27 - Dolores Frank

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A próxima aula do dia começa, educação física. O professor nos manda trocar de roupa no vestiário e ir para á quadra. Me despeço de Edith, naquela aula teria que enfrentar a Charlie sozinha.

Também queria ter um atestado médico nessas horas.

Me troco rápido no vestiário e vou para a quadra, tentando evitar Charlie.

Uma ponta de esperança estava comigo desde que Edith falou com Patrícia, eu sabia que ela tinha pensado no assunto. Mas no que isso ia ajudar? Nós não tínhamos prova alguma.

O professor separa os alunos e jogamos futebol. Infelizmente fico no time da Charlie, mas tento de todas as formas chutar a bola na direção da cara dela. Ou minha pontaria é péssima ou a desgraçada joga bem, talvez sejam as duas coisas.

A aula termina e vou em direção aos bebedouros, infelizmente acabo esbarrando em Charlie.

- OPA!

Não abaixo a cabeça pra ela. As outras garotas riem, mas Charlie as dispensa com um simples gesto de mão.

- Pode ir para as minhas festas sempre quiser, Dolores, você está oficialmente convidada. Foi muito divertido. - Charlie ri e continua seu caminho, mas seguro o braço dela e não a deixo sair.

- Se você for surtar, me diz pra eu pedir para que alguém te segure.

Eu queria surtar, queria enfiar minhas unhas no braço dele e arrancar sua carne, mas sabia que estava em uma instituição de ensino (mais ou menos) respeitável.

- Por que fez aquilo com a Edith? Ela podia ter morrido.

_ Porque ela ajudou você a entra na festa? - Charlie tira minha mão do seu braço fazendo uma expressão de nojo. Sinto o mesmo.

- Por que levou a Patrícia para ser violentada?

- Você tem provas? Não? Então sou inocente. Você e suas amigas cometeram um grande erro em me desafiar.

- Não tenho medo de você.

- A Edith quase morreu em uma convulsão, a Cristina quebrou o nariz e perdeu a amiga, você levou uns chifres e foi humilhada publicamente, e a Patrícia.... Bem, acho que ela deve ter medo de mim.

Sinto a raiva me impulsionar para lhe dá um tapa, mas consigo controlar bem.

- Eu tenho pena de você, Charlie. Você é doente.

- Sério?

- Você é uma sádica que gosta de ver as pessoas sofrerem.

- E você não faz a mínima ideia do que é sofrimento.

- Você faz?

- Sim.

- O que aconteceu? Seu hamster morreu e você ficou triste?

- Você é uma garotinha mimada que estuda em uma escolinha particular, Dolores. Você fala de mim, mas suas "amigas" me contaram como você era cruel com a coitada da Patrícia antes de eu chegar. Provavelmente nós seriamos amigas agora, se seu namorado não tivesse te traído comigo.

Abaixo os olhos, o baque das palavras dela me faz ter enjoo. Ela tinha razão. Eu já tinha maltratado muito a Patrícia, e provavelmente teria sim sido amiga dela em circunstâncias diferentes.

- Eu nunca levaria uma garota para ser violentada.

- Não vou mais perder meu tempo com você, Dolores. Espere notícias.

- Notícias?

- A primeira será a Cristina , a segunda será a Edith e por último você. Eu gosto de deixar o melhor para o final.

- Do que está falando?

- Segredos.

Charlie sai e me deixa plantada, tenho vontade de correr até ela e perguntar novamente do que estava falando. Mas sei que ela não iria responder. De que segredos ela sabia e como isso ia nos afetar?

Passo o resto da aula pensativa. Me recuso a ter medo de Charlie, mas também me recuso a deixar o que ela disse para lá. Eu já sabia do que ela era capaz.

Eu e Edith saímos juntas, ela tagarela alguma coisa sobre os efeitos do socialismo no mundo moderno e as ideias que teve para o nosso trabalho, mas não presto atenção.

- Sinto muito pelo seu celular, mas tinham coisas comprometedoras lá.

Me viro e me deparo com Kay, a aparência cada dia mais deplorável. Suponho que esteja usando drogas todos os dias.

- Sinto muito pela sua cara.

Fecho meu punho e dou um soco nela, a derrubando em cheio no chão. Simplesmente continuo andando.

- Porque fez isso? - Edith pergunta, um pouco surpresa com minha violência.

- Ela foi um bom bode expiatório.

Charlie Tem Que Morrer | Completo Onde histórias criam vida. Descubra agora