Um céu para nós

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Quando Alice disse que a viagem começaria naquele instante, admito não ter levado muito a sério. Até ver o que ela tinha feito. Toda as luzes estavam apagadas e a iluminação vinha de um caminho de pequenas velas espalhadas pelo chão. Visualmente era muito bonito e parecia algo especial.

Ela segurou gentilmente a minha mão e começou a me guiar pelo caminho. As velas terminavam na porta do seu quarto. O que essa menina estava aprontando?

— Abra – ordenou.

Sem titubear, girei a maçaneta e fiquei bestificada com o que ela havia feito. O teto inteiro estava iluminado por uma porção de pisca-piscas, dando a impressão de um céu estrelado. Era lindo. A cama estava cheia de travesseiros e numa parede mais no canto tinha uma mesa para dois lugares. Na escrivaninha o computador estava ligado com o Spotify aberto.

— É lindo – afirmei. Eu mal conseguia segurar um sorriso nos lábios.

— Eu tinha outros planos, mas eu vi que não seriam aproveitados enquanto sua mente ainda estivesse na realidade – ela sorriu – Então vamos embarcar em uma nova viagem.

Caminhei até a cama e me sentei na ponta.

— Pode me levar.

— Eu quero que fique à vontade. Se quiser pode deitar – seus olhos foram para a cama – Pode ficar tranquila que não vou tirar casquinha de você – ela fez uma pausa – Hoje.

— Acho que vou aceitar – tirei meus sapatos e me deitei enquanto encarava as luzes no teto – Bem confortável.

— Já que a dama está devidamente instalada, hora de eu colocar a mão na massa – ela se levantou – Fome?

Senti meu estômago roncar. Ela sabia a hora certa das coisas.

— Sim.

— Ótimo – sorriu – Aguenta uns minutinhos! Qualquer coisa só me chamar na cozinha – ela depositou um beijo no meu rosto – Volto logo, floquinho.

Assenti e me aconcheguei na cama. Se o plano da Alice era me levar para outra dimensão, com toda certeza do mundo ela estava na direção certa. Eu sentia a leveza que buscava quando aceitei vir pra Florianópolis, podia enxergar com clareza meus sentimentos por ela e as palavras do Thiago passaram a fazer total sentido.

Ela sabia tornar tudo especial. Sabia ser quem eu precisava que ela fosse. Só me restava retribuir todo esse amor e dedicação. Mas eu ainda não sabia como, não encontrava os meios certos e a maneira de colocar isso para o mundo.

Boa parte da minha frustração era minha culpa. Por ainda não conseguir me entregar da forma que eu gostaria. Por ainda não ter a mente limpa para isso. Mas Alice era impossível. Ela estava conseguindo derrubar esse muro também.

Quem resiste a essa overdose de romantismo? Com toda certeza não seria eu. Ela era incrível. Apesar de ser tudo muito simples, sem muito trabalho ou esforço, eu sentia toda a dedicação de Alice nos detalhes. Isso dava valor para todo o resto.

Não demorou muito e ela estava de volta com uma bandeja nas mãos com dois pratos e duas garrafinhas. Com muito cuidado, seguiu para o canto do carto e colocou as coisas na mesa. Puxou uma cadeira e fez sinal para que eu sentasse.

Me levantei e caminhei na sua direção, acatando o seu pedido. Examinei os pratos e a escolha do menu era espaguete. Parecia bom.

— Queria dizer que foi eu quem fiz, mas não ia dar tempo – ela sorriu – Então não posso garantir que esteja gostoso.

— Convencida.

— Jamais – ela abriu as garrafinhas de suco – Está gostando?

— Você ainda tem dúvidas? Claro que sim!

Sete LuasOnde histórias criam vida. Descubra agora