Capítulo 1 - Puta merda

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Cinco anos depois


Sofia




Estávamos sentados,todos juntos. Tia Ivone passava margarina em um dos pães, Juliana terminava seu suco,e eu terminava meu achocolatado. Comíamos em silêncio, até que Juliana cismou em teimar com a tia.

— Mãe,deixa eu ficar em casa hoje! Tá todo mundo viajando. — Murmurou e a tia respirou fundo.

— Juliana,não começa! — Pediu impaciente.

— Eu não quero ser a única na escola.
— Eu me levantei e tirei meu prato e copo e o levei comigo até a pia.

— Ju,o tio vai te buscar depois da aula esqueceu-se? — Ela bufou,eu abri a torneira e comecei a esfregar os utensílios que havia dentro da  pia.

— Juliana, seu pai vai te buscar.  Então espero mesmo,que sua mochila esteja arrumada. — Ela deu-se por vencida.

— Tá, não tenho escolha.
— Levantou-se  irritada. — O Gael faz o que quer. — E foi ela,apelar pro lado emotivo da tia Ivone. — O filhinho preferido dela. — Deixei sobre o porta pratos, o prato e o copo e a segui.

— Não faz isso com ela. Ela tá sofrendo. — Murmurei enquanto seguia Juliana até o nosso quarto.

— Sofi,não se meta. Não tô querendo que a defenda. — Eu me sentei, e ela puxou a mochila da cama. — Vocês são todos iguais. Ninguém me pergunta o que eu quero,só cumpro ordens. Quem sabe eu também não vá morar com o pai, ele pelo menos  me  entende.
— Murmurou ao sair. Eu respirei fundo,peguei a minha mochila,e a arrumei nas costas. Me olhei no espelho,eu usava uma camisa de mangas curtas num tom de rosa claro,uma calça Jeans mais justa,e tênis branco. Deixei meus fios presos num rabo. No rosto eu havia apenas passado um brilho nos lábios. Sai do quarto, e passei pelo pequeno corredor que separava os quartos da sala e cozinha. Nossa casa era espaçosa. Tínhamos três quartos. Um da tia Ivone,o quarto do Gael do jeito que ele deixou ao nos abandonar pra morar com o pai. A tia não concorda dele querer se dedicar ao teatro,ao invés de investir em uma faculdade pra ter um futuro mais certo. Ela não consegue entender que o palco,é  o lugar que ele se sente a vontade.  Por último, o quarto da Ju,que virou meu também,já que vim morar com eles. Depois do acidente que aconteceu conosco,a tia pediu a minha avó para que ela pudesse cuidar de mim. Minha avó liberou, já que percebeu que eu sofria ainda mais por está longe do Gael. Éramos inseparáveis.  Minha casa ainda permanecia fechada, apesar dela não ficar muito longe daqui. Eu não tive coragem de voltar lá, depois que sai do hospital. Os tios,foram buscar minhas coisas,onde eu morava e as trouxeram pra cá. o tio José sofreu com a perda do amigo,infelizmente depois do acidente a vida deles também começou a desandar. Eles começaram a brigar de mais,até que minha tia resolveu que era melhor eles viverem longe um do outro. Depois ela implicou com a escolha do Gael sobre o teatro, agora a Ju anda com caramiolas na cabeça de também sair de casa. Daqui uns dias só vai ter a tia e eu em casa. Espero que isso não aconteça tão cedo. Amo essa família do jeito que ela é, cheias de defeitos e repleta de amor.  Cheguei na sala rapidamente,a tia estava retirando a mesa do café da manhã. Me aproximei dela e percebi que ela chorava. Aquilo me partiu o coração. Passei meus braços por seus ombros ,logo ela parou o que fazia e me abraçou forte. Deixou suas lágrimas rolarem com mais força.

— Tudo vai ficar bem. — Ela assentiu,toda entristecida. — A Ju não disse aquilo por mal. Ela ama a senhora. — Sequei suas lágrimas, aos nos desprendermos. — A senhora é uma ótima mãe. E se erra é  porque quer o melhor pra eles. — Ela sorriu.

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