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Escrito pela Kenderline

Marinette esperava pelo horário da consulta médica. Na sala de espera junto com ela havia dois casais. Uma das mulheres já com a barriga totalmente evidente e outra no começo como ela, ou talvez nem estivesse grávida ainda, mas tentando.

Sabine perguntou a ela se gostaria que fosse junto à consulta, mas Marinette preferiu que não se ela sozinha na sala de espera já parecia mãe solteira, com a mãe dela ao lado então estaria escrito na sua testa.

A primeira consulta, com a médica que a acompanhava desde os doze anos tinha sido… Uma catástrofe! Ainda se lembrava das duras palavras nada relacionadas à sua situação clínica. Intrometida!

“Vê isso na tela, Marinette? Isso não é uma criança, é um embrião! Será criança quando estiver no seu colo com quatro perguntando que é o pai. E o que você vai dizer? Que não sabe ou que não vai contar?!”

“Você não tem profissão, acabou de concluir o ensino médio, vive na casa dos seus pais!”

“Você e o bonitão fazem uma festinha particular e seus pais é que vão pagar a conta! Porque quando esse embrião se tornar uma criança, aí sim é que vocês não terão opção, que bela merda que você fez com os seus pais!”

E mesmo na sala de espera de outro consultório aqueles comentários ardiam. Não havia dia que não se lamentasse por não ter prestado mais atenção ou ter feito as coisas de outra forma. Sabia que até poderia entrar com algum processo ético sobre a médica anterior, mas isso pouco importava naquele momento. E agora não poderia fazer de outro jeito, não se importava quantos centímetros tinha, ou se era permitido ou não, para ela, já era seu bebê, dela e de Chat… Que tinha simplesmente sumido! O coração pulsava, meu Deus tinha um coração de outra pessoa dentro dela! Se por um lado odiava o gatuno por estar naquela merda sozinha por outro ainda tinha dúvidas de qual teria sido o motivo de seu sumiço. Queria acreditar que Chat tinha tido um bom motivo… Às vezes olhava pela janela do quarto esperando que aparecesse.

— Srta. Dupain Cheng? — O médico a chamou. — Pode entrar na sala, por favor.

O Sr. Fontaine era um obstetra com cerca de cinquenta e muitos ou sessenta anos. Primeiro ele fez perguntas sobre o ciclo menstrual, problemas de saúde prévios, então perguntou sobre datas. Marinette mencionou que já havia passado em outro profissional de saúde antes, mas que decidiu por acompanhar com outra pessoa. Ele perguntou sobre o parceiro dela, mas por estar totalmente desconfortável sobre o assunto por conta da consulta anterior ela olhou para baixo antes que lhe ocorresse uma resposta.

— Olha só Srta Dupain Cheng, isso não é problema meu, e vou lhe atender da mesma forma sabendo ou não. Mas existem doenças e questões relacionadas à saúde do bebê e a sua que envolvem a saúde do pai biológico, por isso a pergunta. Mas entendo que seja uma situação delicada, não perguntarei mais, certo?

Depois ele fez o exame clínico. Marinette sempre se sentiu desconfortável com alguém tocando seu corpo desta forma em uma situação de não intimidade. Mas ele era totalmente profissional e o exame foi rápido.

Então a coleta de exames. Ela nunca tinha se preocupado realmente, tinha confiado em Chat totalmente e o médico havia explicado que mesmo que fosse casada ou que tivesse uma relação estável com o parceiro, ainda assim coletaria todos os exames. HIV, hepatites virais, herpes, sífilis… O quanto o gatuno tinha… Se exposto por aí? Poderia ter passado algo a ela? Poderia ter prejudicado a ela e ao bebê? Não gostava de pensar com quantas Chat poderia ter transado antes dela, ele sempre pareceu muito disposto a se divertir. 

Ao final ele prescreveu alguns complementos de vitaminas e assegurou que estava tudo bem. Orientou coisas básicas como comer por dois não existe, o aumento excessivo de peso se acontecesse seria um problema. Atividades físicas sim, mas com moderação apenas o que já estivesse acostumada. Explicou que no início poderia ganhar ou perder peso, dependendo de quanto estivesse ficando enjoada e que isso não era considerado um problema. Que apenas depois do primeiro trimestre que teria um ganho de peso constante.

***

O tempo e as consultas passavam e seu corpo se modificava. No começo enjoos, principalmente matinais e muito sono. Depois, não conseguia passar mais que uma ou duas horas sem fazer xixi. As férias acabaram e o curso de moda e desenho, para o qual havia passado iria começar. Ela teria desistido, pois, pensava em trabalhar, mas os pais não deixaram.

Sabine e Tom compravam um enxoval para o bebê aos poucos e ela sentia-se a pior filha do mundo. Não bastava que a padaria lhes consumisse um tempo enorme de trabalho agora se preocupavam também com o filho dela.

Seu orgulho fazia com que os ajudasse muito mais na padaria, como retribuição e que participasse de concursos de desenho, pegasse pequenos jobs como animadora de festas infantis ou baby-sitter. Como forma de gastar menos, fazia os desenhos das roupinhas para ele e comprava o tecido e confeccionava as peças. As roupinhas eram caras! Logo descobria o que era melhor costurar o que era melhor comprar pronto mesmo.

***

— Mas Mari! Nem para mim você irá contar? Você era apaixonada pelo Adrien, não foi com ele que…

— Não, Alya! Eu já disse, não posso lhe dizer, eu fui numa balada, bebi demais estava carente. Nunca o vi novamente, ele nem sabe!

— Mas quem estava nessa balada?! Por que não fomos juntas?! Foi alguém do Dupont? Não tinha ninguém com você que poderia dizer com quem você estava?

As pequenas mentiras vinham fáceis tinha que dizer alguma coisa! Tanto Alya quanto os pais dela insistiam em saber quem era o pai. Não por quererem que assumisse, mas por saberem o problema potencial daquela situação. Um dia a criança perguntaria, e era justo que soubesse. O correto era que o pai pelo menos tivesse ciência daquela situação.

***

Os enjoos a muito tinham ficado para trás. Sentia-se enorme e feia, seus pés estavam inchados. Todos os exames de sangue das piores doenças tinham dado negativo, algumas como rubéola só havia indicado que havia sido vacinada quando pequena. Podia sentir o bebê mexendo agitado naquela noite quente. Às vezes quando o sentia empurrando empurrava a barriga de volta com a mão, só para que continuasse batendo ali com seu pezinho ou mãozinha. Podia sentir ele se mexendo claramente desde umas 16 ou 17 semanas, no começo era só algo que ela sentia depois, conforme o tempo foi passando era até possível ver quando ele realmente se esticava lá dentro.

Seu orgulho ainda lhe mordia muito, a cada coisa que não podia ela mesma comprar para ele. Pelos exames já sabia que era um menino e o chamaria de Hugo.

Os pequenos jobs tinham se tornado muito menos frequentes, ninguém chamava uma animadora de festas infantis daquele tamanho e correr atrás das crianças e brincar com elas durante todo o tempo se tornava muito cansativo agora. Pegava poucos baby-sitters a maioria para olhar Manon quando Nadja Chamack saia a noite, a menina dormia cedo e nem dava tanto trabalho assim.

Mesmo o enjoo tendo passado não tinha mais tanto apetite agora, sentia um pouco de queimação na boca do estômago o que lhe tirava a vontade de comer. Mas bebia muito líquido, principalmente suco de limão que lhe aliviava essa sensação.

Com mais tempo e com a aproximação da data de nascimento ela pesquisava como seria a vinda de Hugo. E ficava chocada com a quantidade de informações e detalhes que encontrava. Nem tinha ideia disso antes, mas hoje em dia havia uma espécie de rixa entre pessoas que apoiavam o parto dito “normal” e outras que argumentava a favor de cesáreas. Com ou sem anestesia, episio, no centro obstétrico ou em casa… Era de tirar o fôlego! Queria tentar normal, não gostava da ideia de cirurgia, mas não se oporia se fosse necessária, certo? Oxalá fosse simples assim! Parecia que o número de enxeridos se multiplicava exponencialmente ao seu lado, aquela médica tinha sido só a primeira! Era cada um metendo o bedelho em como deveria fazer! Até Alya a irritava às vezes. Ficava com vontade de responder “Faça o seu!” Mas continha a língua, pois, sabia que a maior parte do que dizia era por carinho e preocupação.

𝔸𝕝𝕝 𝕄𝕪 𝕃𝕠𝕧𝕖Onde histórias criam vida. Descubra agora