Liz tem um gênio forte demais para uma menina pequena de seis anos apenas.

- Ok, seu príncipe. – cedo. – Você quer jantar o quê hoje? – pergunto desviando a atenção dela. Falar de comida ajuda sempre.

- Hot dog! – pede alto e eu solto uma risada. – E na noite de galã você pode conhecer o príncipe.

- É gala. – a corrijo. – E tudo bem, pode ser. 


Sinto que ela saltita feliz ao meu lado, porque minha mão se move de cima a baixo. Nós pegamos um ônibus e seguimos em direção a nossa casa. Um pequeno apartamento localizado no subúrbio de Curitiba, ainda não temos muito, mas o pouco que temos nos é suficiente. Afinal temos o mais importante: uma a outra e paz. O resto é supérfluo.


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Olá babys, aqui quem fala é a Nanda, a outra escritora dessa história!
Eu estou muito feliz e grata porque vocês estão gostando, espero que continuem e apreciem a história linda que eu e Alina estamos escrevendo ❤️
Aliás, eu que respondi os comentários no capítulo anterior, vez ou outra vocês vão me ver por aqui, ok?
Meu perfil é Nanda-books eventualmente posso responder vocês por ele tbm, então não se assustem!

Espero que tenham gostado e deu pra conhecer um pouco da nossa Mari ❤️

Big beijos e domingo sai o próximo!

Na luz do seu olharOnde histórias criam vida. Descubra agora