Prólogo

462 23 3
                                    

Sofia  D'Avila

Meus desvaneios


Desde muito nova eu sonhava em ser algo que pudesse mudar a vida das pessoas. As palavras mudam,o prazer que tenho ao me sentar na frente do meu computador,ou apenas puxar meu caderno do bolso da minha mochila,e anotar o que vier na mente e o que eu julgar importante,talvez mudaria alguém. Sempre existe alguém que se identifique com o que pensamos. Que absorva algo que mude a forma que ela ou ele vê  o mundo. Ou que consiga ver o mundo com os meus olhos.

Eu quando pequena,como minha mãe dizia,era uma observadora nata sobre a vida alheia. Sempre me empenhei a criar um jornal da escola,a diretora me achava louca. Dizia que isso logo passaria ao  notar o trabalho que isso iria me dar. Obviamente eu a ignorava. Criei um blog,e nele eu expunha de uma forma singela os pensamentos que eu tinha sobre a escola,o meu bairro,sobre a minha própria vida e sobre algo curioso que pudesse acontecer naquele dia. Lembro-me do meu pai,vir até meu quarto. Ele me pediu para me sentar na sua frente,olhar em seus olhos e após uma breve repreensão ele me pediu que parasse de expõr qualquer coisa que pudesse ferir os outros ou a mim. Não era saudável querer me enfiar em suposições, e nem invadir a privacidade dos outros. Eu bufei,tentei convence-lo de que aquilo não era nada de mais. Ele respirou fundo e me disse,que se a diretora o chamasse novamente na secretaria eu seria severamente repreendida. Foi ali que eu entendi que tava passando dos limites. Meu pai sempre foi calmo comigo,e estava bravo por  ter sido chamado atenção por mim. Minha mãe já havia me alertado e eu fingi não  ouvi.

— Gael,eu não sei o que eu faço.
— Murmurei intrigada. — Eu me sinto  tão bem, quando escrevo. Eu conto pras pessoas a minha visão do mundo. Eu me  exponho, e não os outros.
— Ele encarou-me. — Tá, eu falo dos outros. Mas eles veem o que eu penso deles. Eu que vou de frente.

— Sofi,isso que você faz tá igual aquelas revistas de fofocas que você repudia. — Contou-me.

— Eles falam da vida dos famosos. Eu falo das coisas que só nós, e não o mundo conhece. — Expliquei.

— Isso é ser fofoqueira,Sofi. Teu pai tá certo,é melhor parar com isso. — Eu sentei ao seu lado insatisfeita com a ideia.

— Eu queria ser grande,só pra ter a minha editora de revistas. — Ele riu,achando graça da minha birra.

— Até lá, que tal se empenhar mais na escola? Suas notas andam muito baixa.

— Vou tentar. — Ele passou um dos braços por meu pescoço.

— Tenho certeza que vai conseguir.
— Me disse animado.

— Me desculpe te incomodar com os meus problemas. — Gael sorriu,e beijou uma das minhas bochechas com carinho, eu ri e de imediato limpei baba que ele deixou em meu rosto com uma das mãos.

— Sempre vou ter tempo pra minha irmãzinha.

— Não somos irmãos. — Revirei os olhos. — Somos amigos.

— Irmãos de almas, não de sangue.
— Bagunçou meus cabelos. — Você  vai ficar bem? — O olhei e assenti.
— Que bom,porque agora tenho que ir atrás da Clara. — Eu bufei. — O que foi, ela é legal. — Eu ri.

— Pra mim não é. — Ele franziu a testa.

— Ela já te fez alguma coisa? — Eu neguei. — Então  por que essa desconfiava  toda?

— Por nada. — Ele fingiu acreditar.

— Pequena,vê  se não se mete em mais problemas. — Pediu-me,e eu assenti. — E não se esqueça. — Sorri e ele piscou o olho. — Não importa o quão distante estamos,sempre juntos estaremos. — Ele tocou meu peito com cuidado. — Aqui dentro.
— Beijou o topo de minha cabeça e se foi.



Sempre Foi Você ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora