Amor Nas Nuvens - Daryl

Capitulo 122

Mesmo nessas circunstancias, mesmo com toda essa pressão, Daryl ainda consegue se declarar para mim...

Neste momento, eu penso comigo mesma que, se conseguirmos sair vivos, eu vou aceitar a proposta de casamento.

LISA: Você tem a certeza que sabe o que está fazendo, Daryl?

DARYL: Mesmo se eu não tivesse, que escolha nós teríamos? Eu nunca fiz nada parecido com isso antes. Mas acho que tenho uma chance, sim.

JUNIA: Quais são as principais dificuldades?

Antes de me responder, ele leva o avião a uma altitude mais baixa. O bico da aeronave está inclinado para a frente.

Os gritos dos passageiros ficam mais altos.

DARYL: O maior risco é ter o motor batendo na agua primeiro.

JUNIA: Porquê? O que aconteceria?

O nervosismo cria um nó na minha garganta, mas consigo fazer a pergunta.

DARYL: O avião se dobraria ao meio. A metade da frente faria uma volta, e o avião provavelmente quebraria em duas partes.

JUNIA: Ai, meu Deus...

DARYL: Sim, isso não nos daria a menor chance de sobrevivência. Estou tentando minimizar o impacto, descendo a aeronave aos poucos. Eu já reduzi a velocidade quando baixei a altitude... E tenho que tentar tocar a superfície da agua primeiro com a parte de trás da fuselagem. Isso deve impedir que os motores fiquem submersos, o que nos daria uma chance.

LISA: Mas...

Seu tom de voz está mais sombrio.

Aqui no cockpit, o nervosismo de todos aumentou. Até mesmo Liang e os seus capangas estão tensos, e foram eles que propuseram essa loucura.

Os dedos de Liang chegam a estar brancos por apertar a alça da faca com tanta força, os seus olhos estão fixos no nariz do avião. Ele parece jovem, muito mais jovem que os seus vinte e oito anos.

Jovem demais para ter assassinado todas essas pessoas e viver esse tipo de vida.

DARYL: E quanto ao Paul?

A pergunta de Daryl deixa todos surpresos.

Com a testa franzida de concentração, ele permanece focado no mar. No entanto, isso não o impede de questionar.

DARYL: Nosso ex-copiloto. Você o assassinou no banheiro do aeroporto JFK?

Liang tira da testa uma mecha de cabelos.

LIANG: Sim.

DARYL: Porquê? Ele viu algo que não devia, eu imagino.

LIANG: Sim, e isso é inaceitável.

Eu não consigo me impedir de especular e confirmar as minhas suspeitas.

JUNIA: Ele viu você vestido de mulher?

Lisa dá um discreto chiado de surpresa. É compreensível, já que ela se sentiu atraída por ele... como homem e como mulher!

LIANG: Sim. Foi um erro grave da minha parte. Eu não percebi que ele estava no banheiro. Só havia uma maneira de garantir que ele nunca dissesse o que viu.

LISA: Então, você não tem nenhum escrúpulo mesmo?

Daryl solta uma exclamação, impedindo Liang de responder. Mas eu não acho que ele teria respondido, de qualquer maneira.

DARYL: Segurem-se, estamos nos aproximando!

LISA: Como vamos nos segurar com as mãos amarradas? Você consegue, Daryl!

DARYL: Sim, pode deixar! Mas se vocês não conseguirem segura em nada, apenas fiquem prontos para o impacto.

Ao redor do avião, o barulho parece se intensificar. O vento, as vibrações, os motores, tudo...

O avião continua descendo, mas a velocidade começa a diminuir. É quase impossível saber a que distancia exata nós estamos do mar, apesar da descida constante.