19 - Oitavo dia

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Hello súditos, chegay
Chega um momento na vida da escritora que a preguiça pra revisar é maior que a vontade de ter tudo perfeito ksksks
Boa leitura, espero que gostem :"3
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Sofia deixou em sua cama algumas peças; uma calça e camisa pretas, além de um colete de couraça muito duro. Sua mente divagou para as possíveis explicações que levariam Kara enviar vestimentas tão inusitados, mas a única coisa que conseguiu fora mais perguntas. A serva auxiliou a forma correta de posicionar seu corpo no traje, também adicionou os sapatos de cano longo, porém sem salto, algo que agradecia pois não suportava mais saltos finos.
Poucos minutos após pronta, Elizabeth deu leves toques em sua porta.
— Espero que tenha tomado café — A loira lançou um sorriso despretensioso, aquele que causava arrepios em quem conhecia aquela garota de nove anos.
— Sofia trouxe há um tempo. O que exatamente você faz aqui? — Questionou, notando que a princesa vestia os mesmo trajes, apenas de cores diferentes e uma espada na cintura.
A loirinha aumentou o sorrisinho, Kara realmente não havia instruído as mulheres sobre nada. Caso fosse seu assunto, até se importaria pela forma leiga que Lena e Sam vagavam por sua casa, mas não era comprometida, apenas com Tân e sua vontade de ingressar no exército. A ideia de treinar Lena com o animal a divertiu, mesmo que sua irmã jamais aprovasse uma "corrida" como aquela.
— Caspian está ali — apontou para o outro lado do corredor, onde Samantha recebia o braço estendido do louro.  — Os únicos guerreiros desocupados o suficiente para ensinar as novatas da família a sobreviver — A forma como falava, Lena poderia muito bem enxergar o orgulho que a pequena sentia em apresentar-se com tal título, não via algo assim nem mesmo em Alex. A maioria deles apenas aceitava a função, alguns gostavam, outros não, mas Elizabeth amava.
— Receio não ser algo sobre segurar as talheres corretamente — se Ian e Liz estavam ali, futilidades seriam descartadas.

Seu rosto bateu no chão de areia, quando se pensa no material, jamais imaginaria que machucada tanto, mas Lena tinha ardor por todos os machucados no corpo que provavam a aspereza dos grãos. O lugar que mais reclamava era o lado esquerdo da bochecha, a lâmina da garota de nove anos lambeu em um movimento ágil, o corte deixaria marca, segundo a princesa.
— Ainda não entendo o motivo disso, há guardas protegendo a todos nós  — sua voz ofegava, o salgado do suor causava-lhe mais dor, porém Elizabeth aparentava ter acabado de sair do banho.
— Guardas. Não pessoas de confiança. Ninguém confia neles, seu único líder é o lado que ganhar. A Família Real não confia neles, por isso aprenderemos a nos defender desde os primeiros passos, meu primeiro presente foi essa espada.
Seus passos pareciam dançar na areia, sutis e delicados como qualquer princesa, mas em sua própria dança. A dança da sobrevivência.
— Como exatamente vocês treinam se não confiam em ninguém além da família? — Choramingou ao sentir um chute em seu joelho, de acordo com o entendimento comum, a adulta, mais alta e mais forte venceria, entretanto, Liz usava seu tamanho como vantagem.
— Quando começamos a andar, somos jogados nessa arena — girou o corpo pelo círculo com diversos pilares sustentando a abertura para o céu. — Uma espada e um assassino, ladrão ou estuprador, vai da sorte de cada um — deu de ombros, parecia nem estar acabando com a roupa nova da morena e a dignidade. — pra não intervir, eles tem a boca costurada, só tiram a linha para comer. Treinamos dia e noite, até o seu aniversário de quinze anos, que é quando matamos o “instrutor” provando que apenas a família importa. Caspian e Alex fizeram, foi muito interessante de ver. Mas a situação não é essa, estamos aqui para seguir a luta, você é horrível.
Lena ofegou em ironia, talvez faltasse alguns fios, ou pedaços de pele, pedia a Rao que encerrasse logo aquela tortura.
— Eu desisto. — Lançou a arma no chão, virou de costas e caiu de cara na areia.
— Durou mais do que o esperado — resmungo a garota, seu corpo se projetou ao lado de Lena. —, mas em uma verdadeira luta, não há como desistir, ou você luta, ou você morre.
Como se não fosse humilhação demais apanhar de uma garotinha de nove anos.
Liz saltitava as imperfeições do castelo como uma garotinha serelepe, Lena estava confusa, há pouco essa mesma garotinha deixava uma cicatriz em seu rosto. Os El pareciam ter aquela mesma característica, uma hora eram totalmente amáveis, outra soberanos do maior reino e assassinos frios. Iam de extremos, mas equilibrados o suficiente para viverem como pessoas normais, a maior parte do tempo ao menos.
Ao som dos pulos da princesa Elizabeth, se adicionou a risada de Samantha.
A morena não parecia muito diferente, tirando a falta do machucado na maçã do rosto, seu corpo estava mancando e a vestimenta revestida de sangue seco e rasgos perfeitamente alinhados. Caspian ia ao seu lado, na mesma tranquilidade que a irmã.
— Treinamos com espadas de madeira e com as não amoladas! — comentou Samantha, indignada. Seu corpo parecia ter saído de uma guerra.
Lena alçou a sobrancelha.
— A mesma espada que ela usa para matar, usou em mim, quer comparar?
— Kara não merece meu carinho. — Afirmou a Estelliana.
— Ela vai pagar, só precisamos descobrir como. — Lena retrucou.
A herdeira de El remexia seus botões, o manto de veludo caia muito bem, cobrindo seu ombro e busto, muito semelhante ao que seu pai usava. Em poucos minutos entraria na sua festa, a primeira da noite; nobres importantes vieram de regiões distantes, até mesmo Lauren de reino diferente, para comemorarem mais um ano da princesa. O segundo era algo particular, além de receber os aspiradores a religiosos.
Sua ansiedade era devido ao não aviso de treinamento sobre Sam e Lena, era algo que havia esquecido totalmente, fugido da memória. Só veio se tocar disso quando caminhou por entre o castelo com os quatro Braços e notou a ausência das noivas, além dos irmãos. Iria até se desculpar, mas Alex informou algo sobre uma possível morte “acidental" se o fizesse.
Não queria morrer tão cedo, nem no seu aniversário.
— É mesmo necessário esses malucos na tradição? — Cochichou Alexandra. Como Sofia havia dito, haviam pessoas na família que preferiam viver sem a religião, não entrava em sua racionalidade.
Kara respirou fundo.
— Se quiser me ver sentada no trono, sim. Mas caso esteja tramando usurpá-lo de mim, não.
A ruiva permitiu-se rir, sua função desde que nasceu foi lutar, política nunca seria seu forte.
— É só que, eles se acham os próprios deuses, a única coisa boa que fazem é alimentar os necessitados
Kara entendi o lado racional da irmã, porém temia que sem a fé algo mudasse no povo.
— Kara El.
Todos os seus pelos se arrepiaram.
Alexandra apenas observou Lena chegar mais perto, seu rosto possuía um corte avermelhado, como se tivesse acabado de ser limpo. A garota vinha sozinha, com roupas novas e dignas da celebração, apenas seu humor carregava uma nuvem negra com raios.
— Acho que esqueci de verificar se Liz não matou ninguém — Murmurou a ruiva, pelo o que conhecia da garota, Lena possuía muita garra, o suficiente para matar alguém com um sapato.
— Você está linda — Kara comentou, seus olhos brilharam, Lena realmente ficava deslumbrante em qualquer coisa.
A morena rolou os olhos.
— Essa é a primeira coisa que você fala? Sua irmãzinha me cortou em mil pedaços, e a primeira coisa é como estou linda? Me dê um motivo para não matar você aqui e agora
— Que sem mim o reino não vive... — levantou os braços para demostrar defesa, rendição.
— Eu disse motivo para não matar você, isso não me impede de nada
A loira puxou um bico manhoso, sofrera ameaças piores, mas a forma como os verdes queimavam assustaram mais que qualquer inimigo. Suas mãos seguraram os braços de Lena, descruzando-os facilmente. Ninguém resistia àquela loirinha.
— Eu sou a chave para chocolate infinito? — O sorriso de Lena foi quase suficiente para sentir ciúme, mas aquele sorriso, aquele onde as sobrancelhas de juntavam, o nariz enrugava e as bochechas se repuxavam desarmava qualquer um.
Era encantador de ser apreciado.
— Tudo bem, você venceu. Sua vida está segura por mais um dia  — Brincou, ainda com um rastro de diversão, Kara as vezes parecia saber mudar seu humor.
Surpreendendo as expectativas, a loira aproximou-se dela, pondo sua mão direita na bochecha cortada, acariciando levemente. Não havia como sorrir, respirar, ou pensar em nada que não fosse aquela marca vermelha, que possivelmente acarretaria uma cicatriz sutil, na pele branquinha.
— Sinto muito, Lena — Suspirou. Era injusto jogar pessoas que jamais seguraram uma espada em um treinamento com assassinos.
— Já passou — Não sabia disser como ainda conseguia ficar em pé, aqueles toques eram íntimos demais, mas não davam vontade de fugir, só de apreciar. Sua língua molhou os lábios, sentia o doce da maquiagem que Sofia fez, algo tão natural que jamais saberiam se não chegassem muito perto.
Perto como a princesa estava.
Surpreendendo as expectativas, Kara quem aproximou-se. Tomou seus lábios em um movimento tímido e lento, a mão ainda acariciando sua bochecha. Estavam se beijando com apenas duas portas separando-as de todos os nobres do Reino, o medo torna tudo ainda mais único.
Em algum momento, a aceleração aconteceu, uma voracidade. Nenhuma das duas havia sentindo essa vontade, parecia vir de dentro e queimar sua alma por fora.
Sutilmente, a mão no rosto de Lena desceu, alcançando a curva do seu quadril. Nem saberia dizer quando começou a usar a língua, mas adorava a ideia, era tão diferente, porém tão bom.
— Kara... — Era complicado tentar parar quando mais queria. — Kara!
A loira pressionou os lábios para dentro, formando uma careta.
— Seu aniversário, há pessoas que precisam da sua atenção
Sua animação tinha caído de; não quero. Para; chamem um exército e vejam se me arrastam.
— Você venceu — Choramingou, queria aquela sensação de novo, mas tinha responsabilidades mais importantes. — Eu só... preciso de um minuto...
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Até a próxima att :"3

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