17 - Edith Nash

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Dolores e Cristina vieram para minha casa após o colégio. Depois de desviar das perguntas inoportunas da minha mãe, conseguimos um pouco de privacidade no meu quarto

— Cristina e eu conversamos...

— Claro, vocês sempre me deixam de fora.

— Porque não sabemos se vai querer participar do plano...

— Vão me usar como isca de novo?

— Basicamente sim — Cristina diz e olho para ela assustada.

— Nós duas conversamos muito sobre você e achamos que você consegue fazer isso.

— Você quer dizer que vocês conversaram sobre a minha doença?

— Faz parte.

— Eu não quero ficar em perigo.

— Não vai, nós estaremos com você o tempo todo. — Cristina tenta me acalmar.

— Por que não me deixa explicar o plano e você tira suas próprias conclusões?

— Está bem. — Observo Dolores com cuidado.

No que ela vai me meter dessa vez?

— Nós duas vamos entrar na festa acompanhando você. Vamos nos esconder e ficar por perto, ver qual é a da Charlie. Damos o fora antes das coisas ficarem feias.

— É MESMO? E se alguma coisa der errado para nós, acontece comigo o mesmo que aconteceu com a Patrícia?

— Nós só precisamos de um áudio, uma foto, uma dica, qualquer coisa que possamos usar contra a Charlie — Cristina diz.

— Precisam da foto de um cara me...

— Edith, por favor!

— Não sei se posso fazer isso. É muito arriscado.

— Não vamos deixar nada horrível acontecer. — A frase de Cristina me deixa ainda mais nervosa.

— Você acha que pode fazer isso? — Dolores quase me ameaça.

— Não posso controlar minha doença.

— Apenas pense, a festa é amanhã à noite.

Dolores e Cristina se levantam.

— Eu te ligo mais tarde para saber da sua decisão. Você tem razão em ter medo, não precisa fazer nada se não quiser — Cristina diz, fazendo Dolores revirar os olhos. Tenho certeza que Dolores quer me obrigar.

— Apenas pense na quantidade de garotas que poderemos salvar se conseguirmos provar o que a Charlie faz. — Dolores sorri.

Sim, provavelmente Patrícia não tinha sido a primeira, e com certeza não foi a última. Mas e se a próxima fosse eu? Eu devia confiar nelas tanto assim? O mínimo que desse errado, um momento de distração poderia me custar muito caro. Era extremamente inconveniente e improvável que eu me colocasse em perigo dessa forma. Eu sabia que Dolores estava desesperada por vingança, mesmo que ela negasse isso. Mas também sabia que aquele era nosso único plano, e que qualquer coisa que pudesse ajudar a Patrícia e outras garotas valeria a pena o risco.

Você não é responsável pela Patrícia, nem por outras garotas. Você só é responsável por si.

— Como eu falei, eu te ligo. Você precisa pensar.

Cristina e Dolores saem. Fecho a porta do quarto, esperando que a minha mãe não venha fazer perguntas indesejadas.

— Ela vai aceitar. Se tem uma coisa que sabemos sobre a Edith é que ela gosta de ajudar as pessoas.

— Também sabemos que ela é doente. E isso pode estragar tudo.

— Eu confio nela, Dolores.

— Eu também confio nela, só não confio no cérebro dela. — Sim, a Dolores realmente queria que eu escutasse aquilo.

— Nós realmente precisamos falar sobre a Edith nesse seu plano.

Escuto elas descerem as escadas. Algum tempo depois, minha mãe entra no quarto com um sorriso psicopata no rosto.

— Do que estavam falando?

— Estávamos falando sobre a guerra
das 13 colônias!

— Era pra eu acreditar?

— Olha, mãe. Quais as Chances da senhora e o papai me deixarem ir pra uma festa com as meninas?

— Quase zero.

— É por causa da minha doença?

— Sinto muito.

Ela simplesmente abaixa cabeça, talvez tenha se arrependido de vir tentar descobrir sobre a minha conversa com as meninas. Aquela era uma pergunta que não precisava ser respondida.

Até quando a epilepsia vai me rotular?

Charlie Tem Que Morrer | Completo Onde histórias criam vida. Descubra agora