Capítulo 8: Elas

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Três anos antes

Z A Y N

- Eu não entendo como palavras podem te prender tanto... - Sorrio fechando o livro na minha mão.

- Você deveria tentar ler algum livro qualquer dia. - Aria nega e eu sorrio. - Para que você aprendeu a ler então?

- Não seja bobo. - Ela também estava sorrindo. - Mas agora sério, até o nome é estranho... "Orgulho e Preconceito." Eu não daria um nome desses para um livro...

- Você nem lê, quem dirá dar nomes. - Rio quando sou atingido por um tapa leve. - Você está me batendo, querida esposa?

- Oh, tenho certeza que você está engando, querido esposo. - Eu sorrio porque era a única coisa que eu sabia fazer perto dessa mulher.

- Eu te amo.

- Eu também te amo.

*


- Ela não se lembra de absolutamente nada da sociedade em geral. - Liam levanta uma sobrancelha.

- Como assim? Ela não sabe o que é uma cidade? - Sento na cadeira a sua frente e me sirvo de uma dose do seu whisky.

- Não, isso eu acho que sim. Estou dizendo tipo posições. Duque, conde, visconde, etc, etc. Bailes, temporadas, nada.

- Acho que poderia ser pior. Sinceramente, isso não vai fazer tanta falta para ela.

- Liam, realmente, não tem nada a ser feito? - Ele me olha com pesar e eu sei a resposta.

- Eu acho que com as circunstâncias, o mínimo... Não fique bravo comigo, estou apenas te mostrando as opções. - Concordo e tomo a bebida avermelhada, mandando ele continuar. - Acho que você consegue a anulação do casamento. - Tenho que me controlar muito para não engasgar com o pedaço de gelo na boca.

Quebro ele com os dentes e o som é alto no ambiente que parecia até ter perdido o ar.

- Anulação... do casamento? - Eu repito só para ver se tinha entendido direito. Ele estava me incentivando a reconquista-la a menos de dois dias.

- É uma opção, Malik, melhor do que ficar sofrendo com o sofrimento do seu lado. É como abrir a ferida todo dia que acorda.

- Que tipo de pessoa eu seria se pedisse isso, Liam? Nós temos um filho, eu não se você se lembra disso. A família dela ter morrido e eu não sei, mas sinceramente acho que isso se encaixa em "na saúde ou na doença", sinceramente...

- Eu já entendi. Eu estava apenas colocando as opções na mesa, eu sei que você não faria isso. Mas então você vai ter que lidar com coisas como essa. E piores, você sabe que tem a chance de...

- Não. Eu não quero ouvir. Nós vemos hoje de noite. - Ignoro seus protestos e saio da sua casa.

*


- Senhor, seu banho e roupa estão prontos. - Concordo e agradeço a seja lá quem me falou isso. Eu estava com a cabeça cheia.

Fico pronto de modo automático, desejando não ter tantos panos na roupa. Saio do quarto dando de cara com Mary, uma das babás de Eddie e ela sorri.

- Senhor Malik, fiquei sabendo que a senhora Malik está bem. Fico feliz. - Murmuro um sim e continuo a arrumar minhas abotoaduras.

- Eddie deve estar no quarto dele. - Aviso e ignoro seu outro sorriso, isso já estava chato. Eu realmente deveria começar a contratar pessoas acima dos cinquenta ou no minimo, casadas.

- Sim, senhor Malik, eu... - Continuo meu caminho e sua voz morre, desistindo de perguntar seja lá o que era. Melhor assim.

Paro em frente a porta ornamentada e permito me sorrir um pouquinho. Eu já tinha ficado em frente a essa porta tantas vezes, porém por outros motivos.

Quando eu ia bater na porta, ela se abre, então recolho a minha mão calmamente.

- Ah, que susto! Graças a deus é só você. - Fico confuso e meus olhos se prendem no corpete apertado na minha frente. - Meus olhos, Malik, meus olhos. - Rio quando ela coloca os dedos no meu queixo e o ergue suavemente.

- "Só" eu? - Pergunto a parte que me deixou confuso e ela tira os dedos do meu queixo, o deixando formigando e saindo do quarto, fechando a porta atrás de si.

- Fiquei com medo de Fiona ter voltado para me apertar um pouco mais. Sinceramente, se eu conseguir sobreviver de hoje, eu não morro mais. - Ela dificultava meu trabalho em focar nos olhos com comentários como esse.

- Eu acho que está apertado na medida certa. - Brinco.

- Se fosse algo apertando o seu pau eu queria ver você ter essa mesma opinião. - Eu não sei se eu estava rindo mais da sua expressão ao ter falado isso ou a própria frase.

- Que evolução. Para alguém que não conseguia falar "seio" sem corar. - Ela desvia o olhar e eu percebo que vai mudar de assunto.

- Já não deveríamos estar a caminho?

- Sim, deveríamos. - Lhe estico o braço e ela o entrelaça, então andamos juntos até a carruagem.

*


- Meu deus do céu, que escuro! - Rio quando a carruagem começa a andar e saíamos da parte iluminada da propriedade.

- Tentar acender uma vela aqui seria meio difícil. - Eu poderia jurar que conseguia ver a sua careta para mim. Em momentos assim era tão fácil esquecer que qualquer coisa tinha acontecido.

- Você é insuportável. Me diga, como você me pediu em casamento? Eu espero que com flores. Brancas. Adoro flores brancas.

- Eu nunca te pedi em casamento. - O pai dela, talvez, ela nunca. - Nunca precisamos disso. Sabíamos que íamos nos casar antes dos doze anos de idade.

- Nunca namoramos ninguém antes? - Com essa eu tive que rir.

- Amor, se você tivesse namorando alguém antes, nosso casamento realmente seria um escândalo. - Acho que escuto ela murmurar algo como "machismo", porém não tenho certeza. - Mas, também, nunca precisamos namorar mais ninguém.

- Nunca? Nunquinha, Malik? Nem mesmo antes de nós casarmos? - Quase me sinto ofendido.

- Nunca, Aria. Ninguém.

- Nem depois? - Agora eu estava ofendido.

- Você tem uma ideia tão ruim de mim assim? - Pensando bem, ela não deveria ter ideia nenhuma de mim.

- Oh, qual é, Malik. Não é possível que ninguém tenha tentado alguma coisa . - Ela queria dizer que eu era atraente?. - Está difícil para mim não tentar.

- Tentaram, sim... Mas tem uma diferença de você para as outras.

- Oh, tem? - Percebo a dúvida e a curiosidade em sua voz e sorrio, percebendo que a carruagem estava parando, murmuro segundos antes do cocheiro abrir a porta.

- Elas apenas tentam, você conseguiria.

Beyond Time - Zayn MalikOnde histórias criam vida. Descubra agora