Sorvetes, eu e você

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Era inacreditável. Eu só podia estar tendo uma vertigem, não é possível! Minhas mãos suavam enquanto eu segurava a maçaneta da porta, completamente paralisada. Eu não acredito que isso está acontecendo! Dentro de mim havia um misto de felicidade com que merda é essa?

— Pensei que depois de cruzar dois oceanos em treze horas por você eu merecia pelo menos abraço – sua voz era calma, como se nada tivesse te abalando.

— Alice – balbuciei.

— Sim, sou eu. Em carne, osso, gostosura e morta de saudades de você – ela se pôs de pé e segurou a minha mão – Vamos.

Alice me guiou até a minha cama onde nós nos sentamos.

— Você é maluca? Por que está aqui? – perguntei ainda sem acreditar o que estava acontecendo.

— É uma situação curiosa – ela começou – Normalmente me botar contra a parede não era relacionado com uma experiência ruim. Especialmente depois do meu aniversário, mas – ela sorriu – Ontem eu entendi que nem sempre é bom. Muito menos quando você está escapando dos meus dedos. Eu te disse que faria qualquer coisa por você e aqui estou.

— Mas e seu curso? Suas aulas? Alice! Eu não entendo você.

— Por que não?

— Quando eu te pedi uma posição você simplesmente tratou com indiferença, hoje você aparece aqui, sendo que há algumas horas estava em outro país! Seu modo de resolver as coisas não é nada convencional.

Alice começou a gargalhar.

— É o meu jeito – ela deu de ombros – O importante é que estou aqui, de onde eu não deveria ter saído. Eu apenas adiantei as coisas.

— Como assim?

— Já tenho meu certificado, Júlia. Está tudo certo. O plano era voltar no fim de semana, mas não queria correr o risco de ficar mais quatro dias longe de você.

— Que risco?

— Bom – ela segurou minha mão – Você estava chateada com a minha babaquice, tinha uma mosquinha rondando o que é meu e eu precisava provar para você que tudo o que vivemos é real, tanto pra você quanto pra mim.

— Que seja – puxei Alice para um abraço – É tão bom ter você aqui!

Alice me abraçou de volta e em seguida deu um beijo na minha testa.

— Está tudo bem, floquinho – Alice parecia estar tão feliz quanto eu – Você não imagina o quanto esperei por isso.

Apesar de estar anestesiada com o momento, senti um estalo bater. Alguma coisa nessa história toda não encaixava.

— Aonde você vai ficar? Como chegou aqui?

Alice ficou em silêncio por alguns instantes.

— Tive a ajuda de uma força tarefa – ela me puxou para mais perto – Mas isso não é importante agora.

Sem chance alguma de resposta, Alice se aproximou e me beijou. Naquele instante não existia nada além de nós duas e da minha vontade de tê-la comigo novamente. Eu me sentia completamente anestesiada. Por seu toque, pelo aroma do seu perfume, pela delicadeza dos seus lábios se movendo junto do meu. Céus, como eu sentia falta disso!

As mãos de Alice pousaram na minha cintura e instintivamente meus braços a cercaram, quase como um aviso de que ali era o lugar que ela deveria estar sempre. A saudade era imensa e pouco a pouco isso se tornava mais evidente; o beijo já não era mais tão delicado, tinha uma leve urgência que mostrava a falta que tudo aquilo tinha feito.

Sete LuasOnde histórias criam vida. Descubra agora