เɳ ƭɦε cαƭ'ร ραω

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Marinette estava completamente arrasada.
Passou boa parte da noite chorando. Como Chat Noir mudou tanto? O quê foi feito do seu gatinho tão adorável? “Eu realmente não me importo com o menino”. Aquilo doeu no seu coração. Ele não tinha sentimentos pelo filho? Ele não... não poderia achar que era de outro, certo? Não poderia ser tão cego e estúpido a esse ponto.
De manhã estava um caco. Parecia que tinha pegado uma gripe ou sido atropelada por um trator.

— Mamãe, 'tá dodói? — Hugo perguntou, apoiando a cabeça nas suas pernas.

— É só uma alergia — ela sorriu, terminando uma maquiagem sutil. — Eu vou ficar bem.

— Parece triste — ele murmurou.

— A mamãe está bem, ok? Hoje você vai ficar com a vovó e o vovô — Marinette tocou o nariz dele. — Eu te amo muito.

— Também te amo, mamãe — Hugo a abraçou.

Marinette mordeu os lábios pra não chorar.
No fim, tudo valia a pena. Ver seu filho bem e feliz era o que importava. Ela ia se recuperar. Não precisavam de Noir na vida deles.

[...]

Certo, com a parceria com a Gabriel, ela praticamente vivia lá dentro. E descobriu que conseguia se concentrar melhor lá.
Já tinha planos para a renda que ia ganhar com a linha: repor as reservas que seus pais gastaram com ela e com Hugo, e finalmente conseguir juntar o suficiente pra sair da casa deles. Sim, Marinette os amava, Hugo também, mas ele estava crescendo, e o quarto dela estava ficando menor. O lugar que queria alugar era pertinho dali, poucas quadras de diferença. E poderia deixar Hugo com eles sempre que fosse trabalhar na Gabriel — o que era quase todos os dias.

Suspirou, cansada. Estava guardando tudo por tanto tempo... o segredo da paternidade de Hugo nunca foi tão pesado e doloroso. Se sentia capaz de chorar se qualquer pergunta fosse feita a respeito disso.

— Marinette? — alguém a chamou na porta da sala que foi designada pra ela.

Levantou os olhos com medo. Parecia a voz dele.

— Adrien? — franziu a testa, largando o lápis. — Quer dizer, ahn, em que posso ajudar?

Adrien a olhou, sentindo o coração palpitar. Não podia fazer merda. Não agora. Tinha que colocar o seu plano em prática.

— Bom, é horário de almoço. Quer comer alguma coisa?

— Com você?

— Se não quiser, não tem problema — ele deu de ombros. — Eu tô acostumado a fazer refeições sozinho. Só achei que ia querer almoçar. E eu queria conversar com você, sabe. Faz muito tempo.

— Tudo bem, eu só... nada, deixa pra lá. Podemos comer alguma coisa — Marinette abriu um sorriso gentil. — Tem um lugar ótimo aqui perto.

Eles saíram da Gabriel e ela o conduziu até uma cafeteria ali perto. Era um lugar discreto, pequeno, mas aconchegante.

— Gostei daqui — ele comentou.

— Ah, aqui é muito bom. É da família de uma amiga da faculdade. São americanos, e os doces e tortas são realmente fantásticos! — Marinette sorriu.

— Ei, Mari — uma mocinha de uns dezesseis anos apareceu. — Estava com saudades. Cadê o Hugo? Faz tempo que não traz ele pra vermos.

— Louise! — Mari sorriu. — Também estava com saudades. O Hugo está com meus pais, mas prometo trazer ele. Manda um beijo pra sua mãe.

— Será mandado. Então, qual o pedido?

Depois que os pedidos foram feitos, Marinette percebou o olhar de Adrien sobre si, e o fitou. As bochechas dele assumiram um certo tom rosado, mas ele sorriu pequeno.

— Os anos fizeram bem pra você, Marinette.

— Obrigada — o sorriso dela se tornou constrangido.

— Eu acho que perdi muita coisa nesse tempo todo — ele comentou.

— Acho que não foi o único — ela murmurou consigo mesma. — Mas, eu imagino que tenha sido necessário, sabe, você sumir. Não consigo nem imaginar o que estava passando.

Adrien deu de ombros, brincando com o guardanapo.

— Acho que você tinha seus problemas, Mari. A vida de ninguém é perfeita. Pelo menos mantive contato com o Nino.

— Imagino que ele tenha falado sobre Hugo.

Marinette não o olhava nos olhos. Fitava a vitrine.
Antes que pudesse pensar em dizer algo, os pedidos chegaram. Louise saiu desejando um bom apetite, e ele viu a oportunidade de mudar de assunto.

— Marinette, eu queria, na verdade, te pedir um favor — ele disse, bebendo do café amargo que tinha pedido.

— Um favor? — a mestiça o olhou, curiosa, enquanto tomava seu capuccino.

— Eu gostaria que me ajudasse a organizar um desfile beneficente — ele disse, ajeitando os óculos de um jeito que Marinette certamente tinha achado atraente.

— Mas, a Nathalie...

— Ela é eficiente, mas você é jovem. Quero uma nova perspectiva. Nada tão monocromático quanto era com Gabriel. E Nathalie certamente precisaria de ajuda. Então estaríamos de volta a você.

— Eu nem ser o quê dizer — ela disse, surpresa ainda.

Adrien sorriu de lado.
Um fucking sorriso sexy. Ela faria qualquer coisa que pedisse, se continuasse sorrindo assim.

— Diga que aceita, Mari — disse ele. — Diga que vai me ajudar.

𝔸𝕝𝕝 𝕄𝕪 𝕃𝕠𝕧𝕖Onde histórias criam vida. Descubra agora