MichelleMe recordo bem da minha época no orfanato.
Chegamos lá já tínhamos 7 anos. Eu e Marjorie, ao contrário da maioria, ficando felizes demais em conseguir entrar lá. Afinal, pelo menos seria um teto na nossa cabeça.
A mulher que nos gerou, juntamente com o doador de esperma, achou que éramos um fardo pra eles, e que estávamos atrapalhando suas vidas por sermos em duas, aí tiveram a brilhante idéia de nos largar embaixo do viaduto.
Olha que brilhante!
Só tínhamos 5 anos quando eles decidiram fazer isso e, só sobrevivemos mesmo, porque tinha uma senhorinha moradora de rua, que cuidou de nós.
Demorou anos pra que eu esquecesse dos gritos que Majo dava quando sentia frio. E, algo que eu nunca consegui esquecer, foi a forma como eu a escondia entre os papelões, pra que nenhum mendigo ou bêbado, a achasse.
Passamos 2 anos nisso. Lembro que eu revirava muito lixo pra dar comida a Marjorie. Lembro que um dia eu perguntei a ela qual era o maior sonho dela, ela me respondeu que era experimentar do negocinho rosa. Sabe o que era o tal negócio rosa? Iogurte.
Isso partiu meu coração de uma maneira.Eu não tinha esse Sonho. Meu sonho é que ela ficasse segura, e quentinha. Um dia uma moça me deu um casaco de moletom. Mas deu só pra mim, e não deu a Majo. Lembro que eu nunca senti tanto frio como naquele dia, mas tudo reduziu a pó, quando olhei pra ela e a vi batendo queixo.
Não pensei duas vezes e tirei meu casaco e pus nela.
Passado poucos dias, um homem e uma mulher encostaram perto do viaduto onde a gente morava. Eles eram bonitos, e vestiam uma blusa igual. Deveria ser uniforme. Chegaram, perguntando sobre nós, nossos pais, como vivíamos e como era nosso dia a dia. Achei estranho, mas Marjorie, como sempre, era simpática e amorosa demais, respondeu a todas as perguntas.
No final do dia, eles nos informaram que eram conselheiros tutelares, e que iriam nos levar até um lugar chamado orfanato. Desconfiada como eu era, perguntei a eles do que se tratava, e me explicaram que era um lugar onde teríamos camas quentes pra dormir, e comida todo dia. Eu nem pensei duas vezes, só respondi: vamos agora?
Eu que não ia negar uma oportunidade dessa.
Foram os 3 melhores anos da minha vida. Tinha problemas? Tinha sim. Era um hotel 5 estrelas? Nem de perto. Mas só de saber que Majo não ia mais bater queixo, eu já estava feliz.
O costume das ruas me fizeram ser observadora. E eu percebi, que tinha um casal que sempre tava por lá. O homem, sempre me olhavam com cara de bobão. Já a mulher, não parava de falar com a supervisora lá. Pelo visto ela era bem faladeira, e me olhava muito.
Um dia, a supervisora me chamou na sala dela:
Supervisora: Bom Michelle - o casal estava lá - estamos aqui pra te dar uma notícia boa.
Miih: E qual é? - perguntei desconfiada
Supervisora: Esses sai Alana e Paulo, e eles querem ser seus pais.
Miih: Sério? - Perguntei diretamente pra eles
Paulo: Sim Michelle. Querermos te dar um lar
Miih: Nossa - Imaginei mil e um cenários na casa deles, onde eu teria um quarto só pra mim, e que iria pra escola, e Marjorie iria poder tomar quantos iogurtes ela quisesse. Espera.. - E minha irmã?
Supervisora: Marjorie vai continuar aqui conosco por mais um tempo.
Miih: Como é?
Supervisora: Ela vai aguardar outra família aqui, querida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Refém (CONCLUÍDA)
ChickLitLivro 2 - Para melhor compreensão, recomendo ler "Réu". Contaremos aqui, a história de Michelle e Pezão, que já foi adiantada em Réu. Porém, pra melhor entendimento, iremos voltar em alguns acontecimentos Ok..? Não sou nenhum exemplo de língua port...