Três anos antes
Z A Y N
- Eu não entendo como palavras podem te prender tanto... - Sorrio fechando o livro na minha mão.
- Você deveria tentar ler algum livro qualquer dia. - Aria nega e eu sorrio. - Para que você aprendeu a ler então?
- Não seja bobo. - Ela também estava sorrindo. - Mas agora sério, até o nome é estranho... "Orgulho e Preconceito." Eu não daria um nome desses para um livro...
- Você nem lê, quem dirá dar nomes. - Rio quando sou atingido por um tapa leve. - Você está me batendo, querida esposa?
- Oh, tenho certeza que você está engando, querido esposo. - Eu sorrio porque era a única coisa que eu sabia fazer perto dessa mulher.
- Eu te amo.
- Eu também te amo.
*
- Ela não se lembra de absolutamente nada da sociedade em geral. - Liam levanta uma sobrancelha.- Como assim? Ela não sabe o que é uma cidade? - Sento na cadeira a sua frente e me sirvo de uma dose do seu whisky.
- Não, isso eu acho que sim. Estou dizendo tipo posições. Duque, conde, visconde, etc, etc. Bailes, temporadas, nada.
- Acho que poderia ser pior. Sinceramente, isso não vai fazer tanta falta para ela.
- Liam, realmente, não tem nada a ser feito? - Ele me olha com pesar e eu sei a resposta.
- Eu acho que com as circunstâncias, o mínimo... Não fique bravo comigo, estou apenas te mostrando as opções. - Concordo e tomo a bebida avermelhada, mandando ele continuar. - Acho que você consegue a anulação do casamento. - Tenho que me controlar muito para não engasgar com o pedaço de gelo na boca.
Quebro ele com os dentes e o som é alto no ambiente que parecia até ter perdido o ar.
- Anulação... do casamento? - Eu repito só para ver se tinha entendido direito. Ele estava me incentivando a reconquista-la a menos de dois dias.
- É uma opção, Malik, melhor do que ficar sofrendo com o sofrimento do seu lado. É como abrir a ferida todo dia que acorda.
- Que tipo de pessoa eu seria se pedisse isso, Liam? Nós temos um filho, eu não se você se lembra disso. A família dela ter morrido e eu não sei, mas sinceramente acho que isso se encaixa em "na saúde ou na doença", sinceramente...
- Eu já entendi. Eu estava apenas colocando as opções na mesa, eu sei que você não faria isso. Mas então você vai ter que lidar com coisas como essa. E piores, você sabe que tem a chance de...
- Não. Eu não quero ouvir. Nós vemos hoje de noite. - Ignoro seus protestos e saio da sua casa.
*
- Senhor, seu banho e roupa estão prontos. - Concordo e agradeço a seja lá quem me falou isso. Eu estava com a cabeça cheia.Fico pronto de modo automático, desejando não ter tantos panos na roupa. Saio do quarto dando de cara com Mary, uma das babás de Eddie e ela sorri.
- Senhor Malik, fiquei sabendo que a senhora Malik está bem. Fico feliz. - Murmuro um sim e continuo a arrumar minhas abotoaduras.
- Eddie deve estar no quarto dele. - Aviso e ignoro seu outro sorriso, isso já estava chato. Eu realmente deveria começar a contratar pessoas acima dos cinquenta ou no minimo, casadas.
- Sim, senhor Malik, eu... - Continuo meu caminho e sua voz morre, desistindo de perguntar seja lá o que era. Melhor assim.
Paro em frente a porta ornamentada e permito me sorrir um pouquinho. Eu já tinha ficado em frente a essa porta tantas vezes, porém por outros motivos.
Quando eu ia bater na porta, ela se abre, então recolho a minha mão calmamente.
- Ah, que susto! Graças a deus é só você. - Fico confuso e meus olhos se prendem no corpete apertado na minha frente. - Meus olhos, Malik, meus olhos. - Rio quando ela coloca os dedos no meu queixo e o ergue suavemente.
- "Só" eu? - Pergunto a parte que me deixou confuso e ela tira os dedos do meu queixo, o deixando formigando e saindo do quarto, fechando a porta atrás de si.
- Fiquei com medo de Fiona ter voltado para me apertar um pouco mais. Sinceramente, se eu conseguir sobreviver de hoje, eu não morro mais. - Ela dificultava meu trabalho em focar nos olhos com comentários como esse.
- Eu acho que está apertado na medida certa. - Brinco.
- Se fosse algo apertando o seu pau eu queria ver você ter essa mesma opinião. - Eu não sei se eu estava rindo mais da sua expressão ao ter falado isso ou a própria frase.
- Que evolução. Para alguém que não conseguia falar "seio" sem corar. - Ela desvia o olhar e eu percebo que vai mudar de assunto.
- Já não deveríamos estar a caminho?
- Sim, deveríamos. - Lhe estico o braço e ela o entrelaça, então andamos juntos até a carruagem.
*
- Meu deus do céu, que escuro! - Rio quando a carruagem começa a andar e saíamos da parte iluminada da propriedade.- Tentar acender uma vela aqui seria meio difícil. - Eu poderia jurar que conseguia ver a sua careta para mim. Em momentos assim era tão fácil esquecer que qualquer coisa tinha acontecido.
- Você é insuportável. Me diga, como você me pediu em casamento? Eu espero que com flores. Brancas. Adoro flores brancas.
- Eu nunca te pedi em casamento. - O pai dela, talvez, ela nunca. - Nunca precisamos disso. Sabíamos que íamos nos casar antes dos doze anos de idade.
- Nunca namoramos ninguém antes? - Com essa eu tive que rir.
- Amor, se você tivesse namorando alguém antes, nosso casamento realmente seria um escândalo. - Acho que escuto ela murmurar algo como "machismo", porém não tenho certeza. - Mas, também, nunca precisamos namorar mais ninguém.
- Nunca? Nunquinha, Malik? Nem mesmo antes de nós casarmos? - Quase me sinto ofendido.
- Nunca, Aria. Ninguém.
- Nem depois? - Agora eu estava ofendido.
- Você tem uma ideia tão ruim de mim assim? - Pensando bem, ela não deveria ter ideia nenhuma de mim.
- Oh, qual é, Malik. Não é possível que ninguém tenha tentado alguma coisa . - Ela queria dizer que eu era atraente?. - Está difícil para mim não tentar.
- Tentaram, sim... Mas tem uma diferença de você para as outras.
- Oh, tem? - Percebo a dúvida e a curiosidade em sua voz e sorrio, percebendo que a carruagem estava parando, murmuro segundos antes do cocheiro abrir a porta.
- Elas apenas tentam, você conseguiria.
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Beyond Time - Zayn Malik
RandomCom uma das piores tragédias do ano de 2025, muitas pessoas ficaram desaparecidas e raramente foram encontradas. Uma dessas pessoas foi Aria Moroe, uma estudante de medicina de 22 anos, que foi arrastada pela água como muitos outros. Naquela manhã...