Capítulo 20

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Salvar sua integridade ainda estava em jogo. Continuar amando-o era inevitável. Mas não podia compactuar com um deslize. Matar a saudade de seus lábios fora um acontecimento feliz e extremamente deprimente, já que para ele, nada foi de coração.

Frank foi racional. Isso fez com que ele se sentisse um lixo, pois seu lado emocional esperneava e gritava, questionando-o porque diabos não continuava, se era algo que queria tanto.

Sentido seus olhos quentes, se inclinou e puxou sua calça, as nádegas doíam um tanto, mas nada se comparava a dor da sua frustração.

- O... Que está fazendo, sugar? – Gerard falou,  ainda com a voz arrastada da excitação.

- Indo embora. – Falou sério. “Droga. Não é pra chorar agora, Frank. Que saco!”.

- Espera... – O Sr. Way tentou encontrar seu rosto enquanto subia igualmente suas calças, porém, Frank foi mais rápido e desviou até ir para onde sua bolsa estava, no meio de uma idiota tentativa de se recompor. – Você... Você está chorando? – Perguntou preocupado.

Frank estagnou.

- Não, Sr. Way. É apenas suor ocular. Minhas glândulas lacrimais estão com incontinência urinária... – Resmungou com a voz trêmula, tentando nervosamente abotoar a calça.

- Frank... – Repetiu o tom preocupado.

- PARA! – Finalmente olhou diretamente para Gerard, o rosto retorcido em dor; a boca com um bico infantil de choro; e os olhos reluzindo com lágrimas que com muito esforço ainda tentava manter ali. – Para de chamar meu nome, como se ele significasse algo pra você. Se tudo que quer é apenas de divertir, eu sinto muito porque esse não é o meu intuito! – Gritou as palavras, esganiçado e plenamente cheio daquele sentimento ruim de desolação.

- Eu... – Way gesticulou. Ele havia pensando em dizer a ele porque fora tão rude em desaparecer, não contatá-lo. Mas ali, diante daqueles olhos cansados e suplicantes, simplesmente não teve coragem. Nem o que dizer.

- VOCÊ O QUE, GERARD?! Não sabe o que dizer porque sabe que é a verdade. Procura outra diversão. E ME ESQUECE! – Pegou sua bolsa e apertou freneticamente o botão do elevador dentro da sala dele.

O Sr. Way ainda estava congelado e estarrecido perto da mesa. Quando a figura raivosa de Frank sumiu de sua visão, o arrependimento o invadiu. Por que não conseguiu falar?!

❇❇❇

No dia seguinte, Gerard não foi trabalhar. Com isso, Frank pôde sair uma hora antes. Na noite passada, sequer se lembrou de Jamia. Chorou muito pois, se deu conta de que amava demais um homem que só se interessava por seu corpo e seu melhor amigo poderia estar muito magoado.

Queria pedir desculpas para Bert, mas... Ele precisava sofrer por Way.

Sua vida nunca esteve tão bagunçada.

Antes era tudo pacato, fazia tudo que os outros mandavam e continuava infeliz. Agora, as coisas estão infernais e ele continua infeliz, para variar.

Queria estalar os dedos e estar em outra dimensão. E de preferência uma em que ele teria o mínimo de felicidade.

A pior parte de tudo era entrar dentro de casa. Dizer para sua mãe toda sua angustia não seria possível. Quanto ao seu pai... Estava fora de cogitação. Fingir que estava tudo bem... Entrar no quarto e chorar sozinho... Era desgastante demais.

Quando empurrou a porta, sua mãe estava no sofá, com um pires e uma xícara na mão. Ela abriu um sorriso nervoso. Frank repetiu o ritual do casaco no cabide, sentindo um cheiro esquisito no ar.

In The Meantime || Frerard ||Onde histórias criam vida. Descubra agora