Capítulo 2 - Você

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Gael




Eu estava deitado na minha cama,quando a Juliana chegou em casa com o meu pai. Ela ainda usava o uniforme da escola. Fui acordado com o pulo que ela deu na cama,bem em cima de mim.

- Cheguei! - Esbravejou animada.
- Gael,pelo amor de Deus levanta -se, vamos acampar. - Eu abri meus olhos e a empurrei para que ela se deitasse ao meu lado. Juliana pra mim ainda parecia uma menininha que precisava ser colocada de baixo do braço,e ser protegida do mundo.

- Que short curto é esse! - Ela bufou. - Dona Ivone te deixou sair de casa desse jeito? - Ela se sentou na cama.

- Volta pra lá, a casa tá um saco sem você. - Murmurou.

- Você tem a Sofi. - Ela bufou.

- A Sofi é outra chata,ela só sabe me repreender. Mamãe a ama,acho as vezes que eu deveria ser ela,e ela eu. Entende? - Eu ri e me sentei ao lado dela.

- Onde eu estaria na sua vida, se não fôssemos irmãos? - Ela deitou a cabeça no meu peito e deixou seus fios longos espalhados pela cama.

- Por isso preciso de você naquela casa. - Constatou e eu Respirei fundo.

- Ju, perder os pais é muito doloroso. Você queria mesmo trocar de lugar com a Sofi?

- Não. - Eu sorri satisfeito por faze-la se questionar. - Eu só disse isso, porque fiquei magoada com ela. Ela me pressiona muito.

- A mãe tá se afundando em trabalho,alivia a barra dela. - Ela assentiu.- A mãe te ama,eu te amo,nosso pai nem se fala. E ele logo apareceu na porta.

- Gael,tem certeza que não vai?
- Eu assenti e a Ju me encarou.

- Porque? - Eu dei um levantar de ombros e ela cerrou os olhos pra mim.
- Pai,o Gael vai sim.

- Não ,vou não. - Ela bufou. - Eu tenho que ir no Teatro mais tarde. Tô ajudando nos bastidores.

- Que saco. - Levantou da cama e saiu pisando firme.

- Crianças! - Murmurei e meu pai riu.

- Filho,tem comida na geladeira. Frutas frescas e uns congelados no freezer. Você vai ficar bem? - Eu assenti.

- Já tô bem grandinho pai. - Ele riu e assentiu.

- É filho,você já tá com vinte anos,eu tô ficando velho. Daqui a pouco é a Ju,que vai me aparecer com um menino a tira-colo. - Eu ri.

- Então pra sua infelicidade este dia Está cada vez mais próximo, ela já vai completar dezesseis.

- Porque você crescem?
- Indagou-me frustrado.

- Pra poder cuidar do senhor quando envelhecer. - Ele riu e saiu do meu quarto. Levantei da cama ,calcei meus chinelos e o segui. Me sentei no sofá e vi a Ju sair do banheiro enrolada na toalha. Meu pai havia ido pro quarto dele,logo o vi sair trazendo consigo uma mala em mãos. - Quer ajuda pai? - Ele negou.

- Eu já arrumei a caminhonete de noite.

- Podia ter pedido a minha ajuda.
- Murmurei e ele sorriu.

- Eu não queria te atrapalhar.
- Colocou a mala no chão e puxou uma cadeira para se sentar.

- O que eu estava fazendo ontem a noite? - Forcei a minha memória, mas não lembrei.

- Teatro! - Me disse e eu constatei que era mesmo lá, que eu estava.

- Na minha primeira peça quero o senhor na primeira fila. - Ele assentiu.

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