Epílogo

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Amanheceu e os raios de sol invadiram o quarto pelas frestas da janela. Bocejei e me espreguicei lentamente, tentando me recuperar da noite anterior. Balancei a cabeça em sinal negativo. Girei o meu corpo e envolvi Júlia nos meus braços. Ela ainda dormia tranquilamente. Sua expressão era serena e a sua respiração era cadenciada.

Muito mais do que eu poderia pedir.

Beijei brevemente o seu rosto e levantei em busca de algo para vestir. Hoje era dia de comemorar. Ou continuar a comemorar. Coloquei uma camiseta e me sentei na cama. Senti o corpo de Júlia se agitar e muito provavelmente em poucos instantes ela acordaria.

— Alice – ela murmurou enquanto apalpava a cama. Segurei a ponta dos seus dedos.

— Estou aqui, linda – me deitei do seu lado – Cansada? – provoquei.

O rosto de Júlia era puro rubor. Tanto tempo juntas e eu ainda não me acostumei.

— Não quero falar disso – respondeu com os olhos ainda fechados.

— Seu pedido é uma ordem – alisei o seu rosto – Psicóloga.

Seu rosto se iluminou com um sorriso.

— Nem acredito que isso realmente aconteceu – ela abriu levemente os olhos. Beijei a sua testa e Júlia sorriu.

— Está liberado beijos nos corredores? Agora que vou ter uma colega de universidade bonita assim... Não sei se resisto.

— Você só pensa nisso? – suas bochechas estavam coradas.

— Quer mesmo que eu te responda?

— Não – ela bufou – Sabe que se fizer isso vai me desconcentrar.

— É a intenção – sorri – Prometo ser breve.

— Não confio.

— Eu também não confiaria – dei um selinho – Depois planejamos quantas salas iremos invadir – ela revirou os olhos e eu não pude deixar de rir – Agora levanta que vamos ter um dia cheio.

— Qual é o roteiro? – perguntou curiosa.

— Estamos em Fortaleza, com um sol trincando do lado de fora e uma vista maravilhosa para o mar.

— Praia – afirmou.

— Garota esperta – respondi enquanto me levantava – Se prepare para um dia cheio.

Júlia assentiu.

Revirei a mala e separei roupas limpas para vestir. Em poucos minutos eu estava pronta. Sentei na cama enquanto observava Júlia se arrumar. Era inacreditável a forma que eu me sentia ao lado dessa garota.

Felicidade era a nossa rotina.

Eu tinha tudo o que eu queria. Uma vida feliz, estava no segundo ano de publicidade, uma namorada incrível e um futuro incrível ao lado dela. Somente eu mesma poderia estragar tamanha sincronia.

E eu lutaria todos os dias para que isso não acontecesse. Me pus de pé e caminhei na sua direção. Júlia pareceu surpresa.

— O que foi? – perguntou sem graça.

Beijei lentamente os seus lábios e eu não conseguia conter o sorriso que havia se formado no meu rosto.

— Eu preciso te perguntar – disse enquanto a abraçava pela cintura – Quer continuar a namorar comigo?

Os olhos de Júlia se iluminaram com um sorriso.

— Claro que sim – ela me deu um beijo apaixonado – Quantas vezes você me pedir.

Eu a apertei um pouco mais perto de mim.

Viver esses anos todos ao lado dela me fez perceber como a vida pode ser incrível, se você der espaço para isso. Tivemos muitos altos e baixos, muitos problemas e eu quase a perdi por burrice, mas no fim de tudo, cada sofrimento valeu a pena. A felicidade que eu sentia ao seu lado era algo que eu jamais poderia definir em palavras.

Amar alguém é um aprendizado diário e eu estava disposta a viver isso por completo. Hoje a minha vida não faz o menor sentido sem ter a Júlia ao meu lado.

E essa convicção bastava.

— Podemos ir?

— Sim!

Beijei a sua testa e em seguida desvencilhei o nosso abraço. Peguei a mochila com as coisas para passarmos o dia, apoiando-a no meu ombro pela alça e em seguida segurei a mão de Júlia para sairmos.

O percurso feito para a praia foi feito em menos de dez minutos. Sentamos próximo do mar e a vista era exuberante.

— Passou o protetor, meu amor? – perguntei enquanto Júlia se sentava.

— Deixei essa tarefa pra você. Quer me ajudar?

— Por isso eu te amo.

Coloquei o protetor nas minhas mãos e passei no corpo de Júlia. É claro que aproveitei um pouco mais do que deveria, porque ninguém é de ferro e eu simplesmente era alucinada naquela mulher.

Júlia girou o corpo na minha direção e sorriu em resposta.

— Vou dar um mergulho, quer vir?

— Vai indo na frente enquanto arrumo as coisas aqui.

— Tudo bem. Estou te esperando!

Ela caminhou até o mar e deu um longo mergulho. Fiquei parada observando os seus movimentos e pude perceber o quão realizada eu estava pela vida que nós estávamos construindo juntas. A vida nunca tinha sido tão bela quanto agora.

Amar aquela mulher era tudo o que eu precisava para ser feliz.

Talvez essa seja a sensaçãode estar no paraíso.

Sete LuasOnde histórias criam vida. Descubra agora