O Protegido do Lobo (COMPLETO)

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O desespero parecia querer arrombar a porta do meu cérebro com um pontapé e mesmo que eu lutasse contra isso todos os dias, ficava cada vez mais e mais difícil. As pessoas ao meu redor mal podiam aguentar o meu humor que só melhorava quando eu estava com meus filhos. Serguei parecia estar cada vez mais perto do seu limite e eu temia pelo dia que ele liberaria sua raiva em álguem porque com toda certeza a pessoa não sobreviveria para contar história e eu me esforçava para não fazer o mesmo. Tentar parecer normal, como Yorsef nos instruiu era uma tarefa bastante árdua e levava tudo de mim já que só em olhar o meu rosto retorcido em uma raiva pouco guardada as pessoas já conseguiam se assustar e para piorar no meio de tudo isso eu ainda tinha meus alunos. 

Por sorte, não sei se minha ou deles, eu ja tinha aplicado a última prova eu que eu tive que comparecer e olhar para o rosto de cada um dos meus alunos por quatro horas seguidas, para corrigir com a ajuda do Yure e lançar todas as notas em tempo recorde. Minha demissão da universidade veio logo a seguir e eu não me arrependo em nada da decisão que eu tomei já que por mais que eu amasse dar aula, nos últimos meses a última coisa que tenho feito é meu papel de professor e eu prefiro me demitir ao ter que submeter novos alunos a isso. Yure era outra pessoa que estava fazendo a maior diferença em nossas vidas. Era ele que estava cuidando de todos os assuntos relacionados a empresa e quando era inadiável alguma reunião ou tinha algum documento precisando de uma assinatura era que eu entrava em cena, mas tirando isso era ele que fazia tudo dentro da empresa servindo como uma boa âncora para mim. 

Só que tudo veio de repente em uma manhã que até então era para ser comum. Eu estava treinando na academia com Serguei enquanto Dmitri ia buscar os meninos no meu lugar e Mira cuidava do Valentin para mim quando Atlas surgiu correndo pela porta da academia. 

Eu e Serguei paramos com a luta e bastante ofegante eu saio do tatame e vou até o Atlas que tem um envolope pardo e de aparência pesada em mãos. Olho para Serguei em uma troca de olhares bastante significativa e volto a olhar meu filho que tem olhinhos bastante apavorados. 

-O que é isso filho? - pergunto com calma ajoelhado em frente a ele. 

-Achei o envelope dentro da minha mochila na escola. -ele diz e mais uma vez eu olho para o Serguei - eu tinha saido para o intervalo com meus outros colegas de sala e quando voltei e fui pegar meu caderno eu vi esse envolope dentro da minha mochila só que como tinha seu nome eu não mexi, mas fiquei com medo do que pode ter dentro. 

-ei ei, não precisa ficar com medo. - acaricio o rosto de Atlas e beijo sua testa. - vai ficar tudo bem okay? eu vou abrir e não vai ter nada demais dentro. 

-promete? não vai ter nada demais? -ele pergunta ainda temeroso. -mesmo que eu saiba que é da mamãe eu não sei se é bom.

Fico surpreso por um momento sem nem mesmo saber o que falar, só não sei se por ele chamar a Ivanova de mãe ou se por saber que o pacote é dela. - Como sabe que é da sua mãe? -Serguei pergunta a ele desconfiado. 

-No dia que pedi a mamãe para assinar minha autorização para aquele passeio da escola eu percebi como sua letra era bonita. Ai eu guardei na minha cabeça o jeito que ela escrevia. O seu nome ta escrito com a letra bonita dela. - ele explica. 

-Filho eu e o Serguei estamos aqui, vai tudo dar certo e se foi sua mãe que mandou esse envelope não terá nada com o que se preocupar já que ela nunca nós machucaria. - ele acena todo incerto, beijo sua testa mais uma vez e peço para ele subir e ir tomar banho junto com Sasha para que ele não se machucasse sozinho no banheiro. 

Com um olhar silencioso eu e Serguei subimos as escadas e vamos direto para o escritório sem nem mesmo nos importarmos se estamos apenas de  calção e bastantes suados quando nos sentamos nos sofás do escritório. Yorsef aparece alguns segundos depois e vai direto para o pequeno bar que deixamos abastecidos no escritório, ele enche três copos e coloca em nossa frente enquanto se senta confortavelmente.