Prólogo

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O céu estava cinza e nublado. O cenário ideal para combinar com esse dia lúgubre. Ela estava parada há alguns metros de distância e seu rosto parecia não ter expressão nenhuma. O que tinha acontecido? Por que ela estava aqui? Tentei correr em sua direção, mas a cada passo parecia abria um abismo entre nós.

— Júlia! Estou aqui! – tentei gritar com toda a força das minhas cordas vocais, mas ela não parecia me escutar.

Suspirei.

Meu esforço parecia inútil. Pouco a pouco a sua imagem se dissipava da minha frente, como se não passasse de um mero fruto da minha imaginação. Ela me encarou por alguns instantes e começou a caminhar para longe.

— Júlia – minha voz falhou por um breve instante. Eu sentia minhas forças se esvaírem – Por favor, não... – sussurrei.

Sentia meu rosto arder em lágrimas. Não era justo. Não era possível. Como pode ser possível se sentir assim? Por que eu me sinto assim? Que se dane!

Comecei a correr em sua direção ignorando qualquer obstáculo que brotasse no meu caminho. Ignorando qualquer dor. Ela não podia fazer isso comigo. Nesse momento o tempo era o meu pior inimigo. O céu se rompeu em um estrondo e gotas de chuva começaram a cair sem piedade alguma.

O universo só pode estar de brincadeira comigo.

Júlia continuava a caminhar para longe de mim como se não pudesse me escutar. Como se eu não existisse. Como se nada tivesse existido. A insensível e estúpida dessa história sou eu. Não ela.

E desapareceu.

Senti meu coração explodir em milhões de pedaços. Ela só está caminhando, pensei comigo mesma. O que tem de mal nisso? Não tinha nada demais. Mas algo me dizia que ela estava partindo para sempre. E com ela levando a droga de um pedaço de mim.

Isso eu não podia suportar.

As gotas da chuva se misturaram com as minhas lágrimas e tudo não passava de um imenso borrão.

— Se você soubesse... – falei baixinho.

Acordei em um ímpeto. Olhei o relógio e marcava 3 horas da manhã.

Foi só um sonho, Alice. Só um sonho.

Mas parecia tão real. A dor era real. E eu não podia mais ignorar isso. Não podia mais fingir. Peguei meu celular na mesinha do lado da cama e disquei o seu número. Chamou algumas vezes até que ela atendeu.

— No meio da madrugada, Alice? Não tem mesmo o que fazer?

Sorri. Ela aindaestava aqui.

Sete LuasOnde histórias criam vida. Descubra agora