ɳαรcเɱεɳƭσ

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Marinette já tinha pensando em diversas possibilidades de como seria a vinda de Hugo e tinha tomado várias decisões. A ideia de nascer em casa lhe parecia loucura, seu quarto era aconchegante, mas pequeno e seria um caos.

Por todas as orientações que recebeu e leu sabia que mesmo que acabasse precisando de uma cesárea, o melhor seria esperar pelo parto normal.

E já tinha ouvido isso algumas vezes, mas só agora entendia. Uma gestação dura oito meses e uma eternidade e não nove meses como se costuma pensar. O último mês estava sendo infernal, seus pés pareciam dois pães de tão inchados! E acabava ficando a maior parte do tempo que podia com as pernas apoiadas.

Quando Hugo fosse nascer, iria para o centro obstétrico e avisaria o médico que a acompanhava. Porém, a chance de que pudesse atendê-la não era alta na França era muito comum que o nascimento fosse acompanhado apenas pela obstetriz um médico só intervia quando necessário, mas todo centro obstétrico tenha pelo menos um de plantão.

Estava com trinta e nove semanas e quatro dias e já começava a se preocupar com o bem estar de Hugo. Na última consulta o Dr. Fontaine tinha pedido um exame de urina estranho onde ela precisava guardar toda a urina do dia e ele começava a falar na possibilidade de induzir o parto.

Aquele dia estava com um pouco de queimação e nem comeu direito e depois do jantar ela começou a sentir algumas contrações leves, pensou que fossem as tais contrações de treinamento. Mas perto da uma da manhã acordou com sua cama toda molhada. Que merda tinha sido aquilo? Não fazia xixi na cama há séculos! E que pensamento idiota, mas tinha acabado de acordar! A bolsa tinha rompido! O que mesmo deveria fazer?! Então veio uma contração e essa não parecia em nada de treinamento! E ela acabou dando um gemido de dor que despertou sua companheira vermelhinha.

— Mari? O que houve? — Disse sonolenta voando até a portadora.

— O Hugo, Tikki, acho que está na hora… Eu… Vou avisar meus pais! Olha… melhor que você não vá na bolsa, não sei como será lá. — A vermelhinha olhou para ela, entendi porque não deveria ir, mas gostaria muito de acompanhar a portadora.

— Espero que volte logo com o Hugo, Mari! Quero muito conhecê-lo!

Depois que o incômodo passou ela levantou da cama e desceu as escadas com cuidado tirou o pijama e pegou qualquer camiseta, a primeira que colocou a mão e uma saia longa. Acabou trocando a calcinha, pois a sua estava toda molhada e colocando um absorvente que estava ali na gaveta, torcendo que fosse o suficiente para que não se molhasse toda novamente. Talvez aquilo fosse muito idiota, mas fez assim mesmo. Foi até o quarto dos pais.

Ligaram para o Sr. Fontaine, mas ele estava atendendo outra paciente, disse palavras encorajadoras e orientou que seguissem para o centro. Sabine e Tom não tinham carro, e chamaram um. O centro obstétrico não ficava longe e se fosse de dia, poderiam arriscar ir andando, com calma, mas não àquela hora. Não era motivo de muita urgência, Sabine sabia como era e enquanto esperavam o carro verificaram o intervalo de cada contração e a duração. Estavam ritmadas a cada dez minutos, mas não durava muito, no máximo meio minuto. Ainda assim, era evidente que a hora tinha chegado.

Logo que chegaram ao centro obstétrico Marinette foi levada de cadeiras de rodas para a sala de parto, enquanto Tom e Sabine entregavam os documentos na recepção. As contrações eram muito piores do que as cólicas de menstruação, ainda assim preferia ficar em pé andar e sentar, mover-se fazia com que ajustasse sua própria posição para o momento que a musculatura se contraia. Uma enfermeira a ajudou a tirar todas as roupas e colocar um avental.

Mesmo sem nenhum de seus pais ali, o médico que estava de plantão a examinou. Disse que estava com sete centímetro e precisava de mais. Pediu que pegassem a veia e colocassem soro enquanto viu Marinette se contorcer em uma contração, mandou que ficasse deitada.

O tempo passava e Marinette começava a se sentir desesperada, não poderia precisar quantos minutos, mas as contrações começaram a vir cada vez mais fortes e a maca era estreita, ela mal conseguia se mexer ali. Queria pedir algo para que aliviasse no momento que a musculatura contraía. Talvez devesse pedir uma anestesia afinal de contas, talvez aquilo fosse mais complicado do que havia achado inicialmente. Agora ela mal conseguia respirar entre uma contração e outra, sentia que mal tinha tempo de aspirar o ar. Onde estavam seus pais? Por que demoravam tanto? A mãe! A mãe poderia ajudá-la certo? Então o médico se aproximou novamente e ela cogitava pedir pela anestesia, mas uma nova contração fez com que seu corpo se encolhesse de dor.

— Mãe solteira, né gracinha? Dezoito ou dezenove… Na hora de fazer não estava bom?

Meu Deus quem era aquele calhorda de médico! Sua vontade era saltar no pescoço dele e arrancar a jugular com os dentes. Mas Sabine estava entrando na sala naquele exato momento e quando ouviu aquilo e se tivesse uma vassoura na mão tinha dado com ela na cabeça do médico. As enfermeiras olharam, outra gestante que estava em outra maca junto com o parceiro deu um sorriso largo.

Sabine se aproximou de Marinette apertando o equipo impedindo que o soro descesse.

— Quem foi que disse que ela precisava de “soro”? Foi o senhor? Bom, espero por bem que esse local tenha algum outro médico de plantão, pois, o senhor está proibido de chegar a menos de um metro da minha filha seu imbecil!

Uma das enfermeiras ficou entre Sabine e o médico, mas logo ele disse a ela que tirasse o soro que pediria que outro médico viesse.

Marinette não sabia, mas aquele soro tinha ocitocina o que faria que as coisas fossem mais rápidas, mas não menos dolorosas. Depois que tiraram, alguns minutos mais tarde, as contrações ainda vinham, fortes, mas não tão doloridas. Ao menos achava que conseguia respirar. Passou-se algum tempo ali, a obstetriz olhava para Marinette satisfeita, mas não dizia nada. Mas orientou que descesse da maca e caminhasse pela sala restrita, pois aquilo ajudava a dilatar. E Sabine não saiu mais do lado dela, mas disse que Tom não entraria, achava que o pai atrapalharia naquele momento.

Outra médica veio momentos depois, parecia cansada, talvez estivesse dormindo quando foi chamada. Não parecia de muito bom humor.

— Ah… Você é?

— Dupain Cheng…

— Não, mocinha, seu nome.

— Marinette.

— Olha, Marinette, sinto muito pelo meu colega. Ele… não gosta muito de mães jovens, ele não deveria ter aberto a boca. Como vai se chamar seu bebê?

— Hugo, vai se chamar Hugo.

— Então, vamos andar um pouco mais, que o trabalho de parto é exatamente isso, trabalho. Se fosse fácil teria outro nome, certo? Vamos ver o Hugo antes do sol nascer está bem?

Marinette ainda gostaria de uma anestesia, mas só o fato de ter se livrado do “soro” já tinha melhorado muito as coisas. Quando ela falou sobre a analgesia com a médica ela respondeu que não faltava muito, perguntou se não poderia seguir sem, por mais um pouquinho… A expectativa de faltar pouco e o medo de uma agulha em sua coluna a fizeram reconsiderar e a médica não tinha mentido, mais meia hora depois Hugo estava em seus braços.

Notas da Kenderline:

Bem... esse capitulo é um tiquinho da realidade Brasil de partos.

Pode acreditar, ainda tem médico que fala essas coisas. Nos bons hospitais em lugares onde as mulheres são melhor informadas menos. Mas ainda assim acontece.
Toda parturiente tem direito a um(a) acompanhante na hora do parto no Brasil (é lei).

𝔸𝕝𝕝 𝕄𝕪 𝕃𝕠𝕧𝕖Onde histórias criam vida. Descubra agora