ωσɾҡ ωเƭɦ ɦเɱ

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Marinette não podia conter o seu entusiasmo. Aquele desfile beneficente era uma ideia fantástica. E, ao contrário do que pensou, trabalhar com Nathalie era fácil. Também tinha a ajuda de Nino, que era uma mão na roda.
Por fim, ela e Adrien acabaram organizando reuniões para conseguir patrocínios com outros empreendedores do mundo da moda, o que não era muito difícil, dado que Agreste e Dupain Cheng eram uma dupla infalível em conseguir convencer as pessoas do quê quisessem.
Os fundos arrecadados seriam distribuídos para instituições de caridade — para órfãos e crianças com câncer.

Ambos chegavam a ficar até tarde dentro da Gabriel, e basicamente faziam várias refeições juntos. Marinette gostava da companhia de Adrien. Uma pena que perderam tanto tempo no colégio por causa da vergonha dela. Podiam ter sido bons amigos, apesar de tudo.
Mas havia algo que a incomodava bastante. Sempre que estavam ao ar livre (ou mesmo no escritório dele), Adrien chegava a fumar dois ou três cigarros encarrilhados, e isso a preocupava muito. Desde quando ele fumava? Isso podia fazer mal.

— Ei, acho que já está bom, né? — ela largou os cronogramas que Nino havia mandado, e se aproximou, tomando a caixa de cigarro e o isqueiro das mãos dele, assim que o viu pegar outro cigarro. Era o quarto, até onde ela contou.

— O que? Me devolve, Marinette! — ele pensou em se levantar da cadeira e tentar pegar de volta, mas ela guardou os dois objetos na própria bolsa.

— Vai me agradecer depois — a mestiça garantiu. — Vamos, isso faz mal, Adrien. Você sabe disso. Não quero perder você. De novo.

Ele ia protestar, mas se calou. Não tinha argumentos.
Assentiu e puxou um chiclete, começando a mascar. Tentava não levar aquelas palavras pra onde elas queriam se alojar: seu coração. Não era como Adrien que queria ouvir isso. Mas como Chat Noir. Talvez... se tivesse usado uma abordagem diferente?

Se não tivesse sido tão babaca? Já amava Hugo de uma forma que nem acreditaria só de ver seu sorriso, e o menino era algo que nunca poderia ter. Tinha pressa, mas propor algo seria tão estranho! Será que o perdoaria quando contasse que era Chat Noir?

Eram tantos "talvez" e "se" que Adrien deixou de pensar nisso. Era só ela que importava.

[...]

Em meados da terceira semana de preparativos para o evento, Marinette recebeu uma mensagem no celular e mordeu os lábios, suspirando profundamente. Guardou o caderno onde rascunhava, e bateu na porta do escritório de Adrien.

— Mari? — ele ergueu uma sobrancelha, preocupado.

— Eu preciso sair agora. É urgente.

— O quê aconteceu?

— Minha mãe não pode buscar o Hugo na escola, eu tenho que ir até lá, e ele vai passar o dia comigo.

— Eu posso te dar uma carona, se quiser.

— Não vou te atrapalhar? Já estou atrasada, não seria mal uma carona.

— Marinette Dupain Cheng atrasada, isso não é novidade nenhuma — Adrien brincou.

— Ei!

Adrien sempre se sentia estranho perto de Hugo sempre o lembrava de uma família normal que nunca teve, que nunca poderia ter. E embora isso doesse, muito, gostava de passar algum tempo com ele . E apesar de tudo, o menino não tinha culpa de nada. Era o único verdadeiramente inocente ali.

— Onde ele estuda? — perguntou, assim que entraram no carro e passaram o cinto.

— No Le Chemin ABA na Rue Rodier, 40.

— Nossa, por que tão longe?

— Ah, é uma boa escolinha... — Marinette se sentia um pouco desconfortável com essa pergunta. A escolinha de Hugo era pública, a Dupont, onde ela gostaria de o ter matriculado era particular, e cara. Os pais se ofereceram para pagar, mas ela não pode aceitar.

Assim que parou na frente da escola, Marinette saiu do carro e subiu as escadas com certa pressa. Adrien suspirou fundo, levou a mão no bolso e pegou a embalagem de cigarros. Quase pegou um, mas desistiu. Marinette tinha razão, estava se matando.
Não demorou muito pra voltar, segurando a mão de Hugo. Eles sorriam.

— Oi, Sr. Agreste — Hugo disse, assim que ele desceu do carro pra abrir a porta de trás.

— Ei, me chama de Adrien, ok?

Marinette sorriu e o colocou sentado no banco, passando o cinto de segurança.

— Hoje vamos pra Gabriel outra vez, Hugo. Trate de se comportar, tudo bem?

Ele assentiu.

[...]

—... então Goku fez o "Kame-kame-ra" e explodiu tudo, foi muito legal! — Hugo contava uma passagem de algum anime que assitiu (Dragon Ball se não se enganava), e só Adrien parecia realmente interessado, porque ela mesma estava perdida.

Viu os dois entrarem numa conversa engajada sobre Goku e sabe-se lá mais quem, enquanto ela e Nathalie decidiam últimos detalhes do evento. Estavam na sala de Marinette, e Adrien tinha entrado só pra ver como as coisas estavam, mas acabou se empolgando com Hugo.

— Eu nunca vi ele tão animado — Nathalie disse.

— O Adrien?

— Ele realmente gosta do seu filho. Hugo é uma criança adorável, Marinette. Parabéns.

— Obrigada — ela sorriu.

[...]

— É com você mesmo que eu queria falar! — Alya disse, assim que entrou no apartamento dele, acompanhada de Nino.

— Invasão? — Adrien fez ar surpreso.

Era o dia do desfile, e Nino ficou de passar no seu apartamento pra decidir algum detalhe de última hora. Só não contava que a noiva ia surtar e ir com ele quase a força.

— Amor, não...

— Você não se meta, Nino — ela disse, mesmo que mirasse Adrien com os olhos. — Se você acha que pode chegar e ir jogando seus charmes de ex-modelo teen pra cima da minha amiga, e pensa que vai se divertir com ela, eu sugiro que pense duas vezes! Porque eu não vou permitir. Marinette já sofreu demais por um babaca que sumiu da vida dela, a deixando sozinha com um filho na barriga, e não vou cometer o erro de não estar por perto outra vez, está me ouvindo, Agreste? Hugo é um menino adorável que merece um pai de verdade. E se você está pensando apenas em usar a Marinette, eu sugiro que deixe o caminho livre para um homem que realmente a leve a sério.

Adrien se irritou. Ele não queria usar Marinette. A amava, porra! Não sabia de onde Alya tinha tirado aquelas merdas, e certamente não ia ouvir calado.

— Realmente não me reconhece, Alya — disse, indiferente. — Eu 𝘫𝘢𝘮𝘢𝘪𝘴 brincaria com os sentimentos da Marinette. Não sei de onde tirou isso, aliás nunca demos indícios de ter alguma relação além da amizade e profissional. E quanto a Hugo — sorriu amargo —, eu realmente adoro esse menino. Você acha que pode entrar na minha casa e me acusar de coisas sem o menor cabimento? Me poupe. Marinette é bem grandinha. Somos adultos. Que tal você fazer um discurso desses pra alguém que realmente se importe e mereça?

𝔸𝕝𝕝 𝕄𝕪 𝕃𝕠𝕧𝕖Onde histórias criam vida. Descubra agora