Capítulo 04

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Aquela sexta-feira estava particularmente estressante.

Eu amo trabalhar com tecnologia, todavia, detesto trabalhar na empresa que um dia vai ser minha. Ela é sufocante assim como o sobrenome que carrego.

Solto um suspiro olhando os papeis em minha frente, são currículos de jovens programados, dos quais meu pai aceitou nenhum.

É difícil colocar alguma coisa na cabeça dele, principalmente quando ele acha que está sempre certo.

A SM Interprise surgiu na Alemanha, fundada pelo meu bisavô, que na época construía coisas tecnológicas para aqueles tempos, como rádios, por exemplo. Foi em meados da segunda guerra que minha família migrou para o Brasil, meu bisavô deu continuidade à empresa em solo curitibano, que foi passada para o meu avô, em seguida para o meu pai. A SM trabalha com todo tipo de tecnologia, desde fabricando aparelhos até desenvolvendo sistemas, este ultimo é nosso carro chefe. Empresas do Brasil e mundo todo usam softwares desenvolvidos por nós e somos conhecidos pela boa qualidade e atualidade, mas de uns anos para cá meu pai tem pecado demais, ele parece que estacionou e não aceita outras ideias. Desde que entrei na empresa, após ter me formado, começamos a desenvolver jogos e temos feito sucesso, mas o Sênior Müller não quer se modernizar, o que é irônico, já que trabalhamos com tecnologia.

Eu gostaria de novos programadores, ideias joviais, mas ele insiste em manter apenas os velhos.

Isso me estressa.

E me sufoca um pouco mais.

É fim de tarde quando saio da minha sala e decido ir embora, não há nada que eu possa fazer. A minha nova ideia de jogo ainda não é boa o suficiente.

- Já vai, senhor? – Catarina pergunta ao me ver fechar a porta.

- Sim. – assinto.

- E a reunião com os programadores do setor de desenvolvimento?

- Remarque para segunda, por favor.

- Está bem, senhor Stein. Tenha um ótimo fim de semana. – me deseja naquela voz polida de educação.

- Até segunda-feira. – digo e logo em seguida caminho para o elevador.

Tudo ali é polido, limpo e programado. Nada fora do lugar ou da ordem. É essa coisa metódica que me cansa, não há um sopro de vida, é tudo cinza.

E de coisa sem cor, já basta a minha vida.

Olho no relógio de pulso para verificar a hora assim que destravo o meu carro. Solto um suspiro cansado, está tarde para passar na Sol Nascente, com certeza as crianças estão indo embora àquela hora.

Na luz do seu olharOnde histórias criam vida. Descubra agora