Capítulo 15

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Talvez ele estivesse testando minha paciência.

E ele estava tendo sucesso em me tirar do sério.

Não sei onde estava com a cabeça, de achar que ele iria aparecer naquele parque. Já que o Sr. Way deixou bem claro que eu fui apenas mais uma fronha de travesseiro sobre sua cama.

Será que, ele presenteava os caras com que ele saia, só para ganhar confiança; depois fazê-los revirar os olhos de prazer e  por fim estilhaçar seus corações?

Ele era deliciosamente mal.

Ao tempo em que eu, encostado naquele tronco de árvore cheio de formigas, me sentia decepcionado e ignorado, dentre essas sensações, eu lembrava dos nossos momentos à sós. De como aquele beijo na praia fluiu, e de como suas mãos em meus quadris pareciam feitas sob medida para ele.

O Sr. Way era terrivelmente excitante.

E catastrófico.

[Para]:~GerardWay[10:23p.m]:
👍

Logo abaixo, havia uma mensagem de Jamia.

[De]:~JamiaN[10:12p.m]:
Oi :)
Estou no Hoo Kim, não quer vir comer um pouco de comida coreana?
É só responder, amor 💗

-Que mulher maluca.

Gerard até poderia ter me dado um bolo. As formigas poderiam estar me comendo vivo. Jamia poderia estar fazendo uma pressão psicológica horrenda, mas eu sabia de um lugar que me acalmaria e me colocaria nos eixos novamente. 

❇❇❇

No dia seguinte, meu bumbum solitário foi de encontro ao banco do meu Setor 1999. Ele de fato estava velho e acabado assim como o dono, a pintura estava mais desgastada do que minha saúde mental e vez ou outra o alarme soava sem necessidade. Eu costumo dizer que isso acontece porque ele é um carro automático, obrigada.

Dirigir uma hora e meia escutando Led Zeppelin me fez lembrar da ilha. Senti muita vontade de fazer uma tatuagem nova, à respeito de como Gerard estava destruindo a minha autoconfiança e me transformando num zumbi social, que ao invés de sair por aí procurando cérebros para sugar com um canudo, na verdade se ocupa em caçar a localização do seu patrão.

Yellow Spring, 4km.

Dizia a placa enferrujada, na estrada esburacada da rodovia 50. A discrepância entre Spring e Oasis era nítida. Enquanto a segunda fora planejada e arquitetada, onde até o escoamento da água fora pensado, a primeira era anualmente afetada por desastres naturais como enchentes e furacões.

Deveriam nomear um desses furacões com o nome do Gerard. Já pensou? A moça do noticiário dizendo ‘parte sul[vulgarmente chamado de ‘meu coração'] de Yellow Spring fora devastada pelo Furacão Way”

Antes de ir para casa dos meus avós, eu decidi passar no bairro fantasma. Onde eu vivi por alguns anos enquanto criança. O Furacão Latifah passou por lá quando eu tinha uns oito anos de idade. Tendo sido previsto e avisado, meus pais e eu nos debandamos às pressas para a casa dos meus avós, que ficava, na época, no centro da cidade – que não era no “centro “ e sim na parte norte. Eles só chamavam assim pois era uma parte praticamente comercial. Os ventos levaram nossa casa e cinco moradores que não tiveram tempo de fugir. Sendo a terceira vez que isso acontecia, ficou impossível de reconstruir tudo. Ainda mais com as mortes.

Estacionei o carro e fiquei observando aquele local descampado. As casas que não foram levadas na época, ficaram em ruínas e abandonadas. Não pude deixar de me comparar à elas.

In The Meantime || Frerard ||Onde histórias criam vida. Descubra agora