Capítulo 25

414 48 117
                                    

Nota: ai ai tô tão boazinha hoje que merecia até ir p céu @.@



O almoço estava cancelado, assim como a minha paz de espírito. Gerard pareceu imensamente mais frustrado do que o normal quando desmarquei nosso “encontro”. Ele tentou disfarçar, mas eu sei muito bem o que aquele barulho de ar saindo pela boca significava. Talvez, a frustração dela tenha sido porque ele tenha fechado um restaurante na Mall do Centro e pagado uma fortuna por isso. Eu anotei essa possibilidade num bloquinho de notas mental e guardei na gavetinha-do-sofrer-depois.

- Não é nada a ver com você... – Eu disse. – É um lance familiar. Quando eu resolver tudo, eu te conto. – Falei e ele ficou em silêncio. – Eu prometo que te conto. – Insisti. Ele murmurou um “tudo bem” e eu me despedi.

Eu sabia que a Billie não iria aguentar uma viagem de Oasis até Yellow Spring, e também havia o fato de que eu não havia o levado para revisão. Então liguei para Bert e ele me socorreu uma hora depois.

- Então? Você sabe do que ele morreu? – Bert me perguntou enquanto dirigia como uma bala pela rodovia. Os portões da cidade ainda estavam muito longe e um nó esquisito se formava na minha garganta.

- Não. Vou saber apenas quando chegar lá. Acredita que me ligaram durante a festa? E durante todo o resto da noite? Não tem como eu ser mais fodido na vida: meu avô morreu no dia do meu aniversário, minha família precisando de mim e eu estava fodendo em cima de uma cama enquanto meu avô estava sendo aberto na porra de um necrotério.

- Nossa Frank... Eu gostava tanto do seu avô. Mas vamos lá! – Ele ergueu uma das mãos. – Chore, grite. Você pode socar a minha cara, quando a gente chegar lá, é claro. Mas faça alguma coisa. Parece que aplicaram formol e botox ao mesmo tempo na sua cara e isso tá me assustando.

-Eu não sei Bert. Eu queria estar chorando, mas simplesmente não sai. – Falei, fitando a janela. Droga, era para eu estar chorando copiosamente como uma garotinha que ralou joelho, mas eu estava com a porra de uma constipação lacrimal, e eu precisava do caralho de um Almeida Prado Sentimental e colocar para fora tudo que eu estava sentindo. – Eu acho que... Estou em choque. Eu realmente espero abrir a porta do quarto dele e ele apertar o mindinho na minha mão.

- E o seu pai? – Bert perguntou. Eu disse que foi ele quem me informou tudo.

- Foi de ônibus com a minha mãe. Ele me perguntou se eu queria ir, mas eu me neguei. Pra ser sincero eu estou preocupado em Marin e o Pastor estarem lá. Se eu chegasse com os dois em Yellow Spring, eles iriam correr para o banco e pegar todas as economias dos meus pais.

- Babacas.

E essa foi a última coisa que falamos, o que significava que havia algo estranho no ar, já que eu e Bert éramos duas pessoas que falavam pelos cotovelos até convulsionar.

Senti meu bolso vibrar quando entrávamos em Yellow Spring  e dei de cara com uma mensagem de Gerard:

~GerardWay[10:38 a.m]:
Bert pediu para sair mais cedo. Frank aconteceu algo muito sério?

~FrankIero[10:38 a.m]:
Meu avô morreu.

Escrevi e esperei a mensagem chegar. Desliguei o celular.

Chegamos à tempo do enterro. Eu estava anestesiado demais para raciocinar qualquer coisa. No final das contas, Bert chorou mais que eu, minha mãe estava me evitando, meu pai quieto e sentado como sempre e minha avó me encarando como se fosse me matar.

A recepção depois do enterro foi na casa dela. Me disseram que no dia anterior ela entrou no quarto do meu avô e ele estava... Morto. Os médicos disseram que foi um lance no coração. Simplesmente parou de bater. O que para mim foi uma explicação super esquisita.

In The Meantime || Frerard ||Onde histórias criam vida. Descubra agora