18 - Oitavo dia

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Hello, súditos, seguinte: Meu PC lindo parou de receber wifi, não sei pq, "formata pra ver se volta" agora sem word e wifi, escrevi esse capítulo no cllr, então perdoem se não ficar na qualidade que todo mundo acostumado. Eu fiz revisão, espero não ter erros grotescos
Espero que gostem <3
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De todos os dias, Lena poderia caracterizar esse, com toda a certeza, o mais movimentado. Mesmo em sono profundo, atrás de paredes espessas e portas fechadas, poderia ouvir muito bem o repercutir das conversas paralelas dos convidados que passeavam pelo Palácio El. As risadas ou exclamações tornaram-se mais altas com o passar dos minutos, possivelmente mais nobres chegavam a cada minuto. Ela temia em algum minuto ter pelo menos três hospedeiros em seu quarto, afinal, o lugar era tão grande para caber tantas pessoas?
Seus pensamentos ficariam concentrados em acordar, atender às batidas na porta e desejar feliz aniversário a sua noiva.
— Alteza, é Sofia.
O título vinha sendo usado há algum tempo pela criada, mas isso ainda parecia surreal. Se dirigira a vida inteira para eles – os reis - assim, agora dirigiam-se por um título assim à ela. 
Alteza.
— Espero não estar atrasada para nada — Disse, sua voz ainda estava rouca do sono recente. A empregada sorriu, compadecida.
— Nada que prejudique sua estadia aqui, Alteza, mas se me permite, posso preparar logo seu banho?
Aquela história de ter que depender de alguém deixava-a apreensiva, chegaria um dia que nem mesmo conseguiria se alimentar sem que alguém fosse dando em sua boca? Possivelmente. Mas haveriam ainda alguns bons anos para ser totalmente dependente de alguém. Simplesmente acenou em afirmação, não saberia aonde encontrar água no castelo ou os sais, nem mesmo os baldes, se é que haveria uma sala apenas para baldes de banho.
— Sua alteza Kara deixou-lhe uma muda de roupas para usar em sua programação de hoje — Sofia falava enquanto derrubava os baldes de água, possivelmente mornas, na banheira que durante o dia servia apenas como enfeite, Lena a achava extravagante demais. — A princesa Elizabeth irá chegar logo para que façam o que devem fazer
— Não passarei o dia com Kara?
Sofia riu, mas Lena esperava mesmo passar o dia com a loira, mimá-la e quem sabe roubar alguns doces. Talvez a princesa pedisse chocolate como sobremesa, ainda sonhava com o dia em que provou aquela especiaria tão deliciosa. Faria de tudo para ter mais uma prova do céu.
— Não na parte da manhã. Nem mesmo os irmãos poderão vê-la, Alteza, Os Braços de Rao chegaram antes do primeiro raio de luz, eles sim guardarão a princesa nos primeiros minutos do seu nascimento, ou aniversário
Os Braços de Rao, eram assim nomeados, pois suas funções  incumbia cuidar dos filhos de Rao, seu deus. Eram homens e mulheres que abdicavam de sua vida para servir o Sol, o dono da luz e senhor das colheitas e acolher pessoas comuns em seus braços. Por mais religioso que fosse seu reino, Lena era tão desligada quanto a lua. Respeitava a devoção ao Sol, as vezes até clamava a Rao, mas não iria ao extremo de se tornar uma Filha de Rao e ir morar no Ninho.
— E o que farão nesse meio tempo? — Sabia dos guardiões do Ninho, porém seu conhecimento sobre o que faziam se resumia a orações à Rao.
— Ah, Alteza — Começou Sofia, suas mãos lentamente soltavam os nós do cabelo negro de sua senhora. — Meu conhecimento nisso se resume as conversas nos corredores. É uma tradição, a Família El pode sim ter membros muito ligados à religião, mas grande parte faz isso apenas para se manter ligado ao povo. Religião e poder andam juntos, por mais que ninguém goste disso. Em El há muitos religiosos, mas podemos ter casamentos como o seu e da princesa, isso porque os avôs de Kara foram espertos e fizeram um pacto com Os Braços de Rao, Kara faz apenas aquilo que mandam
Seus olhos acompanharam o movimentos de suas mãos na água, era exatamente o que fazia com seus pais, não fosse por eles, não estaria ali sendo banhada por uma serva, provando especiarias e vestindo seda. Talvez obrigarem-na a vir tenha sido a melhor coisa que os Luthor fizeram em toda sua vida.
Do outro lado do corredor, Samantha conversa quase a mesma coisa, dentro da sua própria banheira e no aguardo do príncipe Caspian. Segundo sua serva, o loiro viria também com assuntos desconhecidos a tratar.
— Seu nome é Ahya, certo?  — Perguntou, branda. A mulher ao seu lado, de cabelos extremamente loiros, olhos azuis e pele tão branca quando Lena, confirmou relutante.
— Na verdade, alteza, é Ahyanå, mas é complicado demais falar em seu idioma, por isso Ahya
Sam pôs a mão no queixo, como se pensasse, mas na verdade já possuía todas as conclusões muito bem anotadas em sua mente.
— Acha que não sei Vranguiano? — Murmurou divertida, sua lista de idiomas estendia-se muito mais que El e Estelliano. A garota arregalou os olhos pela constatação, o que causou mais risos a Samantha. — Só há um lugar em todas as terras que retém esse sotaque, além do mais, você é loira, olhos azuis, alta, bonita, simétrica e calada. Vrangs é tão horrível em sua criação quanto Daxam, estou errada Ahya?
A estrangeira apenas negou de cabeça baixa, aquilo irritou Samantha, conhecia muito bem o reino que fazia fronteira com o seu, ser mulher em qualquer lugar que não fosse Estella ou El era um mártir.
— Acho que não queremos fazer o príncipe esperar, o banho acabou. — Informou, levantando-se da banheira e cobrindo sua nudez.
Kara tentou não fazer careta pelo gosto amargo, a mulher tinha instruindo-a para não abrir a boca, entretanto seu instinto foi limpar o óleo que derramava em seu rosto, era algo tão horrível que assemelhava a café mel ou sopa nem tempero. A princesa respirava fundo, havia feito essa cerimônia vinte e duas vezes ao logo de sua vida, só não conseguia sentir-se bem com quatro sombrios Braços de Rao olhando-a como que vissem todos seus pecados. A cada ano um quarteto diferente apresentava-se as portas do castelo, sempre vestidos com roupas de tecidos grotescos, rasgados e descalços.
As mulheres com os cabelos curtos e os homens com cachos que iam até o quadril. Uma das características mais marcantes, queriam provar que faziam literalmente tudo ao contrário das pessoas comuns, Kara imaginava se eles respiravam de outra forma, ou um ar diferente.
— Rao derrama sua glória em sua alma, vemos caminhos tão conturbados em sua vida, mas ao mesmo tempo, prosperidade — Disse a mulher de pele negra, seus olhos fechados enquanto derramava mais unto na Herdeira do trono. Os outros três tinham os dedos das mãos entrelaçados em um triângulo, o formato de El.
Kara puxou mais ar, sua vida era tão agitada, não conseguia imaginar uma forma de tornar-se ainda mais.

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Até a próxima att

Fios de ouroOnde histórias criam vida. Descubra agora