ɳσѵαɱεɳƭε εɱ ραɾเร

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Adrien não queria voltar pra Paris. A vida em Londres era uma maravilha. Quem ele queria enganar? A vida dele era uma merda sem muito sentido... Ainda assim, ele estava bem lá. o melhor que podia. No fundo, não tinha nenhuma vontade de encarar o passado. Gabriel estava preso na França, e nunca se deu ao trabalho de visitar o pai na cadeia. A imagem da mãe sendo tirada do porão da casa e sendo levada para o instituto médico legal ainda lhe dava pesadelos. Nunca foi capaz de lidar com aquilo, ainda não sabia ao certo se via o pai como um criminoso ou como um louco, simplesmente não pesava sobre isso.


Quase seis anos longe. Mas sentia falta de muita coisa. E, por mais que odiasse isso, sentia falta de Marinette, mais do que tudo. Mesmo que ela tivesse um filho de outra pessoa, mesmo que nem tivesse dado tempo da cama esfriar...

Mas, porra, ele a amava. Por mais que tivesse dormido com algumas mulheres durante aquele tempo, era por ela que ele ansiava. Era por ela que seu coração batia. Por mais que isso doesse. Talvez se não tivesse se afastado ela não teria procurado por outro, tão rápido... Nunca mais perguntou dela a Nino quando conversavam por telefone, mas as vezes ele simplesmente falava de algumas pessoas de Paris. Quando falava dela, contava sobre o filho dela, era um menino, tinha chamado de Hugo. Dizia que era muito parecido com Marinette e que ela tinha passava por altos perrengues para concluir o curso de moda e desenho e ainda cuidar do menino. Será que ela se daria ao trabalho de criar um filho dele? Sorriu amargo.

Flashback

– Não Emilie, basta! Mesmo ficando a maior parte do tempo apenas em casa ele já adoeceu! Semana que vem, assim que estiver liberado pelo médico, vai tomar todas as demais vacinas.

– Mas Gabriel, é uma doença de infância, é normal que...

–Normal o caralho, Emilie! Você ouviu o médico, por conta da caxumba ele provavelmente nunca mais possa ter filhos! Você viu a inflamação, você viu como ficou inchado! Quando você quer contar isso a ele? Quando for casar? Quando ele quiser filhos? Os dez dias de vômito e mal estar não são nada perto disso!

Emilie ficou em silêncio sem resposta. Adrien estava escondido perto da porta do escritório ouvindo a discussão e instintivamente levou a mão ao próprio escroto sobre o tecido das calças. Então, tinha sido por nunca ter sido vacinado? O médico havia dito que se tivesse ficado doente mais novo teria sido melhor, ele não tinha entendido. Como poderia ser melhor passar mal daquela forma mais novo?.. Se fosse criança ainda, não teria inflamado tanto ali embaixo?

– Está decidido Emilie, semana que vem ele toma as vacinas e daqui um mês os reforços que forem necessários!

Adrien ouviu passos se aproximando da porta do escritório e correu rápido para o próprio quarto. Não sabia o que pensar sobre isso naquele momento, será que aquilo interferia de alguma outra forma? Odiava que os pais o mantivessem fechado em casa, odiava as decisões arbitrárias...

Fim do flashback

Terminou o cigarro que estava fumando e apagou, jogando no cinzeiro. Pegou um chiclete de menta e começou a mascar, enquanto andava até o carro que ia levá-lo ao avião particular.
Ele tinha mudado muito nos últimos anos. Deixou de ser o idiota que um dia fora, o que havia sido das amizades que tanto tinha valorizado nos anos de colégio? Nunca ninguém realmente se importou, talvez, Nino. Quando ele estava no inferno, com investigadores no seu pé, apenas repórteres ligavam, ninguém realmente considerou como ele poderia estar se sentindo ao ser acusado de cumplicidade com Gabriel. Mas verdade fosse dita ele que se afastou primeiro. Marinette tinha seus próprios problemas e Alya não ligaria diretamente para ele E se alguém o tivesse procurado de forma mais incisiva a única coisa que aconteceria é que seu nome seria adicionado a lista de suspeitos de envolvimento.

Nathalie estava certa, sumir tinha sido a melhor escolha. E tinha se tornado de tal forma indiferente que às vezes chegava a se comparar ao seu pai, principalmente nas video-conferências que fazia com os acionistas da Gabriel.
O quê tinha sobrado pra ele, afinal de contas? Um amor mal resolvido. Ciúmes. Decepção. Amargura. Nada disso contribuía pra ter sentimentos bons.

Não queria realmente voltar a Paris, queria esquecer seu passado por completo, queria poder viver outra vida. Merda! Estava procrastinando! Qual era o problema, tinha receio de revê-la? Marinette veria Adrien Agreste, não saberia que era Chat Noir. Os acionistas ficariam felizes que ele desse as caras, assinaria os papeis de parceria com da linha infantil que Marinette tinha criado e logo estaria livre para sumir outra vez. Simples assim, certo? Nem precisava aparecer como Chat Noir novamente em Paris.

***

Adrien esperava que Nathalie o chamasse quando todos estivessem presentes para dar inicio aquela reunião. Sentia as mãos suadas na expectativa de revê-la, mas para ela só seria um ex-colega de colégio, que havia sumido por quase seis anos. Tinha visto os desenhos da linha que ela criara e era obrigado a admitir, era muito bem estruturada e desenvolvida. O negócio era bom para a Gabriel, mas excelente para Cheng com uma assinatura ela saia de uma negócio regional, conhecido apenas em Paris para uma linha de confecções internacional. E se quisesse levar as coisas para o lado pessoal, se quisesse boicotar seu negócio, poderia destruir a Cheng em um piscar de olhos. Sua linha de pensamento foi interrompida pelo som do ramal.

–Sr. Agreste, já estão todos presentes e o aguardam na sala de reuniões.

Adrien deu um gole do uísque que já estava no copo antes de deixar sua sala e saiu em direção a sala de reuniões.Bateu a porta e entrou. Os advogados das duas partes estavam lá, claro, discutiriam os termos da parceira, mas sua atenção foi drenada totalmente para ela enquanto esteve ali. Os cabelos estavam mais longos, trançados e usava um conjunto tailleur bege com uma camisa preta. A imagem dela era profissional. Mas sua imaginação estava se fodendo para isso, e por que raios o batom tinha que ser aquele rosinha? Aquilo só lhe lembrava do sabor do gloss que usava! Quando ele entrou, todos se levantaram para cumprimentá-lo.

E logo estavam todos sentando a mesa discutindo as cláusulas da parceira, todos exceto Adrien. Ele não estava realmente ali, não conseguia conter o próprio pensamento e a curiosidade sobre ela. Por Deus! Nunca agradeceu tanto por ter advogados! As coisas que ficaram claras para ele daquela reunião foram: Cheng era a menina dos olhos da Marinette, era tudo que tinha, era seu empenho pessoal, seu futuro e, ele definitivamente não estava preparado para revê-la, nem em sonhos!

Assumiu sua incapacidade de lidar com aquilo, vestiu sua melhor máscara profissional, assinou os documentos segundo orientações dos advogados. Era um negócio, tinha que tratar aquilo apenas como um negócio!

***

Já tinham se passado dois meses daquela reunião, e a parceria havia sido firmada nos melhores interesses da Gabriel e da Cheng. E Adrien já não sabia mais por que, diabos, ainda estava em Paris. Tinha encontrado com Nino duas vezes naquele período, mas como CEO da Gabriel ele não ia a qualquer barzinho de esquina beber uma com os amigos e fazia tanto tempo que não via o Nino que não tinham muitos assuntos em comum.

Estava irritado, sentia-se preso. Em Londres seu mau humor perene combinava mais com o clima local e quando estava aborrecido por lá, saia como gatuno para pegar um ou outro delinquente. Mas não fazia nada chamativo, tanto que conseguiu manter a presença de Chat Noir no anonimato por lá por todos aqueles anos. Os delinquentes que deixava as portas das delegacias nunca o viam chegando, lá diziam ser “o vigilante da noite”. E por que não fazer o mesmo em Paris? E se voltasse como Chat Noir talvez a joaninha se animasse a aparecer novamente... Ela tinha parado de aparecer algumas semanas depois que ele saiu de Paris, chegou a deixar alguns recados no celular, mas ele apenas respondia que não poderia voltar e só através de mensagens. Jamais ligou seu localizador novamente para não denunciar onde estava.

Bem.... pegar alguns bandidinhos na noite sempre foi uma espécie de distração de utilidade pública. Além do mais estava com saudade de ver Paris da Torre a noite.

Haha, eu disse que ele ia chegar.
Só não do jeito que a gente achava.
Huehue

𝔸𝕝𝕝 𝕄𝕪 𝕃𝕠𝕧𝕖Onde histórias criam vida. Descubra agora