21 - Dolores Frank

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O táxi para na frente de uma mansão gigante, eu já tinha ido naquela parte da cidade algumas vezes. Cristina provavelmente nunca tinha estado ali, a julgar pela sua expressão.

— Vamos!

Edith paga o táxi e saímos juntas. Fico no meio das duas e seguro seus braços, quase como se precisasse de ajuda para andar.

Vamos até o portão, uma moça loira com o rosto entediado olha para nós e pega o que presumo ser a lista de convidados.

Que tipo de festa é essa com lista de convidados? Um casamento? Cristina continua olhando para o local, boquiaberta. Edith parecia inquieta, mas tentava de todas as formas se recompor. Aperto o braço delas com mais força e me dirijo a moça. 

— Boa noite. — Dou o meu melhor sorriso. 

— Seu sobrenome?

— Nash.

A moça passa os olhos rapidamente pela primeira página da lista de convidados e volta a olhar para nós.

— E as outras duas? — Aponta para Cristina e Edith. 

— É o mesmo sobrenome, somos irmãs. 

A moça nos olha de cima a baixo com uma expressão desconfiada, talvez tentando achar semelhanças entre nós. Para seu olhar sobre Edith, ela era muito diferente de mim fisicamente, não podia se passar por minha irmã. 

— A Edith é adotada. — Cristina diz. — Sorrio para ele em sinal de aprovação.

A moça loira suspira e olha ao redor, parece procurar alguém para perguntar se realmente deve nos deixar entrar.

— Podem passar. — Abre o portão e nos apressa. Entramos rápido e com um sorriso no rosto.

A entrada é um jardim incrível, com piscina e enormes caixas de sons. A única coisa que estraga aquele lugar perfeito é o cheiro de bebidas e drogas, mas aquilo me dá uma ideia. 

— Devem ter muitos adolescentes aqui, alunos... — Pego meu celular. — Preciso encontrar provas de que aqui tem drogas e álcool. Charlie não pode dá uma festa para maiores de idade e convidar os alunos, isso com certeza vai causar problemas. 

— Ainda não é o que queremos — Edith diz.

— Mas é melhor do que nada, na verdade prefiro fazer isso do que colocar você em perigo. — Olho para Cristina. — Fiquem longe da Charlie, quando eu voltar tentamos conseguir provas sobre aquilo. Se não der certo pelo menos já vamos ter alguma coisa. 

— Onde nos encontramos? — Cristina pergunta.

— Eu te mando uma mensagem.

Deixo as duas para trás e ando pela mansão. Sempre escondendo o rosto com medo de esbarrar em algum conhecido, mas isso não acontece. Abro a câmera do meu celular e bato o máximo de fotos possíveis de pessoas bebendo e usando drogas. Mas eu precisava ir mais longe, precisava de fotos de um adolescente usando, de preferência um da escola. Isso seria suficiente para provar para o colégio, ou o melhor, para a polícia, o tipo de festa que ela oferecia a menores de idade. 

Passo por uma sala e escuto algumas vozes conhecidas, olho de relance e vejo Layla e Mary, minhas ex amigas. No momento, só consigo sentir pena. Layla está usando cocaína, enquanto Mary e um grupo de mulheres mais velhas gritam e batem palmas. Como elas tinham se deixado influenciar desse jeito? Faço um pequeno vídeo da cena, alguns outros alunos do colégio aparecem ao fundo. Perfeito. No final das contas eu ia ajudar todos eles. 

— Dolores Frank? 

Me viro rápido, quase deixando o celular cair. Kay me olha com uma expressão divertida, os olhos vermelhos e o rosto manchado de maquiagem. Provavelmente também estava usando drogas. Guardo o celular na bolsa e sorrio pra ela. 

— Kay...

— O que está fazendo aqui?

— Nada.

— Eu acho que a Charlie não te convidou, e também acho que vi você batendo fotos do pessoal.

— E eu acho que você está chapada. 

Saio de perto dela e praticamente corro para longe, era certo que ela diria a Charlie que me viu. Mando uma mensagem para Cristina dizendo minha localização, ela responde alguns segundos depois. 

Charlie está com a Edith, estou observando de perto. Por enquanto ainda não aconteceu nada. Estamos perto da mesa de bebidas, venha logo e não deixe ela te ver. 

Charlie Tem Que Morrer | Completo Onde histórias criam vida. Descubra agora