Capítulo 16

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Heitor


Depois de o primeiro jantar na casa de Mari, as coisas começaram a se encaminhar em uma rotina que passei a venerar. Com a implantação das novas ideias na empresa eu não tinha mais tanto tempo para disponibilizar as minhas crianças na ONG, em alguns dias só conseguia aparecer lá no final da tarde, o que me resultava em pegar Liz e leva-la até Mari na lanchonete. Agora a minha rotina era jantar com as meninas, colocar Liz na cama e flertar com Mari na soleira da porta. Eu precisava saciar a minha sede daquela boca o mais rápido possível.

Fui tirado dos meus pensamentos pela voz do meu pai.

- Ao menos vejo que você está realmente trabalhando. – ele disse enquanto se sentava a minha frente.
- O que devo a honra dessa visita em minha sala?
- Por que pediu uma secretária ao RH? – inquiriu e eu sabia que ele não queria perder sua fonte de informação.
- Foi necessário, preciso de uma secretária que faça o que eu quero e não o que o senhor manda. Também pedi um assistente e novos funcionários, não era isso que o senhor sempre quis? Que eu começasse a comandar o seu império? – empertigou-se na cadeira e conti um sorriso de vitória.
- Você realmente acredita que essas mudanças darão certo?
- Sim! Precisamos além de ter novas ideias, como também melhorar o time de marketing. O senhor administra muito bem as coisas, financeiramente falando, mas, precisamos inovar em matéria de comercialização e nisso inclui até mesmo os nossos gerentes de marketing. Não adianta inovar sem uma boa imagem a ser transmitida. Mas isso é pauta para a reunião de segunda feira. Agora eu preciso ir. – ele assentiu. Devo admitir que depois que o velho percebeu que eu estava levando a sério esse lance de não deixar a empresa afundar e tem me deixado um pouco em paz.
- Vai para ONG?
- Sim, hoje é sexta-feira e preciso ver se está tudo em ordem. – disse já me levantando e catando as minhas coisas.
- Nós vamos jantar com os Schneider's seria bom você vir. – respirei fundo.
- Não, obrigado.
- Ele tem uma linda filha, Heitor. Acho que já está na hora de você começar a pensar em casamento, afinal você já tem trinta anos e não é mais nenhum rapaz. – sabia que iria chegar a isso. Tentar jogar a herdeira dos Schneider's em mim mais uma vez.
- Não estou interessado nela. Quando estiver interessado em uma mulher para casar e ter filhos, você saberá, por enquanto estou bem sozinho. Agora eu tenho que ir. – sua cara não era a das melhores, mas o que eu poderia fazer? Nada. Não queria nada com aquela família que era muito parecida com a minha, completamente tóxica.

Cheguei na ONG quase em cima da hora, havia combinado de pegar Liz para Mari e quase perco a hora, hoje o pedido de levar a minha pequena princesa havia saído de Mariana, já que era sexta-feira e o expediente era mais corrido do que o normal durante a semana.

- Princesa! – Liz estava conversando com o Sr. Oswaldo que lhe dava a maior atenção.
- Principe Thooooor! – veio em minha direção e se jogou em meus braços.
- Tudo bem? – seu pequeno corpo se afastou e mirou os meus olhos com suas duas bolinhas de chocolate.
- Tudo! Eu estava falando com o tio Oswaldo que estava esperando o meu príncipe, porque a princesa Mari disse que ele que viria me buscar hoje. – disse tão rápido que quase não consegui acompanhar a mocinha esbaforida. – Viu tio, ele veio!
- Sim senhorita! Tudo bem meu jovem?
- Tudo e com o senhor? Sabe dizer se a diretora está ai?
- Ela já foi, há algum tempo. Estou bem pela graça de Deus. – o velhinho respondeu e assenti.
- Bom, então eu vou levar essa mocinha aqui para lanchar e esperar a irmã. Tenha um bom final de semana.
- Tchau tio, até segunda. – Liz acenava para ele, a mesma ainda estava em meus braços.
- Bom final de semana para vocês. – disse e nos afastamos. Liz só saiu do meu colo para dentro do carro.
- Por que eu tenho que vir aqui atrás? – questionou quando entrei no lado do motorista.
- A senhorita ainda é pequena para andar na frente.
- Oras, mas eu sou uma mocinha! – cruzou os braços. – A princesa Mari vive dizendo para me comportar igual uma mocinha.
- Uma mocinha pequena, porem uma mocinha linda e obediente, não é? – assentiu. – Então a senhorita ainda não pode andar aqui na frente, mas quando crescer vai poder.
- Tá bom. É por isso que eu como tudo, para crescer logo. – sorri.
- Isso mesmo princesa. Agora vamos lá encontrar a princesa Mari? – seu sorriso foi iluminador.
- SIM PIRILIM! – soltamos uma risada assim que ela expressou sua alegria. Ver minha pequena feliz era algo que deixava parte do meu dia completo, agora só faltava encontrar a princesa marrentinha.

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