Mariana
A vida havia me tornado desconfiada, ela havia feito com que eu tivesse uma pele mais grossa para suportar os seus golpes e era assim que eu sobrevivia dia após dia.
Eu era assim e não me arrependia de ser, afinal havia me tornado mais forte dessa forma e assim podia proteger a minha pequena com unhas e dentes. Talvez tenha sido o fato de possuir essa natureza que me fez criar um muro contra Heitor. Querendo ou não, me senti um pouco vulnerável em sua presença desde o primeiro instante que o vi. E eu detestava ser vulnerável.
Mas agora, por causa de um bem comum: Liz, havíamos combinado a tal trégua e eu não tinha certeza de onde isso poderia nos levar.
Saí do trabalho pensativa e fui buscar minha irmã na ONG, ela estava linda, saltitante e sorridente, como sempre.
- Olá minha linda princesa. Como foi seu dia? – eu lhe perguntei assim que sua mãozinha quente tocou a minha.
- Foi ótimo, princesa Mari. – sorriu.
- Você precisa saber em primeira mão que o príncipe Heitor e eu fizemos as pazes. – eu lhe informei enquanto andávamos em direção ao ponto de ônibus. Seus olhinhos de jabuticaba me olharam brilhantes e seu sorriso feliz era tudo o que eu sempre queria ver.
- Você jura, Mari? – quis saber. – Mesmo? Não vão mais brigar?
- Bom... É a intensão. Ok? Não precisa mais se preocupar.
- Que ótimo, vocês têm que ser amigos antes de se apaixonar.
- Apaixonar? – perguntei meio apavorada. – Que história é essa Elizabeth?
- Olha, Mari é nosso ônibus. – apontou. – Podemos fazer macarrão pro jantar? – inquiriu enquanto corríamos para pegar a condução.
E eu sabia que como uma boa espertinha, ela estava mudando de assunto. O que sinceramente era ótimo, tendo em vista que eu não queria ter em pauta um assunto daqueles. Principalmente com minha irmã mais nova.
(*)
O dia seguinte no trabalho fora cansativo e estressante. É péssimo você ter que tratar bem clientes que não te tratam bem. Sorrir quando te olham torcendo o nariz. E aquele dia havia sido exatamente um desses. As pessoas que eu atendera, em sua maioria, havia me tratado mal. Eu estava puta porque era meu emprego, do qual eu precisava, então tive que engolir.
Estava esgotada no fim do dia e só queria ir embora.
- Amanhã é seu sábado de folga. – Regina me lembrou.
- Até segunda, então, Rê.
- Até Mari!
Nos despedimos e eu saí no horário certo para buscar meu pequeno refúgio. O tempo estava começando a esfriar e uma leve garoa caía fina enquanto eu andava em direção a ONG.
- Olá seu Oswaldo. – o cumprimentei.
- Olá Mari. As crianças foram liberadas há pouco, acredito que menina Liz está na sala ainda, Heitor está por aqui. – avisou, sorrindo.
- Então ela está na sala. – ri e entrei.
Meu coração palpitou forte, pois seria a primeira vez que veria Heitor depois do nosso acordo de trégua. Precisava confessar que meu estômago estava em loopings ao imaginar vê-lo novamente. Apenas o pensamento de encarar aqueles profundos olhos azuis, fazia-me arfar. Eu precisava me controlar e colocar na minha cabeça que ele nem era tudo isso.
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Na luz do seu olhar
ChickLitHeitor Stein Müller é o herdeiro da SM Interprise Ltda, empresa multimilionária que sua família comanda há décadas. Só que Heitor não gosta de pertencer ao mundo em que nasceu e vive. Heitor é simples e não gosta do glamour que encobre até a alma de...