Capítulo 08

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Eu me sentia muito idiota. Um idiota levemente bêbado, mas mesmo assim um idiota.

Não conseguia conter minha cara de frustração. Mas quem sabe eu mesmo tenha criado uma impressão errada. Talvez ele só estivesse me vigiando, ao invés de admirando.

Puff, até parece que alguém iria me admirar.

Nem eu fazia isso quando olhava no espelho.

Mas continuava sem entender muito bem. Ao tempo em que eu me dizia que foi só um devaneio meu, algo também me dizia que eu estava certo quando me permiti fantasiar ele me prensando contra parede. Foi um flash de alguns segundos, mas o suficiente pra se encravar na minha mente e me fazer questionar por horas.

Sequer percebi que encarava demais o garoto na cama. Quando eu digo garoto, me refiro à uma idade de no mínimo dezoito anos. Não sou o tipo de pessoa que diz "fodendo", mas os dois estavam fodendo. Não só entre si, mas com a minha mente também.

Depois que perguntei a ele sobre seus compromissos, fiquei me perguntando quem entrou em quem. Claro. É o tipo de coisa que não se pensa quando se trata do seu patrão, mas eu estava chateado demais para ignorar as coisas que se passavam na minha cabeça.

-Pode confirmar. – Disse, me analisando perigosamente de perto, meio que subliminarmente também. Era algo meio assustador, eu gostava e odiava.

Ele estava com cheiro de bebida. E suor.

Nossa, pra ele chegar ao ponto de suar... Os dois... Argh, enfim.

Era inevitável as cenas de sexo animalesco dos dois. E depois daquele olhar dele pra mim, do alto daquela varanda, um "poderia ter sido eu" se passou na minha cabeça.

-Acho que não tem mais nada. – Olhei para ele e depois para o franguinho na sua cama. – Se divirta. – "Babaca". Claro que eu não deveria ter dito isso por último. Sabia que iria passar certo tom de incomodo e revolta. Mas eu tinha álcool no sangue, e não estava nem aí. Só queria fazer ele se sentir mal. No mínimo ter vergonha na cara ou alguma merda do gênero.

Dei as costas, sem conseguir controlar os meus passos duros e firmes em direção ao meu quarto. Se eu fosse um quilo mais pesado, teria feito buracos no piso com os meus chinelos. Mas eu saí de cabeça erguida, o corpo tenso, mas a cabeça erguida.

Não queria demonstrar fraqueza. Só fazia algumas horas que eu reparei nele sem sentir nojo ou algo do tipo. E o pior era que ele em diversas formas apaixonadas e intensas não saía da minha cabeça. Até o relógio no seu pulso nu se tornou sensual, de repente.

-...Frank... – Sua voz ecoou no corredor vazio e escuro.

Parei.

Girei os tornozelos e o olhei, tentando tirar a carranca e fazer uma cara de tanto- faz-foda-se.

Ele fez menção de abrir a boca, mas seus ombros murcharam. Ele abaixou a cabeça, coçou o nariz... Vi a criatura deitada, atrás dele, prestar mais atenção em nós.

-Nada. Esquece. – E fechou a porta com tudo.

-Covarde. – Sussurrei.

Agora sim ele tinha ganhado minha raiva. No mínimo ele me devia explicações éticas. De qualquer maneira, estávamos ali à trabalho e esse tipo de situação era muito pessoal e desconfortável. Me senti constrangido e afetado.

In The Meantime || Frerard ||Onde histórias criam vida. Descubra agora