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Marinette abriu os olhos, sentindo os braços de Chat firmes em torno da sua cintura. Ainda estavam despidos, e ele provavelmente já havia "voltado a ser abóbora", como costumava dizer.

Sorriu, suspirando.

Ela amava ficar daquele jeito com ele. Se ajeitou no seu peito (tomando cuidado pra não ver sua identidade sem querer) e dormiu outra vez.

Quando acordou de novo, Chat fazia carinho no seu cabelo, já vestido, provavelmente de banho tomado e transformação re-feita.

— Oi, Bela Adormecida — sorriu.

A mestiça revirou os olhos e puxou os lençóis pra poder se sentar e cobrir os seios. Os olhos dele percorreram sua pele e ela se sentiu corar.

— Para de me olhar, gato estúpido! — tacou um travesseiro nele, que foi prontamente desviado.

— Você sempre está linda, prrrcess. Mas hoje parece ainda mais bonita — ele acariciou seu rosto e lhe deu um selinho.

Ela sentiu algo pesar no peito.

Amavam pessoas diferentes, mas ainda assim estavam ali, compartilhando a mesma cama. Ainda assim queriam estar juntos, induzidos por carência, cumplicidade e algumas xícaras de chocolate quente, nas longas noites na varanda dela.

Droga, parte de si amava Chat também.

Então, resolveu que contaria ser Ladybug. Ele merecia saber que a garota que sempre amou o correspondia de certa forma. Mas os beijos se tornaram mais intensos, e logo estavam enroscados um no outro novamente.

E quando ele foi embora naquele começo de madrugada, Marinette não deu atenção ao aperto que sentia no peito.

Não o veria por um longo tempo. Não como civil.

[...]

Havia menos de duas horas que Gabriel Agreste havia sido levado para a prisão pelos crimes contra a cidade e seus cidadãos. Ladybug ainda estava atônita, mas nada se comparava com o estado de choque em que Chat se encontrava. Se recusou a ver a cena. Principalmente quando tiraram o corpo da Sra. Agreste de dentro do subterrâneo da mansão.

Ele não falou com a parceira. Não aceitou sua ajuda e nem quis conversar.

De certo modo, Ladybug estava se acostumando a ter o gatuno meio arredio, desde que se envolveu com ele como Marinette. Ela achava uma gracinha ele manter uma fidelidade que ninguém exigia — mesmo que ela também fizesse isso.

Mas naquele momento era muito óbvio que ele precisava de alguém.

Entendeu que Ladybug não poderia fazer mais nada. Estava acabado. Precisavam decidir o quê fazer com os Miraculous, mas ela também estava cansada demais pra tentar insistir. Sabia que quando as coisas ficassem realmente horríveis, Chat bateria no seu alçapão pra conversar e desabafar.

E então ela o acolheria.

Mas ele não apareceu.

Bem, era óbvio que talvez ele quisesse tentar resolver sozinho.

Mas Chat Noir não apareceu de jeito nenhum naquela semana. Nem nas rondas (que agora eram apenas pra prender ladrões, e talvez conversar um pouco).

E nas semanas seguintes ele também não deu as caras, e simplesmente sumiu no mapa.

Marinette estava começando a perceber a verdade que ela não queria perceber: Chat Noir simplesmente a abandonou. Suas duas identidades.

E como se não bastasse, Adrien estava indo embora de Paris, e só falava com Nino. Por fim, acabou sumindo também.

[...]

— Não, não, não... — a morena segurava o teste de farmácia entre os dedos. — Por favor...

Mas assim como nos outros três testes (de marcas e tipos diferentes), o resultado foi certeiro: 𝐩𝐨𝐬𝐢𝐭𝐢𝐯𝐨.

— Mari... — Tikki flutuou até ela e colocou as "mãozinhas" no seu cabelo.

— O quê eu faço agora, Tikki? — Marinette sentiu os olhos arderem. — Eu estou fodida! Meus pais vão ficar tão decepcionados. E o pior... eu nem sei quem é o pai do meu bebê!

— Marinette, esse bebê só pode ser filho do...

— Isso não muda o fato de que não sei quem ele é, Tikki — ela jogou os testes no lixo, ainda sentindo o ácido do vômito na boca.

As lágrimas desciam grossas pelo rosto, e a mestiça não conseguia contê-las. Sabia que chorar não adiantava nada, mas se sentia mais leve assim. Chorou até dormir, enroscada na cama e com Tikki nos seus cabelos.

Mas naquele choro ela decidiu que: α) não queria saber quem era Chat Noir, até porque ele tinha sumido, e provavelmente se cansado de usá-la como brinquedo; e ɓ) ela sabia que ia ser muito, muito difícil, mas ia ter a criança  e dar pra ela todo o amor que tivesse disponível no seu corpo. 

𝔸𝕝𝕝 𝕄𝕪 𝕃𝕠𝕧𝕖Onde histórias criam vida. Descubra agora