Z A Y N
Eu estava surtando a, literalmente, dias.
Eu não comia, eu não dormia, eu não bebia água, nada. Ontem foi um dos memoriados a todas as pessoas que sumiram ou morreram graças a chuva que fez o rio transbordar. Várias pessoas estavam na margem, ou muito perto aquele dia e não conseguiram se salvar. Ou por causa da chuva, dos raios, ou por causa do rio. Uma dessas pessoas foi a minha esposa.
Eu não sabia como olhar para o meu filho de três anos que me perguntava todo dia cade a sua mãe. Como eu poderia falar para ele que era muito provável que ele nunca mais a veria?
Edward estava na casa da minha mãe e eu pretendia que ele ficasse lá o máximo de tempo que pudesse.
Estava agora pegando o meu casaco para sair em um dos grupos de buscas, se bem que agora estavam cada dia mais poucos. Já tinham desistido de achar os que ainda estavam sumidos.
Escuto baterem na porta e quase deixo seja lá quem estiver lá fora congelando, porém poderia ser minha mãe. Edward queria voltar para casa, eu não poderia ser tão negligente com o meu filho.
Assim que percebo ser Liam nem me dou o trabalho de olhar para os outros.
- Agora vocês dormem e eu procuro. Eu já dormir. Três horas. Foi o suficiente. - Resmungo e dou as costas, indo atrás do que eu precisaria para ficar na floresta de madrugada pelas próximas não sei quantas horas.
- Certo, vocês resolvem isso depois, eu gostaria de ir para casa agora. - Viro minha cabeça tão rápido que se minha irmã menor estivesse aqui, teria me chamado de coruja.
Dou um passo em sua direção ainda sem acreditar no que estava vendo. Ela estava aqui.
- Malik... - Liam me para e eu o encaro, desviando pela primeira vez minha atenção de Aria.
- Liam? - Pergunto e quero acrescentar um "qual é o seu problema?" - Me solta.
- Eu acho que ela perdeu a memoria, Malik, a gente precisa conversar. - O encaro confuso. Como?
O sigo, mas estava extasiado. Olho uma última vez para a sua figura na minha sala, na nossa sala, com medo que se eu fosse para outro cômodo Aria sumisse.
- O que você quis dizer? - Pergunto assim que chegamos na sala do lado. Eu não iria para mais longe.
- Ela não sabia o meu nome e o do Niall, quando a gente a achou ela não nos reconheceu. Ela não sabe onde está, Malik, e eu duvido que ela sequer lembre do seu nome. - Eu precisei de um apoio depois dessa.
Seguro firme na mesa de ébano na minha frente e o encaro.
- O que podemos fazer? - Liam era médico, afinal.
- Eu não sei. - Não consigo controlar meu punho e a mesa recebe um soco. Liam suspira. - Não é minha culpa, Malik, isso é algo confuso para a medicina.
- Não tem nada que possa ser feito?
- Não. O pouco que sabemos é que isso é gerado por uma batida na cabeça e pode ser que as memórias voltem com o tempo, ou... - Sua voz morre e eu o encaro.
- Ou?
- Ou nunca voltem.
Meu deus. Se ela não se lembra de mim, Liam ou Niall quais seriam as chances dela se lembrar de Eddie? O que eu falaria para ele?
- O que eu vou fazer, Liam? - Pergunto e eu mesmo escuto o desespero da minha voz. Éramos casados a quatro anos, tínhamos um filho de três e ela sequer lembrava o meu nome.
- Eu queria poder ajudar, Zayn. - Ele fala e eu sei que é verdade. Eu nunca duvidaria desses caras de novo, o que eles vinham feito para mim nesses últimos cinco dias eram impagáveis. - Zayn?
Levanto a cabeça e o encaro.
- Ela está viva, cara. Isso é o que importa. - Ele tanta me animar e eu respiro fundo.
- Eu sei, mas como eu vou poder viver sabendo que ela não se lembra de mim? Que ela não me ama? - Ela não se lembrava do nosso casamento, dos anos que escapávamos juntos, de como construímos nossa casa ou muito menos do nosso filho.
- Ela já se apaixonou por você uma vez, Malik, a segunda é fácil. - Eu queria acreditar nisso, mas estava difícil.
Ele bate nas minhas costas e passa pela porta atrás da gente. Seco uma das lágrimas que sem eu perceber tinha derramado e olho para cima.
Ela estava viva. Era o que importava.
- Meu Deus, essa pintura realmente parece comigo. - Ela estava falando da pintura do dia que Edward pode sair de casa pela primeira vez.
Estávamos tão ansiosos nesse dia. Será que ele iria gostar? Será que choraria?
- Não force nada, Zayn. Dê as informações gentilmente. - Ele murmura e acena para Niall, ambos se afastam e se despedem de mim e dela.
Quando Aria me encara eu suspiro. Teria que tomar a frente.
- Hã, obrigada por me deixar ficar aqui, mas eu realmente quero ir para casa. Você pode me emprestar dinheiro? - Percebo o sotaque dos soldados americanos em sua fala e fico ainda mais confuso.
Ela nunca deve esse sotaque. E que casa ela tanto falava? A da sua mãe? Será que ela ao menos se lembra do incêndio da propriedade dos seus pais ou nem isso?
- Aria, você está em casa. - Falo da forma mais doce que eu consigo, porém ela me olha divertida.
- Não, eu não estou. Eu não moro aqui. E onde estamos, exatamente? - Eu não iria conseguir fazer isso sozinho.
- Reino Unido... - Eu ia falar o resto, porém ela me interrompe.
- Como diabos isso é possível? - Sinto que ela não tinha falado comigo e sim sozinha. - Estamos em 1850, no Reino Unido?
- Sim. - Concordo. - E você mora aqui. Comigo.
- Oh, meu Deus... Quem vocês pensam que eu sou? - Quem ela pensava que era?
- Aria Marie Moroe. - Respondo calmamente. - Ou pelo menos é seu nome de solteira. - Ela provavelmente não se lembrava do Malik.
- O que você quer dizer com o "nome de solteira"? - Deus.
- Que você é casada. Comigo. Então você, a pelo menos quatro anos, tem o Malik no nome.
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Beyond Time - Zayn Malik
De TodoCom uma das piores tragédias do ano de 2025, muitas pessoas ficaram desaparecidas e raramente foram encontradas. Uma dessas pessoas foi Aria Moroe, uma estudante de medicina de 22 anos, que foi arrastada pela água como muitos outros. Naquela manhã...