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Mark entrou no refeitório aquela manhã todo animadinho. Com seu cabelo constantemente vermelho e com seu sorrisinho, ele foi pegar seu lanche e depois se sentou no seu tão costumeiro lugar. Deu uma mordida em seu sanduíche e em seguida teve sua atenção tomada por uma certa pessoa. Ele sorriu, mas internamente, ninguém precisava saber de sua quedinha pelo menino que ficava constantemente com os cabelos pretos.

O Lee não sabia como disfarçar sua admiração por aquele menino, na verdade ele não conseguia disfarçar sua admiração e curiosidade. Porque no mundo em que eles vivem, mudar a cor de cabelo é natural. Acontece sempre que seu humor muda e se o cabelo daquele menino fica sempre preto, algo está errado.

O canadense é alguém curioso, sabe. E ele também sempre questiona tudo. Inclusive, o que ele mais tem se questionado ultimamente, é porque ele sente coisas estranhas quando o menino de cabelo preto aparece. Não é normal ele sorrir de orelha a orelha e muito menos sentir coisas estranhas na barriga. Ele não quer que para, longe disso, até porque ele sabe que isso são coisas boas, mas ele quer entender o porquê.

Mark olhou mais uma vez na direção do menino e mais uma vez ele estava olhando para baixo e com os fones em seus ouvidos. Era curioso. Ele não tinha amigos, não falava com ninguém e parecia estar sempre em seu mundo. Nada do que acontecia ao redor, parecia interessar a ele.

Mark Lee precisava conhecê-lo.

O menino Lee acabou tendo sua atenção tirada da outra mesa, quando Jaemin apareceu. O rosado, estava feliz e isso não era novidade. Afinal, é assim que pessoas constantemente apaixonadas ficam, ou o Jaemin só é muito alegre mesmo.

- Tá pensando em quê? - Jaemin perguntou colocando a bandeja sob a mesa e se sentando ao lado do amigo.

- Nele. - Respondeu Mark olhando para a outra mesa. A mais afastada de todas as outras. Porque ele gostava de ficar sozinho? Era tudo tão confuso.

Jaemin suspirou.

- Você já pensou, sei lá, em chegar nele? - O Na mordeu seu salgado e encarou o amigo. - Nós estamos no último ano, Mark, essa é sua última chance.

O Lee suspirou alto. Ele queria, na verdade ele queria muito. Mas não conseguia. Na verdade, ele não consegue chegar em ninguém.

- Eu sei...

Jaemin riu e abraçou o amigo de lado. O rosado sabia que Mark era um tanto tímido e chegar em alguém, estava fora de questão. Mas ainda sim, ele sempre estava incentivando o amigo.

-Vai dar tudo certo, parceiro, pensa positivo.

Mark riu.

Jaemin era legal, porém nem sempre.

◌♡◌

Donghyuck saiu da escola aquela tarde e foi direto pra biblioteca da cidade. Não queria ir pra casa. Ele sempre que podia fazia algo pra ficar longe daquele lugar. Sua casa era o último lugar em que ele se sentia bem e isso já fazia anos.

Lee Donghyuck, dezenove anos e uma das poucas pessoas que a cor de cabelo não muda, por mais que ele tente, ele nunca consegue. E sempre o preto e isso é um tanto exaustivo. Hyuck chegou em um ponto de sua vida que nada mais o deixava feliz, talvez falar com Renjun o deixe feliz. Ou talvez não, ele não sabe mais o que é felicidade.

Ao entrar na biblioteca, ele acabou rindo. Aquele lugar lhe trazia paz. Sua mãe costumava ler para ele toda noite e foi assim que ele adquiriu o hábito de ler. Chegou um ponto que a mais velha nem escolhia mas os livros, Donghyuck entregava o livro que ele queria e ela lia. Era um momento só deles.

Mas tudo mudou.

Sua mãe se casou de novo e sua vida virou um verdadeiro inferno. Nada mais era como antes. Só que ainda sim, os dois ainda tinham o momento só deles. Mãe e filho. Donghyuck a amava mais do que tudo, ela era a única coisa que importava pra ele. A única pessoa que sempre estava ali pra ele. Até porque, ele não tinha tios, avós, ou qualquer parente. Ele só tinha a mãe e para ele era a única que importava.

Mas ninguém vive para sempre.

Desde então, a vida do Lee virou do avesso e até hoje ele não sabe o que fazer. A vida de Donghyuck ultimamente e chorar. Nada mais que isso. E ele realmente não aguenta mais. Ele tá chegando no limite.

Ele entrou na biblioteca, cumprimentou a velhinha simpática que ficava no balcão e foi para seu lugar. Era basicamente um mesa bem afastada de tudo e de todos onde ele podia ouvir suas músicas e não se importar com nada.

Era bom e ele realmente gostava.

(...)

Donghyuck já estava no seu terceiro livro, quando ele se deu conta da hora. Ele não podia chegar em casa tarde. Ele recolheu tudo que era seu, guardou os livros nas estantes, se despediu da velhinha e saiu. No caminho até sua casa, o Lee se permitiu olhar pro céu. Já tinha um tempinho que ele não fazia isso.

Ele e sua mãe costumavam fazer isso. Era bom e relaxante. Ele riu ao lembrar que ela e sua mãe, estavam sempre fazendo algo juntos. Era bom e agora está no passado. Lembra do passado doía.

Ele ficou o caminho todo lembrando do passado, lembrando das coisas boas, lembrando do presente e foi aí que um certo alguém veio à sua cabeça.

Donghyuck nunca se interessou por ninguém, por ninguém mesmo. Só que quando ele viu um menino com os cabelos vermelhos, tudo mudou. Donghyuck passou a sorrir, não sempre, mas de vez em quando sim. Ele gostava da sensação, gostava das coisas boas que o outro menino lhe proporciona.

Mas era tudo tão inalcançável, que ele desistiu antes de começar. O mal do ser humano e desisti sem ter tentado.

Ao chegar na porta de casa, Donghyuck respirou fundo. Ele sentiu seu coração acelerado. Ele não tinha pra onde ir. Ele só tinha aquela casa. Ele só tinha ELE. Era melhor do que nada, né? Ele estava sempre tentando se convencer que ter ELE, era melhor do que não ter ninguém.

Às vezes Donghyuck não queria ter ninguém, não ter ninguém devia ser melhor do que ter ELE.

Ele entrou em casa. E foi aí que o inferno começou.

Black Hair - MarkHyuck ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora