24 - Décimo dia

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Hello súditos :3

Turubom? espero que sim

Espero que gostem <3

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— Acho que nunca me senti assim em toda minha vida, parece que estou deitada em uma nuvem — O sussurro de Kara interrompeu o confortável silêncio. Ela acariciava as mechas negras de Lena há alguns minutos, as vezes seus dedos embaralhavam com os fios tênues, era uma sensação de relaxamento.

— Uma nuvem? — Lena levantou a cabeça, precisava entender se Kara realmente falava sério. — Já tocou em alguma?

— É claro que não — Respondeu, as duas viraram uma de frente a outra, sem se importar com a forma que seus corpos se encontravam, sem roupa. — Mas nos meus mais profundos devaneios infantis, sim. Toda criança sonha em voar como os pássaros e tocar aquelas nuvens branquinhas.

A morena surpreendeu-se. Aquela era a primeira citação da loira sobre a infância. Era complicado saber sobre a infância da princesa Kara El, ela era mais velha então os relatos não foram vividos por Lena, sabia apenas da sua adolescência para a fase adulta. Por mais que os soberanos fossem donos das canções e histórias em rodas nas vilas, ninguém tinha total certeza sobre o que era contado de boca em boca. As vezes alguém pode divagar nos contos, acrescentar detalhes ou atos heroicos por favoritismo.

Antes de checar Luara piamente, seus relatos sobre a princesa resumiam-se em uma loira esnobe que odiava todos os subordinados. Porém, ao chegar, notou uma realidade invertida. A morena era, possivelmente, o membro mais amável daquela família. Pelo pouco que esteve no castelo, percebeu a princesa presa entre livros e sonhos de um príncipe perfeito. Nada como contavam. Por isso, não era recomendado acreditar em tudo o que se ouve ou lê.

— Nunca falou sobre sua infância — Kara congelou o carinho, suas mãos eram mais interessantes que as perguntas estampadas nos olhos verdes.

— Não há nada de intrigante na minha vida antes da adolescência, apenas que foi traumática — deu de ombros, suas mãos juntaram ao corpo.

— Aposto que há, uma princesa como você tem muitas histórias para contar. Acharei qualquer coisa que disser cativante.

A loira suspirou, não gostava de citar aquela parte da sua vida, por ela jamais tocaria naquilo, mas como negaria algo para aquelas olhos, aquele sorriso, aquela Lena?

— Quando nasci, houve uma festa no castelo. — Ajeitou-se melhor na cama e puxou o lençol, não queria estar exposta fisicamente enquanto abria-se mentalmente. — Todos imaginavam... imaginavam que eu fosse um menino — prendeu os olhos em suas mãos nervosas. — Foi difícil ouvir e ver todos me vestindo com roupas masculinas, cabelo curto e se referindo a mim como ele, o. Brincadeiras com os garotos no castelo também eram desinteressantes. Eu não me sentia... eu. — Bagunçou o cabelo. — Graças a Rao, quando completei treze anos, meus seios começaram a nascer. Os curandeiros ficaram mais confusos que meus pais. — Suspirou. Lembrava do senhor que a atendeu, sua cara de surpresa ao notar o que acontecia ficaria para sempre em sua memória. Ninguém sabe lidar com o diferente. — Todos eles recomendaram métodos para anular a... anormalidade — sua voz se amargurou na última palavra. — Meses depois, cansados de tentar entender os sábios e médicos, meus pais chegaram para mim e perguntaram "Quem você quer ser?" — Seus olhos tinham uma borda brilhosa, lágrimas que queriam atender ao chamado da gravidade. — Kara El.

Era o motivo de sempre preferir vestidos, joias e toda a parte delicada em ser ela. Tinha orgulho da sua feminilidade, de ser mulher, pois foi um objetivo difícil de ser alcançado e demandou uma onda de sofrimento por anos. Mas agora conquistado, jamais abaixaria a cabeça e aceitaria qualquer outra coisa que não fosse ser Kara El, a herdeira de El.

Sentiu a delicada mão tocar seu rosto, virando-o para o encontro de Lena. Sua face transmitia um pedido silencioso de desculpa, havia sido uma péssima hora para perguntar sobre. Mas nada que um beijo não curasse, eles são a porta de almas, assim como os olhos são as janelas.

No encontro de lábios, Kara sorriu.

— Sinto muito, por tudo. — Não sabia se, se desculpava por tocar no assunto, ou pelo o que as pessoas fizeram e fazem a loira passar. Seria impossível tentar compreender o que alguém que não se identifica com aquele corpo sentia, afinal, jamais passara por algo do gênero, mas poderia compadecer com a causa, com o sofrimento do outro.

— Obrigada, significa muito pra mim — Os olhos azuis brilhavam, felizes por admirarem a escolha, Lena havia sido perfeita, na medida da humanidade.

Preferiram não retornar à festa, precisavam de um momento a sós, longe de nobres que comeriam até mesmo o cozinheiro cozido ou refogado. Preferiram o conforto que uma proporcionava a outra, o suporte e atenção até mesmo na forma de respirar. Preferiram estar nos braços de quem amavam.

Do outro lado do palácio, na área mais usada pelos criados, havia outro casal deitado no aconchego de uma casa, não tão macia, mas recheada de amor. Sofia contornava os gominhos salientes de seu marido. Poucos sabiam que a criada era casada, algo assim não era interessante de comentar nos chás de princesas.

— Max — chamou o rapaz, esse respondeu com apenas um ruído. — Se houver guerra, você irá?

Apenas leigos não notavam o que pairava sobre suas cabeças. Os boatos corriam como fogo em palha, o último relato era dos daxamitas atacando uma nova tropa de soldados, a região era tão ao Norte que preocupava, era impossível passar sem ser notado por El. Aquela afronta não sairia impune por Zor, as vantagens de contar com um dos maiores exércitos conhecidos era poder enfrentar quem quisesse. Porém, o rei precisava da aliança com Vrangs, duplicar os números ajudariam a El não ter muitas perdas, e o que mais preocupava Sofia era seu marido ser convocado.

— É impossível negar um chamado, mulher. Ou vou, ou morro como desertor.

Ela abaixou os olhos, não aguentaria perder sua metade, o amor da sua vida. Max era encantador, tinha os olhos castanhos escuros, o maxilar tão bem desenhado e músculos definidos pelos anos de trabalho braçal. Os olhos... mesmo em tom castanho, havia um detalhe que fariam qualquer um desmaiar, um filete do castanho era cortado por um azul escuro, era tão profundo e único. Como o céu a noite.

Sofia sabia que era sortuda em ter um homem daqueles apenas para si.

— Zor, querido, não acha que está bebendo demais por esses dias? — Eliza interrompeu o rei, ele enchia mais uma taça, era a número incontável, até porquê, no meio na festa o rei perdeu a capacidade de contar.

— Está bebendo como se não houvesse amanhã — completou Alura, era irresponsabilidade no marido ficar em um estado tão deplorável como tinha estado nos últimos dias.

— Se fossem meus últimos dias, você choraria e me permitiria beber até afogar — retrucou amargo, Alexandra revirou os olhos, teria que levar um velho bêbado para o quarto, outra vez.

— Eu ajudo. — Margaret sussurrou para Alex. O que só a tirou mais do sério, não precisava de uma distração no caminho do salão até o quarto real. Mas daria o braço a torcer, poderia pôr Maggie para carregar o adormecido Alexander.

Caspian negou com a cabeça, tinha um pouco de vergonha pelo o que o pai fazia, mas ele era o rei e tinha o poder de fazer o que quisesse. Mas se dependesse de Ian, não por muito tempo.

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Genti, evitem comentários chatinhos pfvr, sei lá, adoro criticas construtivas, mas eu tô até evitando ler comentários por essas atualizações pra não desmotivar. Tenho que me lembrar que acima de tudo, estou escrevendo esta fic pra mim :3 Obg pela compreensão, amo vcs 

e não, nas notas nem nas considerações finais eu ligo ñ pra grámatica, é legal :> 

Até a próxima att <3 

Fios de ouroOnde histórias criam vida. Descubra agora