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Adrien se cansou rápido da situação toda. Nathalie o ajudava como podia, mas nada realmente dava certo.
O assédio da mídia e dos investigadores o torturava.
Porra... Ele prendeu o próprio pai. Ou pelo menos ajudou Ladybug a prender.

Uns tinham Gabriel como um louco. Outros como ele realmente achava: um criminoso.

Em alguns momentos, cogitava contar que era Chat Noir e acabar com as especulações sobre ele ser cúmplice do seu pai.
Aham, claro. Provavelmente ele teria denunciado se soubesse antes do corpo de Emilie no subsolo. Ou ele mesmo ter acabado com aquela palhaçada.
E como se não bastasse, assumir a empresa do pai, naquelas condições, era basicamente o inferno.
Por sua idade, ninguém confiava nele — e tinha toda a história de Hawk Moth e aquelas coisas todas.

Ele achou que enlouqueceria.
Tinha vontade de visitar Marinette. Chorar no colo dela, receber um cafuné e tomar chocolate quente com croissants. Mas desistia antes mesmo de se transformar. Ele queria um compromisso sério com ela. A amava — talvez mais do que tivesse amado Ladybug. Mas revelar sua identidade agora, era arrastar ela para o inferno que vivia. E Marinette era boa demais para merecer isso. Ela era maravilhosa.

Não podia fazer isso com ela. Era melhor se afastar.

Então, Nathalie deu a ideia perfeita.
“Suma por um tempo” disse ela. “Viaje. Estude em algum outro lugar. Você ainda será o CEO da empresa, mas posso ser sua representante enquanto essa poeira não abaixa. É um bom rapaz, Adrien. Não merece o que está passando.”

E então ele foi se distanciando de tudo aos poucos. Sumindo da mídia, ficando em casa, se afastando dos amigos... de Marinette. Até que as únicas pessoas com quem ainda tinha contato eram Nathalie e Nino.
E quando tudo estava pronto, ele viajou para Londres. Mudou o visual (usando óculos e cabelos mais compridos) e começou a usar o sobrenome da mãe.

Aquilo foi o paraíso por um tempo. Ele finalmente tinha paz. Finalmente podia andar livremente pelas ruas e ninguém o incomodava. Sem assédio de fãs. Sem Hawk Moth. Sem ninguém no seu pé.
Experimentou a liberdade e amou ela.

Mas sua paz de espírito foi totalmente pros quintos dos infernos, quando perguntou sobre os amigos para Nino — queria particularmente informações sobre sua princesa, mas seria muitíssimo estranho ligar pra ela.

— Ah, cara, Mari tá realmente numa fria — disse Nino, depois de ter falado de Alya e ele mesmo.

— Ué, o quê aconteceu com ela? — o pânico não era evidente na sua voz, mas estava lá. Somente pela possibilidade de ter acontecido alguma coisa com ela...

— Cara, a Mari tá grávida. Ninguém sabe quem é o pai do bebê, e ela se recusa a contar. Pelo que Alya ouviu dela, foi numa saída pra boate. Ela nunca mais viu o sujeito.

A conversa continou, mas Adrien mal prestava atenção. Seu coração afundou, e, assim que encerrou a ligação, ele destruiu pelo menos metade do seu escritório num acesso de raiva.
Marinette não era a garota que pensava ser.
Ela era como qualquer outra.

Sentia um misto de alívio e amargura de não ter se revelado e ter se afastado. O ciúme lhe corroía. Ela havia se consolado com um cara qualquer e engravidado. Nada do que tiveram foi real.

Mas nos seis anos seguintes, ele ainda pensou naquele assunto. Ainda pensava nela. Nos seus abraços. Seus sorrisos. Seus olhos. Seu corpo.
Ele tentava de todas as formas acalmar seu coração e tirar ela de lá, mas simplesmente não conseguia. Marinette estava marcada a ferro ali. Ele ainda ouvia o eco da sua voz e seus gemidos nas noites mais solitárias.

E ainda ansiava por eles, por mais decepcionado e amargurado que estivesse.

𝔸𝕝𝕝 𝕄𝕪 𝕃𝕠𝕧𝕖Onde histórias criam vida. Descubra agora