Capítulo 13: Neguei.

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A R I A

Vamos ver o Liam, então.

Agora eu te pergunto, para que?

Sigo Zayn com bem menos da metade do seu entusiasmo e minutos depois estamos na propriedade do Liam. Notei que éramos basicamente vizinhos.

- Senhor Malik. - A emprega o cumprimenta alegremente ao abrir a porta, porém seu tom é bem menos alegre ao me ver e se referir a minha. - Senhora Malik. Devo chamar o senhor Payne? - Zayn concorda e logo em seguida somos guiados para a sala.

Zayn senta como se a casa fosse dele e eu me acomodo em seu lado.

- Você faz sucesso até com as empregadas de outras casas... - Provoco, cutucando suas costelas com o meu cotovelo. Percebo um uma sombra de sorriso em seus lábios, porém nada mais que isso.

- Pare, não é pra tanto. - Ah, claro. Quase rio.

- Pelo amor, eu nunca vi pessoas tão tristes por me verem. Todas ficaram decepcionadas por você não ter enviuvado tão cedo. - Ele iria me "repreender" por brincar com isso, mas Liam entra na sala.

- Malik, Aria. - Ele cumprimenta alegremente. - O que devo o prazer da sua visita? - Percebo o tom sarcástico da sua voz. Ele estava provocando o Zayn.

- Então... - Zayn explica rapidamente e no final Liam suspira.

- Eu poderia falar com a Aria a sós, por favor?

- Hã, sim... Claro. Eu vou estar logo ali. - Isso foi pra mim. Okay, um jeito de fugir.

Quando Zayn sai da sala, Liam se vira pra mim e é direto.

- Eu não sei o que o Zayn espera de mim, mas a verdade é que eu não sei se suas memórias vão voltar aos poucos ou simplesmente nunca voltarão.

- Eu sei disso. - Falo com total certeza. Não tinha memórias para voltar. Elas não voltariam.

- O problema não é bem esse... - Liam fala quase que exasperado. - Você está aceitando isso, o Zayn não. Estou preocupado que se você nunca voltar ao normal, ele também não volte. - O que seria "normal"?

- Não tem muito o que eu posso fazer...

- Nem eu. - Ele concorda dando de ombros. - Eu acho que ele espera que eu consiga descobrir alguma coisa, mas eu não consigo. Nem você. Eu não sei o que fazer.

- O que você acha que eu deva fazer?

- O problema é esse, não tem nada a ser feito.

- Por que estamos conversando isso então? - Liam parece desesperado, preocupado com o amigo e eu não sabia como conforta-lo.

- Para ganhar tempo. Eu não sei como falar pra ele que não tem nada que eu possa fazer! - Começo a pensar.

Eu estava cursando medicina, porém eu não tinha me especializado em nada, sendo assim, eu não tinha um amplo conhecimento sobre o assunto, apenas o que eu podia considerar senso comum ou o mais lógico.

- Já pensou em terapia? - Ele levanta os olhos do chão e me encara.

- Para ele? - Controlo a vontade de o bater.

- Não, Liam, para mim. Pode ajudar. - Eu sei lá se podia.

- Talvez... talvez você tenha razão. - De novo, não tinha a mínima ideia que eu tinha.

- Você tem experiência nisso? - Ele faz uma careta.

- Nenhuma.

- Finja que tenha. Marque umas consultas e eu venho. Podemos não fazer nada ou tentar descobrir algo melhor. - Liam me olhava como se nunca tivesse me visto antes.

- Ele sentiria que alguma coisa estava sendo feita e ao mesmo tempo podemos realmente tentar encontrar uma solução. - Concordo, mesmo que eu não sei como o poderia ajudar sem deixar escapar alguma informação. - Vou mandar algumas cartas para uns amigos meus... Perguntando sobre perda de memoria, pancadas, traumas, transtorno de personalidade...

- Transtorno de personalidade? - Pergunto interrompendo seu raciocínio.

- Você definitivamente não está com a mesma. - Meu deus.

Ele percebeu isso em menos de duas semanas.

Eu viria pra essas sessões e teria que avaliar cada palavra que saísse da minha boca.

Agora era torcer para ele não me internar.

*

- Terapia? - Zayn me pergunta enquanto voltamos para casa.

- Sim, ele acha que isso pode ajudar... - Ele concorda e de novo, me sinto culpada por o estar enganando.

- Tudo bem, então. Terapia. - Acho que iríamos ficar nessa por um tempo.

- Temos que ir direto pra casa? - Eu estava tão absorta em meus pensamentos que em nenhum momento eu parei pra pensar o quanto incrível aquilo também era.

Sim, era horrível, mas ao mesmo tempo, eu estava em uma época totalmente diferente. Com coisas e costumes diferentes... Eu poderia aproveitar um pouquinho antes de ir embora.

- Hã, acho que não... O que você quer fazer? - Eu não sabia o que tinha pra fazer.

- O que, hum, eu... - Falar eu era estranho. - Mais gostava de fazer? Onde a gente ia?

- Geralmente... comer. - Tive que rir com essa.

- Certo, então vamos comer. - Eu também não imaginava o que mais tinha pra fazer.

Discotecas? Não, isso era anos 80. Nada que envolvesse energia poderia ser feito, então, literalmente só sobrava comida.

- Você gostaria de trocar de roupa ou vamos direto? - Trocar de roupa? Olho pro meu vestido. Era basicamente igual a todo outro do meu guarda roupa.

- Não, assim está ótimo. Menos se você quiser passar e pegar o Eddie.

- Ele deve estar estudando...

- Com a sua admiradora ou a senhora com cara e humor de bruxa? - Percebo a careta em seu rosto e sorrio.

Eu iria provocar ele com isso para sempre.

- Pare, ela não é minha admiradora.

- Sim, é sim. - Sorrio. - Já conversamos sobre isso, senhor Malik. Inclusive, eu aposto que vai ter pelo menos mais duas onde formos comer... estou certa? - Ele corou.

Zayn Malik corou.

Zayn Malik, o mesmo que literalmente redefiniu minhas definições de pegada e outras coisas corou.

Corou.

Do tipo de ficar com as bochechas e o pescoço rosadinhas.

Certo, isso já serviu como um incetivo a mais para aproveitar esse século.

- Talvez tenha.

- Eu sabia! - Rio.- Mas, assumindo pela cor da sua pele, alguma já tentou algo a mais? - Ele desvia os olhos dos meus e eu tenho a minha resposta.

- Eu neguei. - Sorrio.

Eu não esperava resposta diferente. Zayn parecia ser cego para as outras mulheres além da sua. Era fofo. Quase inacreditável, mas fofo.

- Claro que negou.

Beyond Time - Zayn MalikOnde histórias criam vida. Descubra agora