Alice me encarava com agonia, como se tivesse medo da resposta. O que era de uma tremenda idiotice, porque qualquer um perceberia que a resposta seria um grande e sonoro sim. Mas eu não estava ainda em condições de responder, não depois de ouvir tudo o que Alice falou e me deparar com esse pedido lindo de namoro.
Naquele instante não existia razão nenhuma dentro de mim, eu estava preenchida por emoções que eu jamais cogitei sentir. Como é que fala mesmo? Eu já não sabia. Minha cabeça estava nas nuvens!
Mas a agonia de Alice se tornava cada vez mais evidente, a ponto de brotar pequenas gotas de suor na sua testa. Hora de acabar com o seu sofrimento.
— Isso é um pedido? – perguntei enquanto tentava recuperar o ar.
Alice engoliu seco e em seguida abriu um sorriso sem graça.
— Ao que parece, sim – ela desviou o olhar – Se ainda estiver com raiva ou dúvida, eu vou entender se quiser responder dep... – fiz sinal para que ela parasse de falar.
Inclinei meu corpo na direção de Alice e depositei um beijo delicado em seus lábios.
— É claro que sim!
O rosto de Alice se iluminou, como se tivesse recebido a melhor notícia do ano. Ela me puxou para um abraço apertado e em seguida me encarou com um sorriso nos lábios.
— Agora é a minha namorada.
Sorri.
— Oficialmente a sua namorada.
— É verdade – ela sorriu – Sempre soube que você era minha.
— Quanta modéstia!
— Sempre soube que era uma questão de tempo, floquinho.
Revirei os olhos.
— Que seja! – sorri – Agora posso te chamar de meu amor.
— Não sei por que não fez isso antes – deu de ombros – Era nítido.
— Para você era nítido – afirmei – Agora eu tenho plena convicção de que você é o meu amor.
Alice beijou a minha testa.
— Apenas seu. E vou gostar de você me chamando assim – ela fez uma pausa – Precisa tomar o seu sorvete, floquinho – ela examinou os pratos na nossa frente – Ou o que sobrou dele. Precisamos voltar para a sua casa.
— Por quê?
— Não queremos que a minha sogra fique brava com a gente, afinal, você nem avisou que ia sair.
Sorri. Era extremamente fofa a reação de Alice com isso tudo. A sua empolgação com a situação toda era contagiante. Nem no meu sonho mais otimista pensei que as coisas aconteceriam nessa intensidade.
— Quem sou eu para contestar?
Alice deu um beijo na minha bochecha e começou a comer o que havia sobrado do seu sorvete. Só coube a mim fazer o mesmo. Assim que terminarmos, Alice segurou a minha mão e fizemos o percurso de volta para a minha casa.
— Temos um compromisso para o final de semana – Alice começou – Você se importa?
— O que vai ser?
— Bem – ela sorriu – A moeda de troca pra Sofia me ajudar é eu me apresentar formalmente para os seus amigos. Pelo que entendi eles não botavam muita fé nas minhas intenções – examinei a sua expressão procurando algum traço de ironia, mas logo Alice elevou as mãos em sinal de desculpas – Com motivos! Sei que vacilei.
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Sete Luas
RomanceApós uma tragédia familiar, Júlia se fechou para o mundo e tudo o que envolvesse sentir. Ela se encontra em uma fase turbulenta da adolescência e no meio de milhões de questionamentos: escola, família, vestibular, amizades e o que escolher para o se...